Maia é responsável por analisar
os pedidos sob os pontos de vista técnico e jurídico.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com
quase 30 pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em
análise, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu
nesta segunda-feira (27) que se tenha paciência e equilíbrio para tratar do
tema.
Maia, que estava desde o dia 16
sem falar com a imprensa em estratégia para evitar ataques do governo e
apoiadores do presidente, é responsável por analisar os pedidos sob os pontos
de vista técnico e jurídico.
Nesta segunda, o MBL (Movimento
Brasil Livre) se somou a parlamentares e entrou com um pedido de impeachment
contra Bolsonaro por sua participação nos atos pró-intervenção militar do
último dia 19 e também pelas denúncias do ex-ministro Sergio Moro (Justiça).
Em sua despedida, o ex-juiz
acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na Polícia Federal ao
pressionar pela saída de Maurício Valeixo do cargo de diretor geral. A acusação
deu origem a pelo menos três pedidos de impeachment desde a semana passada.
Para o presidente da Câmara, no
entanto, falar de impeachment agora é tirar o foco do combate à pandemia
provocada pelo novo coronavírus.
"Estamos tratando de
conflitos políticos, de conflitos da política na rede social, agressões por um
lado muito fortes, mas nós não podemos tirar do debate, da pauta do Parlamento,
da relação do Parlamento com o Poder Executivo e com a sociedade, os projetos e
as projeções que nós temos em relação ao enfrentamento do coronavírus",
afirmou.
Ele lembrou ainda que a decisão
sobre os pedidos é dele. "Quando você trata de um tema como um
impeachment, eu sou o juiz", disse. "Então é uma questão que a gente
tem que tomar cuidado".
Maia afirmou que, neste momento,
o papel do Congresso é ter "paciência, equilíbrio, e não ter
açodamento". "Porque o açodamento, a pressa, nesses temas, eles vão
ajudar a que a questão do coronavírus, que já é gravíssima, ganhe contornos
ainda mais graves no impacto da vida da sociedade brasileira", disse.
O deputado comentou ainda a saída
de Moro do governo Bolsonaro e as especulações, na semana passada, sobre uma
eventual demissão do ministro Paulo Guedes (Economia). Para Maia, a troca de
ministros gera insegurança.
"Uma mudança agora pode ser
interpretada de forma negativa pela sociedade. Acho que ele tem tentado colaborar
da forma que ele acredita, por isso que muitas vezes a gente diverge, mas
diverge do ponto de vista das ideias, não do pessoal", disse.
"E o que a gente espera é
que com menos turbulência, todos juntos possam construir um caminho para que o
Brasil possa superar essa crise, com um dano menor".
Maia também falou sobre o projeto
de socorro a estados e municípios que está parado no Senado. O governo tenta
reduzir a participação da União nessa ajuda, desidratando a proposta aprovada
na Câmara."Acho que é legítimo que o senado trabalhe e possa manter ou
não, retificar o texto da câmara, mas nós temos muita convicção", disse.
"E, nos últimos dias, a minha convicção aumentou muito em relação à
necessidade de garantirmos um seguro, um imposto, a garantia da recuperação da
arrecadação da atividade econômica".
Notícias ao Minuto | Imagem: Reuters
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