segunda-feira, 16 de março de 2020

Governo timorense vai pedir ao Presidente declaração estado de emergência


Díli, 16 mar 2020 (Lusa) -- O Governo timorense aprovou hoje pedir ao Presidente que declare o estado de emergência devido ao risco da Covid-19, disse à Lusa fonte do executivo.

Na reunião extraordinárida do Conselho de Ministros timorense foram debatidas várias possíveis medidas, incluindo o encerramento quase total das fronteiras aéreas e terrestres do país, não tendo sido aprovada nenhuma, acrescentou a mesma fonte.

"O Conselho de Ministros reuniu-se no Palácio do Governo em Díli e decidiu solicitar (...) ao Presidente da República que declare o estado de emergência, devido à evolução preocupante da situação epidemiológica e a proliferação de casos registados de contágio de Covid-19 à escala global, que exigem a aplicação de medidas extraordinárias e de caráter urgente para travar a pandemia", indicou em comunicado.

O executivo explicou que foram debatidas várias medidas a serem aprovadas "após a declaração do estado de emergência".

O ministro da Reforma Legislativa e Assuntos Parlamentares, Fidelis Magalhães, disse à Lusa que o Governo debateu "o fecho da fronteira de Timor-Leste" e a intensificação do "controlo da fronteira terrestre com a Indonésia e o controlo da fronteira marítima com os países vizinhos".

"Uma das preocupações é assegurar, ter base legal, para efetuar quarentena obrigatória. Sem ter estado de emergência, o Governo não vai ter os poderes necessários para implementar as medidas de emergência necessárias", afirmou.

Magalhães disse que, numa primeira fase, vai ser feito o pedido ao Presidente e depois de "aprovar a solicitação do Governo", o executivo avançará com medidas concretas.


Durante o dia, Magalhães vai presidir a um encontro dos ministros da área económica para apresentar uma proposta sobre este tema, devido à dependência do país de produtos importados.

Questionado pela Lusa se o fecho das fronteiras bloqueará a vinda de mercadorias, Fidelis Magalhães disse que poderão entrar "barcos com medicamentos, assistência de emergência e necessidades básicas para o quotidiano dos cidadãos".

"Toda a gente sabe que Timor-Leste está numa situação em que dependemos bastante dos produtos que são importados. Mas ao mesmo tempo, a maioria da nossa população vive como agricultores e muito mais vivem de forma de autossubsistência. Timor-Leste vai aguentar e sobreviver com esses cortes que o Governo pretende", garantiu.

Ao confirmar que haverá "exceções restritas", Fidelis Magalhães disse que o encontro de hoje vai analisar a questão de responder às necessidades do país, sendo certo que o "futuro fecho vai dar espaço para a entrada dos produtos alimentares e medicinais".

Na reunião foi ainda aprovada tolerância de ponto aos funcionários públicos em Díli, nos próximos dois dias, para que possam responder ao impacto das cheias de sexta-feira.

Essa tolerância abrange apenas a região de Díli e exclui os serviços essenciais, nomeadamente a segurança, a saúde e a proteção civil, entre outros.

"Os Ministérios indicarão expressamente quais os serviços considerados essenciais. Os funcionários deverão manter-se permanentemente contactáveis, caso sejam necessários ao serviço", indicou o Executivo, em comunicado.

A reunião analisou os danos materiais causados pelas cheias, "com milhares de pessoas afetadas, centenas de desalojados, feridos e um morto".

"Foram analisadas as medidas necessárias para a recuperação dos estragos provocados pelas cheias e os apoios à população afetada. O Conselho de Ministros analisou também um conjunto de medidas a curto e longo-prazo para no futuro minimizar os efeitos das chuvas torrenciais", adiantou.

O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 6.500 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ronda as 170 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 148 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados. Do total de infetados, mais de 77 mil recuperaram.

Timor-Leste está atualmente sem qualquer caso de Covid-19.

ASP // EJ

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