Thierry Meyssan*
Reproduzimos uma conversa entre
Thierry Meyssan e um grupo de estudantes. Aí, ele explica que as respostas
políticas ao Covid-19 não são do foro médico. Um grupo transnacional,
parcialmente identificável, aproveitou a ocasião fornecida pela epidemia para
tentar impor uma transformação profunda das sociedades europeias, tal como
utilizou os atentados do 11 de Setembro de 2001 para transformar os Estados Unidos.
Ainda temos tempo para nos opormos à programada hierarquização do mundo.
Pergunta : Na sua opinião, quem
fabricou o Covid-19?
Thierry Meyssan: A minha
análise é exclusivamente política. Eu não me pronuncio sobre questões médicas,
mas unicamente sobre decisões políticas.
Uma epidemia é em geral um
fenómeno natural, mas pode também ser um acto de guerra. O Governo chinês pediu
publicamente aos EUA para esclarecer, de forma cabal, o incidente acontecido no
seu laboratório militar de Fort Detrick, enquanto o Governo dos Estados Unidos
pediu a mesma transparência em relação ao laboratório de Wuhan. É claro, nenhum
dos dois Estados aceitou abrir os seus laboratórios a verificações. Não é má
vontade, mas uma medida militar. Ficaremos, portanto, por aqui.
No entanto, isso não tem
importância porque, com o tempo decorrido, estas duas hipóteses parecem estar
erradas: nenhuma destas duas potências controla esse vírus. Do ponto de vista
militar, não é uma arma, mas, sim um flagelo.
Portanto, não excluí que este
vírus possa ter escapado de forma desastrada de um desses laboratórios ?
Isso é uma hipótese, mas não nos
conduz a nada. Devemos excluir a possibilidade de uma sabotagem porque isso não
aproveitaria a ninguém. A outra possibilidade é que se trate de um acidente.
Neste caso, há indivíduos que são culpados. Isso não significa descartar a
responsabilidade dos Estados.
Como avalia as reacções políticas
sobre a epidemia ?
O papel dos dirigentes políticos
é o de proteger a sua população. Para isso, eles devem preparar os seus países
em tempo normal de forma a poder reagir aquando de crises futuras. Ora, o
Ocidente evoluiu de tal maneira que esta missão foi perdida de vista. Hoje em
dia, os eleitores exigem que os Estados custem o menos possível e que o pessoal
político os administre como às grandes empresas. Por conseguinte, já não há actualmente
dirigentes políticos ocidentais que enxerguem mais longe do que a ponta do seu
nariz. Homens como Vladimir Putin ou Xi Jinping são qualificados de «ditadores»
unicamente porque têm uma visão estratégia da sua função, representando assim
uma escola de pensamento que os Ocidentais julgam ultrapassada.
Perante uma crise, os dirigentes
políticos devem agir. No caso dos Ocidentais, este momento é para eles um
imprevisto. Nunca se prepararam para isto. Eles foram escolhidos pela sua
capacidade de fazer sonhar com os amanhãs que cantam, não pelo sangue frio,
pela sua adaptabilidade e a sua autoridade. Muitos de entre eles são
simplesmente pessoas representativas dos seus eleitores não tendo, portanto,
nenhuma dessas qualidades. Tomam, pois, as medidas mais drásticas de maneira a
que não se possa acusá-los de não ter feito quase tudo.
Ora, neste caso, eles encontraram
um perito, o Professor Neil Ferguson, do Imperial College London, que os
persuadiu que a “Grande Ceifeira” chegava : meio milhão de mortos em França,
mais ainda no Reino Unido, mais do dobro nos Estados Unidos. Sendo as suas
profecias 2.500 vezes superiores às taxas de mortalidade na China. Ora, este
estatístico têm o hábito de profetizar calamidades sem ter medo de exagerar.
Por exemplo, previra que a gripe aviária mataria 65.000 Britânicos quando ela
não provocou mais do que 457 mortes [1].
