Curto do Expresso por Raquel
Moleiro. Muito cá dentro e proporcionalmente lá fora. Sobre as declarações de
Trump, que no PG pode ler – retirado da TSF – ficamos a saber que o Execrável*
Trump vai suspender financiamento dos Estados Unidos à OMS (o “execrável é
nosso). Sobre tal declaração já foi afirmado que Trump está a protagonizar o ensaio
de um crime contra a humanidade. Pois está.
Perante tal cenário convém
lembrar que este não será o primeiro crime contra a humanidade cometido pelos
EUA. A lista é longa e abrange imensos países vitimados por aquela potência
global. A ocorrer, o afirmado pelo Execrável Trump, será só mais um crime para
acrescentar à longa lista que tem por diferença notória ataque criminoso a toda
a humanidae e não só a este ou àquele país ou somente a um conjunto de países e
de povos.
Afinal nada há de novo na atitude
de Donald Trump nem nas políticas dos EUA nestes dias, semanas ou meses em que
o ataque de covid-19 afeta globalmente a população mundial e ceifa a saúde e a
vida a milhões de seres humanos. O império norte-americano está raivoso,
prepotente, desvairado e cada vez mais agressivo por constatar que é de domínio
planetário dos povos a sua evidente falência moral e material. A sua queda está
a acontecer, a pouco e pouco vai-se desmoronando. Nas suas vítimas já conta desde
há muito com cidadãos norte-americanos. “America first” – palavrão dito por
Trump - é só para alguns, que ele bem sabe quem são e de que ele faz parte
nesse estado de exclusividade. Fiquemos à espera que o povo norte-americano
acorde de vez deste pesadelo a que o mundo inteiro assiste e de que também é vítima.
No Curto que se segue tem matéria
que lhe pode interessar e que neste preâmbulo do PG nem lá lhe chegamos
levemente. Deixamos essa tarefa à autora da peça de hoje.
Fiquem bem confinados. Por esta
hora estamos quase a poder assistir ao balanço que todos os dias a DGS &
Companhia nos apresenta sobre o ataque em curso de covid-19 que nos retém em
casa. Sejamos perseverantes. Havemos de vencer… por todo o mundo.
Bom dia, se conseguirem ainda ter
imaginação para isso. O confinamento está a pesar para todos nós. Força.
MM | PG
Cravos em maio. E abraços de
liberdade
Raquel Moleiro | Expresso
Bom dia,
Cai um dilúvio lá fora enquanto escrevo este Expresso curto, com direito a relâmpagos de filme de terror e trovões de abanar alicerces. Está a por-se um dia daqueles em que só apetece ficar em casa, mas de casa estou eu (e um mundo inteiro) farta. Até assim, no meio de um temporal, sairia com gosto pelas ruas com cheiro a terra molhada e brilho de verniz. Faz-me falta a liberdade. De movimentos, de escolha, de afetos. E em abril, no mês que é dela, é já certo que não vai comparecer.
Marcelo Rebelo de Sousa envia hoje para São Bento a sua proposta de decreto sobre o Estado de Emergência, que termina no dia 17, mas a orientação já é conhecida. É para renovar e avançar para um terceiro período de exceção de duas semanas “até 1 de maio, pelas 24 horas”, antecipou no Palácio de Belém. A regra é não facilitar para não estragar. Porque os números de Portugal continuam a afastar-se dos casos mais dramáticos, o planalto das infeções por covid-19 prolonga-se há doze dias consecutivos e é certo que qualquer descompressão do cerco antes do tempo pode mudar a geografia à curva e acabar-lhe com o achatamento. É ganhar em abril a liberdade que se quer para maio, explicou o presidente, e esperar que os cravos não murchem até lá.
De acordo com os últimos dados oficiais (que serão revistos por volta do meio-dia pela Direção-geral da Saúde), Portugal tem agora 17.448 casos confirmados de infeção com o novo coronavírus. Há 1227 pessoas internadas e 218 encontram-se em unidades de cuidados intensivos. 567 pessoas já morreram, um terço das quais eram idosos residentes em unidades de 3ª idade, segundo a DGS. Não é difícil acreditar. Só no lar da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, até agora o foco mais grave identificado, já foi registado o óbito de vinte residentes positivos e contabilizados 99 infetados.
