CEDEAO AFIRMA QUE NÃO RECONHECERÁ
ÓRGÃOS INSTALADOS FORA DO QUADRO CONSTITUCIONAL
A Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental (CEDEAO) através da sua Comissão Política para a
paz e segurança, afirmou que não reconhecerá órgãos criados e instalados fora
do quadro constitucional e legais regularmente previstos da Guiné-Bissau. A
posição da organização sub-regional consta num comunicado datado de 01 de março
e tornado público na sua página oficial de internet, esta segunda-feira, 02 do
mês corrente
A CEDEAO reagia assim aos últimos
acontecimentos no país marcados pelas investiduras sucessivas de dois chefes de
Estado, Úmaro Sissoco Embaló [candidato declarado vencedor das eleições
presidenciais pela Comissão Nacional de Eleições e investido numa Sessão
Parlamentar pelo 1° vice-presidente da ANP, Nuno Nabiam] e Cipriano Cassamá,
investido por 52 deputados noutra sessão, como presidente interino da
Guiné-Bissau e que um dia depois (domingo) renunciou ao cargo.
As duas investiduras, de acordo
com o comunicado, foram feitas fora de quadro legal, no momento em que o
contencioso relativo as eleições presidenciais está pendente no Supremo
Tribunal de Justiça (STJ). CEDEAO adverte que a coexistência de dois
primeiros-ministros, mina os esforços empreendidos com vista a uma saída
feliz da crise pós-eleitoral que o país enfrenta.
A Comissão da CEDEAO diz estar
profundamente preocupada com os riscos de graves conflitos internos
relacionados à deterioração prolongada da situação política, pelo que aconselha
que as ações tomadas, que considera ilegais sejam interrompidas sem
demora.
“A CEDEAO condena veementemente
esses assaltos e outras ações que são contrárias aos valores e princípios
democráticos compartilhados no espaço comunitário”, lê-se no comunicado, para
de seguida, assegurar que as referidas ações comprometem a ordem constitucional
estabelecida e expõem todos os seus autores à sanções.
O comunicado informa que a CEDEAO
acompanha com grande preocupação a interferência das forças de defesa e
segurança na esfera política, pelo que exorta-as a se afastarem do campo
político e a observar uma posição de absoluta neutralidade em relação a todos
atores políticos.
A CEDEAO compromete-se a
trabalhar em colaboração com todos os parceiros internacionais em particular, a
União Africana, as Nações Unidas, a CPLP e a UEMOA, para não encorajar processos
não legais que comprometam a estabilidade e a paz no país e na região. No
entanto, reiterou a disponibilidade de continuar a trabalhar ao lado da
Guiné-Bissau, com vista à normalização política e institucional do país, “uma
promessa de paz e seu desenvolvimento”.
Assana Sambú | O Democrata
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