Felizmente, ele acaba de ser despedido do SAGE por Boris Johnson, mas,
entretanto, o mal está feito [2].
Em pânico, o pessoal político
ocidental enfileirou portanto atrás dos conselhos de uma autoridade de saúde
internacional. Considerando a OMS, justamente, que esta epidemia não era a sua
prioridade em comparação com outras doenças muito mais mortais, viraram-se para
o CEPI, do qual todos eles conhecem o director, o Doutor Richard Hatchett.
Encontraram-se com ele no Fórum Económico de Davos, ou na Conferência de
Segurança de Munique. Num dia ou noutro, todos foram por ele abordados a fim de
financiar a indústria de vacinas.
Acontece que este Senhor, quando
trabalhava na Casa Branca, foi um dos dois autores da componente sanitária do
projecto político de Donald Rumsfeld para o mundo [3].
Em 2001, este planificou (planejou-br) uma divisão geográfica da economia
mundial. As matérias-primas seriam exploradas nas zonas instáveis, os produtos
transformados fabricados nos Estados estáveis (entre os quais a Rússia e a
China) e o armamento apenas nos EUA. Convinha, portanto, militarizar a
sociedade dos EUA e transferir a maioria dos trabalhadores para as empresas de
armamento. Em 2005, Rumsfeld encarregou o Dr. Hatchett de conceber um plano de
confinamento obrigatório em casa para toda a população dos EUA. Este deveria
ser activado durante um ataque bioterrorista comparável ao perpetrado no
Congresso e contra os grandes média (mídia-br) com antraz (ou carbúnculo) em
2001.
Foi este plano que o Doutor
Richard Hatchett tirou da sua gaveta e que ele apresentou aos dirigentes
ocidentais que lhe pediam os seus conselhos. É preciso compreender bem que o
confinamento obrigatório generalizado jamais existiu. Não tem qualquer relação
com o isolamento de doentes. Não é, de forma alguma, uma medida médica, mas um
meio de transformar as sociedades. A China nunca o usou, nem durante a epidemia
de H1N1 [4],
nem durante a do SRAS [5],
nem durante a de Covid-19 [6].
O confinamento da cidade de Wuhan, no início de 2020, foi uma medida política
do governo central a fim de retomar em mãos esta província mal dirigida pelo
Poder local, não uma medida médica.
Nenhuma obra de epidemiologia no
mundo jamais abordou o confinamento generalizado obrigatório e ainda menos o
aconselhou.
Talvez, mas em França nós não
fomos confinados para combater a doença, mas, antes para a diferir no tempo de
modo a não sobrecarregar os hospitais, a fim de evitar ter de escolher entre os
doentes que poderíamos tratar e aqueles que iríamos deixar morrer.
Nem por isso. Este argumento não
surgiu antes, mas, sim após a decisão. É apenas uma desculpa dos políticos pela
sua má administração. É certo que, em França, os serviços de reanimação dos
hospitais públicos ficaram rapidamente saturados em duas regiões. Assim
transferiram-se pacientes em curso de reanimação para outras regiões, até para
a Alemanha. Mas havia uma quantidade de camas disponíveis nas clínicas
privadas.
Era o que eu dizia no início
desta conversa: os nossos dirigentes políticos são inaptos para gerir crises. A
sua concepção do Estado inibe-os de agir. São incapazes de aplicar uma
coordenação entre o sector público e o sector privado, à excepção de alguns
presidentes regionais. Mas não se trata aqui da tradicional oposição entre Estado
central e regiões. Por exemplo, no início da epidemia, os laboratórios
particulares não tinham os meios de proceder a testes de despistagem em grande
escala. O governo não foi capaz de requisitar os laboratórios dos Ministérios
da Investigação, e sobretudo da Agricultura, para a emergência de saúde
pública. No entanto, os investigadores e os veterinários não pararam de propor
os seus serviços.
