quinta-feira, 28 de maio de 2020

Cidade do Porto e o norte, mesmo sem asas, sabem voar, Iô


O Porto na baila porque lhe cortam quase sempre as asas. E a polémica estalou. Só ainda não estalaram os vernizes comprados na loja do Chu Song na Constituiçon(ão). As boas maneiras democráticas são reveladas na comunicação social. Os caragos, os morcões e os filhos da pata que os pôs, ouvem-se pelas ruas, pela boca dos plebeus, o povinho. TAP que a pariu também se ouve aqui e ali.

Porquê esta cegarrega? Ora, porque a híbrida TAP anda desde há muito a janar-se para o norte de Portugal. Segue a homilia salazarista e do cardeal Cerejeira de que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem. Aliás, tanto assim foi que ambos vieram, por montes e vales, a bordo de uma tábua a escorregar até à capital. E cá ficaram. E cá fizeram assentamento de quartel general para as suas malvadezes  político-económico-clericais. Foi o fartar vilanagem. Hoje, 28 de Maio era dia santo para os ditadores, o salazarismo nazi-fascista que perdurou por mais de 40 anos, quase 50. Não sabia sobre a “efeméride” nazi-fascista? Gomes da Costa, sabe quem foi? Não? Ora mais um ditador-militar estupidamente aclamado pelo povoléu.... Pois vá à Wikipédia e ficará a saber.  Mansamente, porque tal como os cornudos são quase sempre os últimos a saber, assim também reza a Wikipédia na lavagem ao fascismo salazarista que tramou povo e país. Perdoai-lhes? Não, carago!

Adiante.

Voltando à vaca-fria sobre a TAP e o desprezo que oferece ao Porto, ao norte, que tem aeroporto mas muito poucos aviões da TAP a voar para lá. Até o governo, pela voz de Costa, diz que “isso não se faz”. Não foi o que disse exatamente mas deixou a perceber isso mesmo. A TAP é do Estado Português e de privados. Só ficticiamente é que é dos portugueses. Lucros é mentira e se houver vai para os alforges da matilha dos grandes chulecos que lá estão a dominar. Aliás, mesmo que sem lucros doa “prémios” a essa tal matilha. Tudo à conta dos do costume, dos pagam-e-não-bufam. Esses mesmos, os otários, a plebe. Afinal, a parte de nacionalização da TAP serve exatamente para os portugueses pagarem. Os lucros vão para a referida matilha e apaniguados das ilhargas. O habitual.

O PM António Costa fala, fala, fala, fala… Pois. O habitual. Até apetece acrescentar aqui – com razão: mas que merda de negócio é que vocês (governo) fizeram com os privados? Desde o Passos/Portas a Costa. PSD/CDS e PS, os arquitetos de negócio muito mal cheiroso. Digno de fossa.

Atentem. É que o Porto, o norte de Portugal, mesmo sem asas, vai saber voar e ganhar a refrega. Desta não se vão safar. Iô!

Sobre isso, também mansamente, há uma espécie de prosa (oh, não) de Pedro Candeias, do Expresso. Fundamental, não sobre isso. Ainda bem, porque o restante tem muito mais interesse. E agora... atualize-se sobre as trocas baldrocas.

Bom dia. Expresso Curto, do tio Balsemão Bilderberg, a seguir. Vá nessa. E o FCPorto aqui tão perto, predomina no Curto... Achamos. Vá futebol!

Cuidado. Proteja-se, porque ao que parece a “coisa covidada” vai complicar-se. Não queremos voltar a mais uma ou duas, ou tês, quarentenas obrigatórias… Pois não? Não!

Cuidem-se.

FS | PG

 

Bom dia, este é o Seu Expresso

O presidente dos portuenses que é “amigo” do presidente dos portistas tem um Conselho Superior para dar

Pedro Candeias | Expresso

Durante anos, duas vezes por ano nos anos antes de Cristo, celebravam-se em Roma dois festivais dedicados à Bona Dea, a Boa Deusa. Estas duplas comemorações tinham as suas particularidades que descreverei a seguir.