Ainda assim, o terceiro estado de emergência poderá trazer nuances de abertura. Em entrevista à rádio Observador, António Costa admite pequenas alterações - "Diria que haverá algumas restrições designadamente em matéria de direitos dos trabalhadores que serão retiradas" - mas sobre circulação e atividades não antevê mexidas. O primeiro-ministro já está a trabalhar noutra frente, bem mais à frente, na estratégia de saída "gradual e progressiva" para a qual não arrisca data. O momento, diz, será determinado pelos cientistas que são consultados em permanência, e ouvidos sempre antes de qualquer decisão governamental relacionada com a pandemia - e também eles não avançam previsão.
Para ajudar os estados-membros a encontrar a melhor altura para levantar as medidas de contenção contra o vírus, a Comissão Europeia vai divulgar esta quarta-feira um guia que assenta a decisão na evolução das transmissões, na resposta do sistema de saúde e na capacidade de monitorização da população. É aconselhado, por exemplo, que a propagação tenha diminuído por um período de tempo sustentado, que haja um número suficiente de profissionais e camas em cuidados intensivos, stock de medicamentos e de equipamentos, caso os números voltem a aumentar. E para que se conheça bem a realidade do país, deve haver testagem em larga escala e o conhecimento do grau (que se quer elevado) de imunidade da população. Mesmo com todos os parâmetros cobertos, o relaxamento das medidas deve ser gradual, por etapas, a população não deve voltar toda ao trabalho ao mesmo tempo, lojas e restaurantes devem abrir com lotação reduzida, e deve-se ter em conta as diferenças de risco populacional e regional.
Também a Organização Mundial de Saúde traçou ontem os seus seis critérios para o retorno possível à normalidade. Percebe-se a urgência. Áustria, Espanha e Itália já permitiram o regresso parcial ao trabalho, a Dinamarca reabriu infantários e escolas até ao 5º ano e a República Checa alivia as medidas de confinamento a partir de dia 20, numa tentativa de reativação das economias em falência. Há quase dois milhões de infetados a nível mundial e mais de 400 mil pessoas já recuperadas.
Por cá, o Governo reuniu-se ontem com mais de vinte economistas e académicos para os sondar sobre a melhor estratégia de revitalização. À saída, o ministro Siza Vieira anunciou que a reabertura gradual da economia portuguesa terá "muitas máscaras na cara" e dará especial atenção ao comércio de retalho e restauração. O FMI prevê uma recessão de 8% em Portugal, a maior em quase cem anos, e aponta para um impacto da covid-19 pior do que o registado com a pandemia da pneumónica e a Primeira Guerra Mundial em 1918. Um estudo da Universidade Católica já dá números ao dano provocado nas famílias. Entre as que ganham até mil euros, 43% registaram quebra de rendimentos.
É por isso importante saber que, a partir de hoje, os inquilinos afetados com a pandemia podem avançar com um pedido de empréstimo ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) para pagar a renda, através do Portal da habitação (www.portaldahabitacao.pt). Esta quarta-feira é ainda o último dia para os trabalhadores independentes que estejam em paragem total de atividade pedirem apoio extraordinário ao Estado.
Cai um dilúvio lá fora enquanto escrevo este Expresso curto, com direito a relâmpagos de filme de terror e trovões de abanar alicerces. Está a por-se um dia daqueles em que só apetece ficar em casa, mas de casa estou eu (e um mundo inteiro) farta. Até assim, no meio de um temporal, sairia com gosto pelas ruas com cheiro a terra molhada e brilho de verniz. Faz-me falta a liberdade. De movimentos, de escolha, de afetos. E em abril, no mês que é dela, é já certo que não vai comparecer.
Marcelo Rebelo de Sousa envia hoje para São Bento a sua proposta de decreto sobre o Estado de Emergência, que termina no dia 17, mas a orientação já é conhecida. É para renovar e avançar para um terceiro período de exceção de duas semanas “até 1 de maio, pelas 24 horas”, antecipou no Palácio de Belém. A regra é não facilitar para não estragar. Porque os números de Portugal continuam a afastar-se dos casos mais dramáticos, o planalto das infeções por covid-19 prolonga-se há doze dias consecutivos e é certo que qualquer descompressão do cerco antes do tempo pode mudar a geografia à curva e acabar-lhe com o achatamento. É ganhar em abril a liberdade que se quer para maio, explicou o presidente, e esperar que os cravos não murchem até lá.