De acordo quanto aos hospitais e
os testes, mas também contestou as máscaras
Sim, desde há um século, o
pessoal de saúde atestou a utilidade das máscaras cirúrgicas nos blocos
operatórios e durante os cuidados pós-operatórios. Mas estas situações nada têm
a ver com o cidadão vulgar de hoje em dia.
Actualmente inúmeros sindicatos e
academias preconizam o uso de máscara obrigatória para todos em locais
públicos. Tranquiliza, mas isso não serve para nada face ao Covid-19. Além
disso, à míngua de máscaras cirúrgicas, acaba-se por colocar qualquer pedaço de
tecido a cobrir o nariz e a boca, mas desprovido de qualidades de filtragem das
máscaras cirúrgicas. Contrariamente a uma ideia feita, a contaminação não
ocorre pelas gotas de saliva por si mesmas, mas pelos vírus que elas disseminam
no ar até 8 metros
de uma pessoa que chora ou espirra. É preciso ainda ser susceptível a este
vírus para ficar contaminado, o que não é o caso de todos. E, ainda, é preciso
estar imunologicamente frágil para desenvolver esta doença.
Como não sabem o que fazer, os
nossos governantes recorrem ao confinamento generalizado e às máscaras para
todos. Ninguém provou que estas medidas tenham impacto na epidemia, mas todos
acreditam nisso. É o colapso da cultura ocidental: antigamente, raciocinávamos
serenamente, hoje em dia trazemos amuletos, máscaras, afundámo-nos na magia.
Houve uma criança que morreu por
Covid-19 em França.
Aquilo que é verdadeiro em termos
individuais é absolutamente falso em termos colectivos. A idade média das
pessoas falecidas em França é de 84 anos! Isso significa que metade delas tinha
mais de 84 anos.
Mas então se o confinamento é
absurdo e se as máscaras não servem para nada, o que é que devemos fazer ?
Eu não disse que o confinamento
era um absurdo em
si. Pronunciei-me sobre uma medida obrigatória e cega. Em
todas as epidemias, convêm confinar as pessoas doentes, mas somente essas. E
não reconheço nenhuma legitimidade a um Poder que lança multas, envia para a
prisão ou até atira em cidadãos que se recusam a ficar em prisão domiciliar por
tempo indeterminado.
A Saúde Pública não se assegura
com ameaças, mas com confiança. E ninguém deve ser protegido de si mesmo.
Parece-me indigno impedir pessoas idosas de receber a sua família se assim o
desejarem. Talvez elas fiquem infectadas, talvez adoeçam e talvez morram, mas a
escolha é delas. A única coisa de que temos a certeza ao nascer, é que vamos
morrer. A vida é um longo percurso para nos podermos preparar para ela e os
idosos têm o direito de preferir viver com seus entes queridos em vez de alguns
anos mais.
As epidemias cuidam-se sempre da
mesma maneira: medidas de higiene – lavar-se e arejar — e isolar os doentes em
casa ou no hospital a fim de os tratar. Tudo o resto não passa de cinema. É
preciso regressar ao fundamental e não andar a inventar restrições.
Como é possível que os nossos
dirigentes nos tenham imposto um projecto fascista dos EUA ?
Compreendo bem o que quer dizer
com fascista, mas isso não é aqui muito apropriado. O fascismo é uma ideologia
que veio responder à crise do capitalismo de 1929. Rumsfeld tem, é certo,
muitas características, mas ele pensa a partir de um outro mundo.