Antes de mais, eram exclusivas para mulheres, que podiam beber vinho e entregar-se aos sacrifícios pagãos em segurança, pois estes ritos eram-lhe socialmente proibidos pelos homens em quaisquer circunstâncias que não estas.

Por outro lado, a primeira festança, passada em maio, era bastante inclusiva para os padrões de então: havia escravas em comunhão com - não há outra forma de o escrever - as suas proprietárias; a segunda, em dezembro, era menos abrangente e só podia participar quem pertencesse à alta sociedade.

E foi numa destas últimas, em 62 a.c., que o político Públio Clódio Pulcro entrou à socapa disfarçado de mulher, alegadamente com o objetivo de seduzir Pompeia, casada com Júlio César e anfitriã do evento. O intruso foi obviamente apanhado e depois acusado numa trama política muito confusa e pouco edificante de rivalidades antigas.

Mas Clódio acabou absolvido após um longo julgamento em que o próprio Júlio César garantiu nada ter contra ele quando chamado a depôr. Para a posteridade ficou a frase do futuro ditador que o caro leitor estava previsivelmente à espera de ler desde o início deste Expresso Curto: “A mulher de César deve estar acima de qualquer suspeita”, disse em tribunal, quando lhe perguntaram porque se separara de Pompeia se não acreditava na traição.

A partir de então, com uma ou outra variação sobre seriedade e honestidade, esta frase transformada em provérbio é utilizada sempre que alguém pisa as linhas imaginárias da prudência e do bom-senso - que são justamente bem mais elásticas do que as legais, mas que estão lá. E ainda que por vezes o excesso de voluntarismo dos justiceiros sociais as estique até para lá ponto de ruptura, transformando questiúnculas em casos dramáticos de vida ou morte, há exemplos dificilmente relativizáveis.

Dou-lhe dois: o juiz do caso Rui Pinto e a lista de Pinto da Costa para as eleições do FC Porto.

No primeiro caso, o juiz Paulo Registo botou “likes” em publicações nas redes sociais que chamavam “pirata” ao hacker dos Football Leaks e Luanda Leaks, e Ana “Heroína” Gomes à ex-eurodeputada; além disso, Registo não se coibiu de demonstrar o seu benfiquismo. Caçado no Facebook, pediu escusa do processo por considerar que a sua imparcialidade poderia ser posta em causa; o Tribunal da Relação de Lisboa aceitou os seus argumentos e no acórdão está escrito que assim ficou garantida “a legitimidade do Estado de Direito no exercício da ação penal que sejam tramitados de forma transparente e sem polémicas acrescida”.

Como todos nós, o cidadão anónimo Paulo Registo teria a sua opinião sobre o hacker Rui Pinto, mas aquele clique ingénuo no FB fez com que todos nós soubéssemos a opinião do juiz Paulo Registo sobre o mais célebre cidadão de Mafamude que iria ajuizar brevemente em tribunal. Para todos os efeitos, achava-o um “pirata” e um “bisbilhoteiro” - e o seu juízo estava publicamente comprometido e o jogo inquinado.

Para o segundo caso, reporto o capítulo IV dos estatutos do FC Porto. Nas páginas 24 e 25 definem-se os órgãos sociais do clube, a saber, Assembleia Geral, Mesa da Assembleia Geral e o seu Presidente, a Direção, o Conselho Fiscal e Disciplinar e o Conselho Superior. O artigo 42.º diz que os “membros dos órgãos sociais [...] gozam da faculdade de ter um lugar especialmente destinado nos recintos do Clube”; e, no que nos interessa, o artigo 70.º, sobre as “competências” do Conselho Superior, especifica que este “deve ser ouvido sobre os assuntos de magno interesse para o Clube”, “velar pela observância dos estatutos”, “apresentar sugestões ao Conselho Fiscal e Disciplinar” e “emitir pareceres”. É um bocadinho vago para um órgão composto por “20 associados sénior”, mas a lista apresentada pela candidatura do crónico presidente Pinto da Costa é, pelo contrário, concreta. Por causa dos nomes.