De acordo com os últimos dados oficiais (que serão revistos por volta do meio-dia pela Direção-geral da Saúde), Portugal tem agora 17.448 casos confirmados de infeção com o novo coronavírus. Há 1227 pessoas internadas e 218 encontram-se em unidades de cuidados intensivos. 567 pessoas já morreram, um terço das quais eram idosos residentes em unidades de 3ª idade, segundo a DGS. Não é difícil acreditar. Só no lar da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro, até agora o foco mais grave identificado, já foi registado o óbito de vinte residentes positivos e contabilizados 99 infetados.
Ainda assim, o terceiro estado de emergência poderá trazer nuances de abertura. Em entrevista à rádio Observador, António Costa admite pequenas alterações - "Diria que haverá algumas restrições designadamente em matéria de direitos dos trabalhadores que serão retiradas" - mas sobre circulação e atividades não antevê mexidas. O primeiro-ministro já está a trabalhar noutra frente, bem mais à frente, na estratégia de saída "gradual e progressiva" para a qual não arrisca data. O momento, diz, será determinado pelos cientistas que são consultados em permanência, e ouvidos sempre antes de qualquer decisão governamental relacionada com a pandemia - e também eles não avançam previsão.
Para ajudar os estados-membros a encontrar a melhor altura para levantar as medidas de contenção contra o vírus, a Comissão Europeia vai divulgar esta quarta-feira um guia que assenta a decisão na evolução das transmissões, na resposta do sistema de saúde e na capacidade de monitorização da população. É aconselhado, por exemplo, que a propagação tenha diminuído por um período de tempo sustentado, que haja um número suficiente de profissionais e camas em cuidados intensivos, stock de medicamentos e de equipamentos, caso os números voltem a aumentar. E para que se conheça bem a realidade do país, deve haver testagem em larga escala e o conhecimento do grau (que se quer elevado) de imunidade da população. Mesmo com todos os parâmetros cobertos, o relaxamento das medidas deve ser gradual, por etapas, a população não deve voltar toda ao trabalho ao mesmo tempo, lojas e restaurantes devem abrir com lotação reduzida, e deve-se ter em conta as diferenças de risco populacional e regional.
Também a Organização Mundial de Saúde traçou ontem os seus seis critérios para o retorno possível à normalidade. Percebe-se a urgência. Áustria, Espanha e Itália já permitiram o regresso parcial ao trabalho, a Dinamarca reabriu infantários e escolas até ao 5º ano e a República Checa alivia as medidas de confinamento a partir de dia 20, numa tentativa de reativação das economias em falência. Há quase dois milhões de infetados a nível mundial e mais de 400 mil pessoas já recuperadas.
Por cá, o Governo reuniu-se ontem com mais de vinte economistas e académicos para os sondar sobre a melhor estratégia de revitalização. À saída, o ministro Siza Vieira anunciou que a reabertura gradual da economia portuguesa terá "muitas máscaras na cara" e dará especial atenção ao comércio de retalho e restauração. O FMI prevê uma recessão de 8% em Portugal, a maior em quase cem anos, e aponta para um impacto da covid-19 pior do que o registado com a pandemia da pneumónica e a Primeira Guerra Mundial em 1918. Um estudo da Universidade Católica já dá números ao dano provocado nas famílias. Entre as que ganham até mil euros, 43% registaram quebra de rendimentos.
É por isso importante saber que, a partir de hoje, os inquilinos afetados com a pandemia podem avançar com um pedido de empréstimo ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) para pagar a renda, através do Portal da habitação (www.portaldahabitacao.pt). Esta quarta-feira é ainda o último dia para os trabalhadores independentes que estejam em paragem total de atividade pedirem apoio extraordinário ao Estado.
OUTRAS NOTÍCIAS
Mil presos fora das cadeias. De liberdade só pode falar quem saiu de maior confinamento do que o imposto pelo Estado de Emergência. 319 reclusos foram soltos durante esta terça-feira, ao abrigo das normas excecionais ligadas à pandemia do coronavírus, totalizando 1.080 os condenados já libertados desde sábado. Cerca de 40 reclusos vão morar no parque de campismo de Monsanto, em Lisboa, por não terem família que os receba ou casa para morar.
