segunda-feira, 11 de maio de 2020

Contrato com empresa dos EUA para invadir Venezuela previa instalar Guaidó na presidência


Acordo firmado com SilvercorpUSA ainda estabelecia possibilidade de financiamento de 'investidores privados' com a garantia de 'preferências de investimento' durante o suposto governo de Guaidó

O governo da Venezuela revelou na sexta-feira (08/05) partes dos anexos do contrato firmado entre a oposição venezuelana e a empresa de segurança privada dos EUA SilvercorpUSA que comprovam que os objetivos da operação eram invadir o país, sequestrar o presidente Nicolás Maduro e instalar um governo presidido por Juan Guaidó.

"O Provedor de Serviços [SilvercorpUSA] irá aconselhar e auxiliar o Grupo Parceiro [militares venezuelanos dissidentes] no planejamento e execução de uma operação para capturar/deter/remover Nicolás Maduro (daqui para frente referido como 'Objetivo Primário'), remover o regime vigente e instalar o presidente reconhecido da Venezuela Juan Guaidó", expressa o contrato divulgado na íntegra pelo jornal Washington Post.

O governo da Venezuela preparou uma tradução para o espanhol da íntegra do documento, que circula entre autoridades e funcionários do Estado venezuelano. Opera Mundi teve acesso a essa versão que pode ser lida aqui.

Sobre os custos da operação, que foi interceptada pelas autoridades venezuelanas no domingo (03/05), o contrato deixa claro que os opositores liderados por Guaidó deveriam pagar a quantia inicial de 1,5 milhão de dólares e, "após a conclusão do projeto, um valor mínimo de 10,86 milhões de dólares, uma média de 14,82 milhões de dólares e um máximo de 16.456 milhões de dólares".




O acordo ainda abre a possibilidade para "investidores privados" com a garantia de "preferências de investimento" durante o suposto governo de Guaidó. "O Provedor de Serviços irá assegurar uma linha de crédito para investidores privados financiarem o projeto. Após a conclusão do projeto, esses investidores terão um status preferencial com o novo governo da Venezuela", diz o texto.

A Silvercorp ainda se compromete em criar uma "Unidade de Objetivo Nacional" que agiria sob comando de Guaidó para, após a derrubada de Maduro, "conter ameaças à estabilidade do governo e ameaças terroristas". 

"Esses serviços incluem, mas não se limitam a aconselhamento de missões, recrutamento, seleção e escolha [de pessoas], programa de testes físicos, programação de alvos, remédios, comunicações, demolições, métodos de invasão, vigilância, reconhecimento de alvos", afirma o acordo.

Definindo como "forças hostis" o presidente Nicolás Maduro, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Diosdado Cabello, e "qualquer apoiador armado" do governo, o contrato destaca que "o uso da força para completar as missões autorizadas será necessário e proporcional, ou seja, razoável em intensidade, duração e magnitude".

Invasão fracassada

Um grupo armado tentou invadir a Venezuela no domingo (03/05), em uma operação interceptada pelas autoridades venezuelanas na região portuária de La Guaira. Na segunda (04/05), outros oito membros da operação de invasão, entre eles dois norte-americanos, foram presos em Chuao, cidade costeira ao norte da Venezuela. De acordo com o governo venezuelano, os criminosos foram interceptados pelos próprios moradores da vila e pela milícia bolivariana local, para depois serem entregues à FANB.

Juan José Rendón, assessor político do autoproclamado presidente da Venezuela Juan Guaidó, admitiu ter contratado a Silvercorp, empresa de segurança e gerenciamento de risco da Flórida, cujo dono diz já ter prestado serviços na área para Donald Trump, para invadir o território venezuelano e sequestrar lideranças do governo legítimo do país, incluindo o presidente Nicolás Maduro.

As declarações foram dadas à CNN em espanhol na noite de quarta-feira (06/05), logo após o governo venezuelano anunciar a captura de um terceiro grupo de pessoas envolvidas na tentativa de invasão que ocorreu no domingo (03/05).

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