O Doutor Hatchett nunca teve que
responder pelo seu projecto totalitário nos EUA. Mas Donald Rumsfeld ainda
menos. E, no fim, ninguém jamais teve que responder pelo que se passou após os
atentados de 11 de Setembro de 2001, porque decidimos colectivamente não lançar
luz sobre os atentados em si mesmos. No entanto, este crime original não cessou
de provocar sequelas. A Administração Obama continuou a aplicar fielmente o
projecto Rumsfeld na Líbia, na Síria e no Iémene (doutrina Cebrowski). E uma
vez que a Administração Trump se opôs fortemente a isso, vemos os antigos
colaboradores de Rumsfeld prosseguir a sua obra através de outras estruturas
que não as do Estado Federal dos EUA. Quer queiramos ou não, isto continuará
até que se reabra este dossiê.
Desculpe-me voltar atrás, mas se
o confinamento obrigatório e generalizado não passava de uma medida autoritária
sem propósito médico, porque é que é tão difícil de desconfinar ?
Não, não é difícil. Basta
voltarmos a ser livres. O problema é que não se conhece hoje muito melhor este
vírus do que há dois meses e que, agora, estamos enredados em conhecimentos
imaginários.
As curvas da epidemia são
praticamente as mesmas em todos os países atingidos, quaisquer que sejam as medidas
postas em prática. Só
dois tipos de países se destacam do molho: por um lado, aqueles que por uma
razão desconhecida não foram atingidos, como os da península da Indochina
(Vietname-Laos-Cambodja-Tailândia); por outro, aqueles que reagiram muito mais
rápido que os outros isolando imediatamente os doentes e tratando-os, como
Taiwan. Portanto, seja qual for a maneira como se desconfina, haverá, é certo,
um maior ou menor número de pessoas contaminadas, mas isso não deverá ter
impacto.
Os governos continuarão o
confinamento obrigatório até à descoberta de uma vacina ?
Ignoro se algum dia se conseguirá
uma vacina. Já faz 35 anos que se busca uma contra a SIDA (AIDS-br). Além
disso, não é muito provável que a epidemia do Covid-19 dure mais do que a dos
outros coronavírus, o SARS ou o MERS.
A vacina tal como os novos
medicamentos são consideráveis jogadas económicas. Certos laboratórios
farmacêuticos estão prontos a tudo para impedir que os médicos tratem as
pessoas com medicamentos baratos. Lembrem-se como Donald Rumsfeld, quando
dirigia a Gilead Science, fez fechar a fábrica (usina-br) de Al-Shifa que
fabricava medicamentos contra a Sida sem lhe pagar royalties: conseguiu fazê-la
bombardear pelo democrata Bill Clinton alegando que ela pertencia à Alcaida, o
que era absolutamente falso. E, precisamente, o Dr. Hatchett dirige agora a
mais importante associação de vacinas, a CEPI.
O que é que se vai passar agora ?
Em poucas semanas, vemos uma
ruptura considerável em certas sociedades ocidentais. Em França, as liberdades
fundamentais foram suspensas, entre as quais o direito de realizar reuniões e
de se manifestar. Foram colocados em desemprego parcial 13 milhões de
trabalhadores. Ainda que temporariamente tornaram-se em simples assistidos. A
escola vai recomeçar, mas não será obrigatória; os pais escolherão se enviam
para lá os seus filhos ou não. Etc. Isto não é o resultado da epidemia, mas,
tal como acabo de vos explicar, a consequência de reacções políticas ineptas à
epidemia.
O confinamento generalizado obrigatório
havia sido pensado pela equipe de Donald Rumsfeld para transformar a sociedade
dos EUA. Este projecto não foi aplicado nos EUA, mas quinze anos mais tarde na
Europa. A transferência de um continente para outro ilustra o caráter
transnacional do capitalismo financeiro do qual Rumsfeld é um puro produto. Não
há razão para que aqueles que financiaram a equipe Rumsfeld não prossigam o seu
projecto político agora na Europa.