Linha de Apoio à Saúde Mental. Criada pela Ordem dos Enfermeiros para apoiar estes profissionais durante a pandemia, está disponível a partir desta quarta-feira, nos dias úteis entre as 9h e as 18h. É gratuita e operada por enfermeiros voluntários especialistas em saúde mental e psiquiátrica. O contacto é o 213815556.
3º Período digital. As aulas arrancaram terça-feira para 1,4 milhões de alunos do básico ao secundário, mas as escolas continuarão vazias. Em tempos de pandemia, o ensino será à distância. Durante os próximos dois meses, pelo menos para a grande maioria dos alunos, será assim: em casa, através do computador, do tablet ou do telemóvel - se o tiverem - e a partir de dia 20, em frente à televisão, a assistir aos conteúdos educativos na RTP Memória. E porque grande parte dos docentes não são digitais nativos, a Universidade Aberta e a Direção Geral de Educação vão formar mais de 2.300 professores em ensino à distância. O Curso de Formação para a Docência Digital em Rede começa hoje.
Cantinas take-away. PSD quer que o Governo reabra cantinas sociais como no tempo da troika. Alberto Machado, líder da Distrital do Porto, afirma que os autarcas têm sido confrontados com o aumento do número de pedidos de comida por parte de famílias carenciadas que, no último mês, viram os rendimentos baixar devido a desemprego ou lay-off. A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, garante que o Governo vai aumentar o programa de apoio alimentar, passando de 60 mil para 90 mil pessoas abrangidas.
Notre Dame parada. Passou um ano desde que um incêndio destruiu grande parte da catedral de Paris. A reconstrução já tinha sofrido atrasos devido a problemas estruturais e de contaminação com chumbo, mas agora a pandemia obrigou à paragem total das obras. As autoridades garantem que reabrirá em 2024.
Make economy great again. Os Estados Unidos têm mais infeções (594.207) e mais mortes (25.757) do que qualquer outro país no mundo por covid-19. Só nas últimas 24 horas, morreram mais 2228 pessoas, o que representa um novo máximo. Ainda assim, Trump fala de uma curva achatada e já está focado em salvar a economia, o que fará com a ajuda da filha e do genro, membros integrantes do novo comité de gestão da pandemia. Entretanto, o presidente americano anunciou que vai suspender o financiamento à Organização Mundial da Saúde (OMS), que já antes acusara de ser demasiado "pró-chinesa". Coincidência ou não, Barack Obama escolheu o mesmo dia para oficializar o seu apoio a Biden nas presidenciais, para que os EUA sejam guiados por “conhecimento e experiência”
O fim dos unicórnios. Foi anos a fio a figura de adoração de crianças (e até adultos), em peluches, pijamas, cadernos e bolos de aniversário. Mas acabou-se o reinado dos unicórnios no universo infantil, diz o New York Times. Agora, o que está na moda são os lamas - e nos mesmos tons arco-íris.
FRASES
“Para conter os efeitos deste ataque, foram prontamente aplicadas medidas de prevenção e proteção dos sistemas que suportam as operações da empresa” Comunicado da EDP, a propósito do ataque de piratas que roubaram 10 terabytes de dados de uma das maiores empresas portuguesas
“Sabemos que as fronteiras dentro de um organismo, como de um planeta, são ténues, e todos os sistemas interdependentes. A saúde de um corpo, como de um planeta, depende do respeito pelo todo”. Maria de Sousa, imunologista, em entrevista ao Expresso, em março de 2020. Morreu ontem de covid-19 no Hospital de S. José
“Isto, para todos os efeitos, é uma crise. E raramente saímos das crises da mesma forma como entrámos. Acontecem coisas em nós, e na nossa relação com as outras pessoas, que fazem com que tudo mude” Miguel Xavier, psiquiatra e coordenador do plano do Governo para a Saúde Mental durante a pandemia.
