O Presidente angolano remodelou o
Governo e nomeou novos auxiliares. Entre os nomeados está uma jovem de 29 anos
que vai ocupar o cargo de ministra da Cultura. Analistas falam em transição
para equipa de confiança.
O Presidente de Angola, João
Lourenço, divulgou na segunda-feira (06.04) a lista dos novos membros do seu
Executivo, que encolheu
de 28 para 21 ministérios, destacando-se a saída de Manuel Augusto, das
Relações Exteriores, substituído pelo seu secretário de Estado, Tete António.
Fundiram-se os ministérios da
Defesa Nacional com o dos Antigos Combatentes, o da Cultura com o da Hotelaria
e Turismo, das Telecomunicações e Tecnologias de Informação com o Ministério da
Comunicação Social, o da Agricultura com o das Pescas, e o Ministério do
Comércio com o da Indústria. Também se fundiram os ministérios das Obras
Públicas e do Ordenamento do Território.
Da longa lista de exonerações
constam 17 ministros e 24 secretários de Estado, bem como o secretário do
Presidente da República para os Assuntos Políticos, Constitucionais e
Parlamentares e o diretor do Gabinete de Ação Psicológica e Informação da Casa
de Segurança do Presidente da República.
Mas, entre estes, muitos
assumirão as mesmas funções no novo Executivo, enquanto outros terão novas
pastas e outros ascendem no poder governamental.
Em busca do "team
certo"
Para Ilídio Manuel, jornalista e
analista angolano, o chefe de Estado está "a criar uma equipa que garanta
uma maior confiança" e não "a afastar-se totalmente dos
'marimbondos'" - o termo cunhado pelo próprio chefe de Estado para
descrever os corruptos.
"Se assim fosse, teria
sacrificado determinadas figuras coligadas ao ex-Presidente José Eduardo dos
Santos e que estão altamente marcadas pela corrupção. O caso mais mediático é o
seu próprio diretor de gabinete", sublinha o analista, referindo-se a
Edeltrudes Costa que, segundo o jornal português Expresso, é suspeito de
ter beneficiado de transferências milionárias de fundos públicos.
Agostinho Sicatu, politólogo e
analista angolano, concorda que o titular do Governo de Luanda está ainda à
procura de uma nova equipa governativa. "João Lourenço está à procura de
um team certo para poder governar. Já o dissemos inúmeras vezes, este não é o
mandato de João Lourenço, este ainda é o mandato de fazer a transição",
considera.
Jovens em destaque
Nesta nova vaga de nomeações,
destaca-se a entrada para o Executivo de Adjany da Silva Freitas Costa, uma
jovem bióloga de 30 anos que assume um superministério que junta Cultura,
Turismo e Ambiente.
Ilídio Manuel vê com bons olhos a
injecção de sangue novo no Governo do Presidente João Lourenço, lembrando que
"grande parte dos nomeados são pessoas jovens tecnocratas, alguns dos
quais maioritariamente formados em direito e que conhecem mais ou menos os
dossiers".
Outro rosto jovem entre os
nomeados é o de Marcy Lopes, ex-secretário para os Assuntos Políticos,
Constitucionais e Parlamentares do Presidente da República, que passa agora a
ocupar o cargo de ministro da Administração do Território. Lopes será um dos
rostos mais visíveis na implementação das autarquias locais e, para Agostinho
Sicatu, "vai executar aquilo que o Governo entender que seja".
Segundo Pedro Sebastião, ministro
de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, as eleições
autárquicas poderão ter lugar ainda este este ano, embora o mundo esteja a
viver a pandemia
do covid-19. "É verdade que aqui e acolá empurra-nos para uma situação
que poderá perturbar esse calendário, mas, no compto geral, estamos dentro
daquilo que o Governo preconizou para as eleições autárquicas", afirmou.
Manuel Luamba (Luanda) | Deutsche
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