domingo, 22 de março de 2020

Surto da COVID-19: melhores e piores cenários para economia global


Cerca de US$ 9 triliões (R$ 41,6 triliões) foram varridos dos mercadores financeiros devido aos temores causados pelo novo coronavírus. O pior custo económico do coronavírus pode ser significativo e está sendo subestimado atualmente, comentou o especialista Sourabh Gupta.

"Eu o colocaria como uma redução pela metade do crescimento real do PIB global em 2020 em relação aos níveis de 3,5% projetados para 2019. O crescimento real do PIB não cairá em território negativo, como aconteceu durante a Crise Financeira Global de 2008-09", disse Gupta, observando que será o pior desempenho do crescimento global desde a retração de 2001.

Possíveis cenários

O economista Peter Earle, do Instituto Americano de Pesquisa Económica, acredita que o pior cenário seria ver graves rupturas na cadeia global de fornecimento, fechamento de aeroportos, problemas no mercado de crédito devido a quarentenas em massa e seu efeito sobre os funcionários de bancos e empresas de títulos de importância global, bem como o fechamento dos mercados financeiros por tempo indeterminado.

"Neste momento, não creio que estes cenários sejam de todo prováveis", acrescentou Earle em referência ao pior dos possíveis desenvolvimentos da situação.

Contudo, como resultado ótimo o economista vê não apenas a recuperação total do impacto económico negativo do coronavírus, mas a percepção de que "o comércio sem restrições é fundamental para o bem-estar de todas as pessoas e, assim, adicionalmente, também o fim da guerra tarifária entre os EUA e a China".

"Sinto francamente que isso é muito otimista e não explica totalmente a psicologia de massa da incerteza que está deprimindo o sentimento do consumidor, que só recentemente começou a ser sentido globalmente à medida que o risco de contágio decorrente do aumento das taxas de infecção se espalhou muito além da China", argumenta Gupta quanto a um resultado ótimo para a economia global.

O resultado ideal seria que a COVID-19 desse um novo impulso à coordenação global e ao investimento em resiliência à doença, explicou ao canal russo RT o economista-chefe da empresa de consultoria empresarial BCG, Philipp Carlsson-Szlezak.

"O vírus cria uma realidade geopolítica onde a cooperação é vista como essencial para enfrentar os problemas modernos", destacou.

Na opinião de Earle e Gupta, a queda repentina e severa dos mercados acionários, principalmente dentro dos Estados Unidos, sugere que houve mais a influenciar a queda no preço do que apenas o coronavírus. Carlsson-Szlezak afirma, contudo, que se deve esperar que as avaliações subam bastante, considerando em particular o ambiente de inflação estruturalmente baixa e taxas baixas.

Sputnik | Imagem: © REUTERS / Dado Ruvic

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