Nela estão os muito reconhecíveis Luís Montenegro (ex-candidato à liderança do PSD), Tiago Barbosa Ribeiro (deputado do PS), Nuno Cardoso (antigo presidente da Câmara do Porto), Manuel Pizarro (socialista, vereador da Câmara do Porto) - e Rui Moreira (atual presidente da Câmara do Porto). O Conselho Superior é um fórum meramente consultivo, sim senhor, mas também poderá ser um centrão político-futebolístico que dará uma certa coceira a quem defende que estes dois mundos podem cruzar-se, mas que não se devem misturar.

De todos estes, é evidente que Rui Moreira é o que mais questões levanta e o próprio Pinto da Costa sugeriu duas ou três: “O Dr. Rui Moreira não precisa de apresentação e orgulha-me muito tê-lo nas minhas listas, não por ser meu amigo, não por ser presidente da Câmara do Porto, mas por ser o presidente que é da Câmara do Porto”. Não que o seu portismo fosse segredo - fez parte do programa “Trio D’Ataque” - tal como não é o benfiquismo de Fernando Medina ou o sportinguismo de Eduardo Ferro Rodrigues; ambos são detentores de cargos de responsabilidade política e nenhum deles fez parte de listas nos seus respetivos clubes.

Então, a partir de 7 de junho, dia de eleições de resultado previsível no clube, o presidente dos portuenses - que não é um presidente qualquer, mas um “amigo” do presidente dos portistas -, passará a estar oficialmente dentro da presidência do maior clube da cidade. Onde já esteve antes, em 2012, como membro do Conselho Consultivo da SAD portista ao lado de Fernando Gomes, também ele apresentado na altura como antigo presidente da Câmara do Porto e ex-administrador da GALP.

Depois, em 2014, Fernando Gomes subiu a administrador da SAD do FCP, ficou responsável pela pasta das Finanças, e assim nasceu um putativo candidato à liderança no pós-Pinto da Costa. É possível que aconteça o mesmo com Rui Moreira.

OUTRAS NOTÍCIAS

Começo este segmento com um slogan político de Ursula von der Leyen quando apresentou o Fundo de Recuperação: “Isto é sobre todos nós e é muito maior do que qualquer um de nós. Este é o momento da Europa”. A presidente da Comissão Europeia, que tentou agradar a gregos e a “frugais”, apresentou um plano para ressuscitar as economias que estarão naturalmente moribundas após a crise pandémica: 750 mil milhões de euros a serem distribuídos de duas formas, a fundo perdido e em empréstimos com condições favoráveis; para Portugal, são €15 mil milhões na primeira modalidade e €10,8 mil milhões na segunda. Agora, o condicional: tudo isto será apreciado no próximo Conselho Europeu, em julho, onde se espera que Áustria, Holanda, Dinamarca e Suécia puxem o travão de mão nas negociações. A avisada Angela Merkel disse não acreditar que tudo se resolva de uma só vez.

Uma vez isto tinha de acontecer: Governo, primeiro-ministro, presidente da República e presidentes das câmaras do norte e do sul do país uniram-se num inimaginável consenso contra a administração da TAP e o seu plano de voos para o verão. Toda a gente tem o seu limite e a transportadora área cedeu à pressão política, apresentando novas rotas que contemplam mais partidas e chegadas de e para o Porto - originalmente, eram apenas três por dia. O comunicado da rendição garante que a “companhia está empenhada e vai de imediato colaborar com todos os agentes económicos, nomeadamente associações empresariais e entidades regionais do turismo, para viabilizar o maior número de oportunidades”.