Neste caso, nos próximos anos,
uma grande parte dos trabalhadores europeus seria transferida para a indústria
de armamento. A OTAN, que o Presidente Macron considerava estar em estado de
morte cerebral, e a sua componente civil, a União Europeia, cujos membros se
digladiaram, nestas últimas semanas, para roubar uns aos outros cargas de máscaras,
serão reorganizadas. Estas duas organizações prosseguirão a destruição
sistemática de todas as estruturas estatais do Médio-Oriente Alargado, iniciada
em 2001, depois na Bacia das Caraíbas.
No entanto, os homens de Rumsfeld
cometeram um erro. Ao mascarar o seu projecto de 2006, deram a impressão de
tomar como modelo a China quando impuseram o confinamento generalizado
obrigatório. A China, e já não mais os Estados Unidos, tornou-se de facto o
referente intelectual dos europeus. Vai, pois, tornar-se uma obsessão impedi-la
de continuar a construção das Rotas da Seda. Vai ser preciso cercá-la.
As epidemias não provocam
revoluções, mas suscitam-nas as guerras e os desastres económicos. Hoje, por culpa
de nossos governantes, as economias da UE estão em ruínas e avançamos para a
guerra. Vamos atravessar uma época charneira de onde pode surgir o melhor como
o pior.
Esta evolução do mundo será a
resposta ao desaparecimento das classes médias gerada pela globalização
financeira e denunciada pelos Coletes Amarelos, como a Segunda Guerra Mundial
foi uma resposta ao esgotamento dos impérios coloniais e à crise do capitalismo
dos cartéis em 1929
A França já passou por tal drama.
Foi em 1880-81, quando o capitalismo industrial de então já não conseguia
explorar mais os trabalhadores face ao aparecimento dos sindicatos. Jules Ferry
expulsou certas congregações religiosas e criou a escola laica obrigatória a
fim de arrancar as crianças à influência da Igreja Católica. Fê-las instruir
por partidários do militarismo, os «hussardos negros». Fez deles os soldados do
seu projecto colonial. Durante 35 anos, a França escravizou muitos povos
estrangeiros, depois entrou em rivalidade com a potência emergente da época, a
Alemanha, e viu-se precipitada na Primeira Guerra Mundial.
Nós vamos passar na Europa pelos
mesmos debates que os Estados Unidos viveram há vinte anos atrás. Nós devemos
recusar de forma categórica ser levados a tais crimes. Será este o combate dos
próximos anos. Será o vosso.
Thierry Meyssan* | Voltairenet.org | Tradução Alva
*Intelectual francês,
presidente-fundador da Rede Voltaire e da conferência Axis for Peace. As suas
análises sobre política externa publicam-se na imprensa árabe, latino-americana
e russa. Última obra em francês: Sous
nos yeux. Du 11-Septembre à Donald Trump. Outra obras : L’Effroyable
imposture: Tome 2, Manipulations et désinformations (ed. JP Bertrand,
2007). Última obra publicada em Castelhano (espanhol): La gran impostura II. Manipulación y
desinformación en los medios de comunicación (Monte Ávila Editores, 2008).
[1]
“Covid-19 : Neil
Ferguson, o Lyssenko liberal”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede
Voltaire, 20 de Abril de 2020.
[2]
“Neil Ferguson
demite-se do SAGE”, Tradução Alva, Rede Voltaire, 9 de Maio de 2020.
[3]
“O Covid-19 e a
Alvorada Vermelha”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 28
de Abril de 2020.
[4] A
Comprehensive Evaluation on Emergency Response in China: The Case of Pandemic
Influenza (H1N1) 2009, Lan Xue & Guang Zeng, Springer (2018).
[5] SARS
: how a global epidemic was stopped, WHO (2006). Sars. Reception and
Interpretation in Three Chinese Cities, Routledge (2006). The SARS
Epidemic. Challenges To China’s Crisis Management, John Wong & Zheng
Yongnian, World Scientific Publishing Company (2004).
[6]
« Covid-19 :
L’Occident face à l’exemple chinois », par Thierry Meyssan, Réseau
Voltaire, 9 mai 2020.
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