Não adiem a vacinação. Já temos uma epidemia, não precisamos de outro surto"
Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, na conferência de imprensa de segunda-feira
O QUE ANDO A LER
Esta é certamente a melhor altura para se estar em casa, se se estiver em pausa laboral e, obviamente, saudável. Não faltam workshops grátis de culinária, fotografia ou costura, filmes que nunca vi de livre acesso, plataformas premium sem mensalidade, e-learning e o diabo a sete. Todos os dias recebo mais um alerta com os museus que se pode visitar online, e os livros imperdíveis, e os melhores concertos, e os lives do ginásio, e truques de bricolage para remodelar a casa, e o pão com massa mãe, e moldes para fazer máscaras de proteção respiratória com tesoura, linha e um saco de aspirador. Mas isso é para quem não está em teletrabalho. E não tem dois filhos cuja escola também acha que os pais estão a nadar em tempo e paciência (e múltiplos dispositivos electrónicos) para acumularem a tarefa de professores do primeiro e do terceiro ciclos, das disciplinas principais, às artes e educação física, numa espécie de polvo acrobata a quem já falta força nos tentáculos e bondade nos três corações.
Isto tudo para dizer que não ando a ler nenhum livro, ou melhor, nenhum escolhido por mim. Leio quase todas as noites, sentada na beira da cama do mais novo, a “estorinha” para adormecer (nunca aconteceu, mas eu insisto). A de ontem, que já foi de outros dias também, tem tudo a ver com estes tempos de distanciamento social imposto, desconfortável, frio, tão pouco português. Chama-se “Um abraço”, de Eoin McLaughlin e Polly Dunbar, e conta, em frente e verso, duas histórias iguais com personagens diferentes: de um lado, uma tartaruga, do outro um ouriço, ambos tristes e a quem só uma coisa podia ajudar. “Podes dar-me um abraço dos grandes?”, perguntam, à vez. Eu que estou perdida de vontade que chegue a hora de passar o risco dos dois metros de distância social, nem olhava a espinhos ou carapaças duras. Controlem este vírus, que eu tenho uma extensa lista de saudades para matar.
Para acelerar reencontros, fique em casa. Proteja-se e proteja os outros. O Expresso conta-lhe tudo o que precisa saber, ao minuto, em www.expresso.pt. E ao sábado até pode encomendar o semanário com entrega à sua porta.
Mil presos fora das cadeias. De liberdade só pode falar quem saiu de maior confinamento do que o imposto pelo Estado de Emergência. 319 reclusos foram soltos durante esta terça-feira, ao abrigo das normas excecionais ligadas à pandemia do coronavírus, totalizando 1.080 os condenados já libertados desde sábado. Cerca de 40 reclusos vão morar no parque de campismo de Monsanto, em Lisboa, por não terem família que os receba ou casa para morar.
Linha de Apoio à Saúde Mental. Criada pela Ordem dos Enfermeiros para apoiar estes profissionais durante a pandemia, está disponível a partir desta quarta-feira, nos dias úteis entre as 9h e as 18h. É gratuita e operada por enfermeiros voluntários especialistas em saúde mental e psiquiátrica. O contacto é o 213815556.
3º Período digital. As aulas arrancaram terça-feira para 1,4 milhões de alunos do básico ao secundário, mas as escolas continuarão vazias. Em tempos de pandemia, o ensino será à distância. Durante os próximos dois meses, pelo menos para a grande maioria dos alunos, será assim: em casa, através do computador, do tablet ou do telemóvel - se o tiverem - e a partir de dia 20, em frente à televisão, a assistir aos conteúdos educativos na RTP Memória. E porque grande parte dos docentes não são digitais nativos, a Universidade Aberta e a Direção Geral de Educação vão formar mais de 2.300 professores em ensino à distância. O Curso de Formação para a Docência Digital em Rede começa hoje.
Cantinas take-away. PSD quer que o Governo reabra cantinas sociais como no tempo da troika. Alberto Machado, líder da Distrital do Porto, afirma que os autarcas têm sido confrontados com o aumento do número de pedidos de comida por parte de famílias carenciadas que, no último mês, viram os rendimentos baixar devido a desemprego ou lay-off. A ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, garante que o Governo vai aumentar o programa de apoio alimentar, passando de 60 mil para 90 mil pessoas abrangidas.
Notre Dame parada. Passou um ano desde que um incêndio destruiu grande parte da catedral de Paris. A reconstrução já tinha sofrido atrasos devido a problemas estruturais e de contaminação com chumbo, mas agora a pandemia obrigou à paragem total das obras. As autoridades garantem que reabrirá em 2024.