Os números são dramáticos e as comparações inevitáveis: o “The New York Times” estima 100 mil mortes causadas pela covid-19 nos EUA; significa que já morreu mais gente nesta pandemia do que em qualquer conflito que as tropas norte-americanas se tenham envolvido “desde a guerra da Coreia”; significa, também, que a contabilidade se aproxima da pandemia de 1968 [em Portugal, a covid-19 provocou até ao momento 1356 mortos].

Há, porém, uma morte nos EUA que se sobrepõe a todas as outras e que recentra o tema do racismo: George Floyd, um homem negro, faleceu por asfixia na sequência de mais um episódio de brutalidade policial. Os quatro agentes foram despedidos, os protestos deram lugar a motins em Minneapolis e a América reencontra os seus pesadelos. Este texto do Hélder Gomes conta a história e dá o contexto necessário para entender o que se passa.

Entretanto, nada se passou na Florida, pois a SpaceX do atarefado Elon Musk ficou onde estava, em terra, porque apesar de todos os esforços, de toda a tecnologia e de toda a preparação, há sempre algo que ninguém consegue controlar: o mau tempo.

Agora, o desporto:

Hoje, pelas 09h30, é lido o acórdão do mediático caso da invasão a Alcochete que conheceu algumas reviravoltas pelo caminho, a maior das quais a seguinte: no final, o Ministério Público pediu a absolvição do ex-presidente Bruno de Carvalho de todas as acusações que lhe tinham sido inicialmente postas; o facto é que não havia provas a ligar o antigo líder do clube aos acontecimentos.

O regresso da Liga no dia três de junho é outro acontecimento, mas o melhor é não ter grandes expetativas. É a conclusão que se retira deste trabalho do Diogo Pombo que falou com preparadores físicos sobre a retoma da atividade a sério: preveem-se lesões, pode não ser bonito. Porque ficar dois meses em casa, alapado no sofá com exercício intermitente que nunca poderia replicar a intensidade de um treino de futebol, requer uma reabituação para a qual não há manifestamente tempo.

FRASES

“Só me tenho a regozijar que quem erra emende o erro e isso não merece censura”, António Costa, a propósito do volte-face da TAP

“Não sabemos quase nada sobre os vírus que estão a circular em Portugal”, Pedro Esteves, biólogo especializado em imunogenética e doenças infecciosas

“Bolsonaro é um problema do planeta”, Eliane Brum, jornalista e ativista brasileira

O QUE ANDO A LER

Roberto Cisneros propõe-se a um exercício que exige um equilíbrio complicado de gerir: revisitar a história histórica da família Cisneros, a sua, para desencobrir segredos envergonhados e equívocos guardados pela culpa, sem que o livro resulte numa chachada de cordel.

O romance “Deixarás a Terra” arranca com a tetravó do escritor, Nicolasa Cisnero, uma mulher independente e de caráter revolucionário nascida nos anos 1820 no Peru que será cortejada e seduzida pelo padre Gregorio Cartagena, um homem cuja vocação eclesiástica fora já várias vezes desafiada e vencida pelos prazeres da carne e do apetite.

De ambos nascerão sete filhos e com todos se formará uma família forjada em mentiras rebuscadas que resistirão durante anos, porque a verdade era demasiado dolorosa e impensável para ser disputada. Então, as crianças - os sete bastardos trisavós de Roberto Cisneros - julgarão sempre que o verdadeiro pai é um negociante hábil e atarefado que nunca está na casa deles onde muitas vezes está o caridoso padre Gregorio Cartagena que ajuda a mãe na lida da casa e nas coisas do dia-a-dia.

Através de entrevistas com familiares e diligências nos lugares por onde Gregorio andou no passado, Roberto Cisneros desmistifica um apelido respeitável e desconstrói algumas gerações dos homens da sua família, ao mesmo tempo que conta a história do seu país que se fez independente da Espanha.

É uma metaficção escrita em velocidade, com um vocabulário rico e uma honestidade crua.

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