Make economy great again. Os Estados Unidos têm mais infeções (594.207) e mais mortes (25.757) do que qualquer outro país no mundo por covid-19. Só nas últimas 24 horas, morreram mais 2228 pessoas, o que representa um novo máximo. Ainda assim, Trump fala de uma curva achatada e já está focado em salvar a economia, o que fará com a ajuda da filha e do genro, membros integrantes do novo comité de gestão da pandemia. Entretanto, o presidente americano anunciou que vai suspender o financiamento à Organização Mundial da Saúde (OMS), que já antes acusara de ser demasiado "pró-chinesa". Coincidência ou não, Barack Obama escolheu o mesmo dia para oficializar o seu apoio a Biden nas presidenciais, para que os EUA sejam guiados por “conhecimento e experiência”
O fim dos unicórnios. Foi anos a fio a figura de adoração de crianças (e até adultos), em peluches, pijamas, cadernos e bolos de aniversário. Mas acabou-se o reinado dos unicórnios no universo infantil, diz o New York Times. Agora, o que está na moda são os lamas - e nos mesmos tons arco-íris.
FRASES
“Para conter os efeitos deste ataque, foram prontamente aplicadas medidas de prevenção e proteção dos sistemas que suportam as operações da empresa” Comunicado da EDP, a propósito do ataque de piratas que roubaram 10 terabytes de dados de uma das maiores empresas portuguesas
“Sabemos que as fronteiras dentro de um organismo, como de um planeta, são ténues, e todos os sistemas interdependentes. A saúde de um corpo, como de um planeta, depende do respeito pelo todo”. Maria de Sousa, imunologista, em entrevista ao Expresso, em março de 2020. Morreu ontem de covid-19 no Hospital de S. José
“Isto, para todos os efeitos, é uma crise. E raramente saímos das crises da mesma forma como entrámos. Acontecem coisas em nós, e na nossa relação com as outras pessoas, que fazem com que tudo mude” Miguel Xavier, psiquiatra e coordenador do plano do Governo para a Saúde Mental durante a pandemia.
Não adiem a vacinação. Já temos uma epidemia, não precisamos de outro surto"
Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, na conferência de imprensa de segunda-feira
O QUE ANDO A LER
Esta é certamente a melhor altura para se estar em casa, se se estiver em pausa laboral e, obviamente, saudável. Não faltam workshops grátis de culinária, fotografia ou costura, filmes que nunca vi de livre acesso, plataformas premium sem mensalidade, e-learning e o diabo a sete. Todos os dias recebo mais um alerta com os museus que se pode visitar online, e os livros imperdíveis, e os melhores concertos, e os lives do ginásio, e truques de bricolage para remodelar a casa, e o pão com massa mãe, e moldes para fazer máscaras de proteção respiratória com tesoura, linha e um saco de aspirador. Mas isso é para quem não está em teletrabalho. E não tem dois filhos cuja escola também acha que os pais estão a nadar em tempo e paciência (e múltiplos dispositivos electrónicos) para acumularem a tarefa de professores do primeiro e do terceiro ciclos, das disciplinas principais, às artes e educação física, numa espécie de polvo acrobata a quem já falta força nos tentáculos e bondade nos três corações.
Isto tudo para dizer que não ando a ler nenhum livro, ou melhor, nenhum escolhido por mim. Leio quase todas as noites, sentada na beira da cama do mais novo, a “estorinha” para adormecer (nunca aconteceu, mas eu insisto). A de ontem, que já foi de outros dias também, tem tudo a ver com estes tempos de distanciamento social imposto, desconfortável, frio, tão pouco português. Chama-se “Um abraço”, de Eoin McLaughlin e Polly Dunbar, e conta, em frente e verso, duas histórias iguais com personagens diferentes: de um lado, uma tartaruga, do outro um ouriço, ambos tristes e a quem só uma coisa podia ajudar. “Podes dar-me um abraço dos grandes?”, perguntam, à vez. Eu que estou perdida de vontade que chegue a hora de passar o risco dos dois metros de distância social, nem olhava a espinhos ou carapaças duras. Controlem este vírus, que eu tenho uma extensa lista de saudades para matar.
Para acelerar reencontros, fique em casa. Proteja-se e proteja os outros. O Expresso conta-lhe tudo o que precisa saber, ao minuto, em www.expresso.pt. E ao sábado até pode encomendar o semanário com entrega à sua porta.
Gostou do Expresso Curto de
hoje?
Sem comentários:
Enviar um comentário