Cerca de 162 mil pessoas foram
afetadas pela violência armada na província de Cabo Delgado, norte de
Moçambique. Aproximadamente 500 pessoas morrem nos ataques perpetrados por
insurgentes.
O governo de Cabo Delgado vai
criar um centro de acolhimento para 1.027 pessoas afetadas pela violência
armada no bairro de Paquitequete, cidade de Pemba, anunciou o governador
daquela província do norte de Moçambique, Valige Tauabu. Segundo os levantamentos,
o número de pessoas afetadas pela violência armada subiu de 152 mil para 162
mil, informou esta quarta-feira (13.05.) fonte oficial.
Segundo um documento do Instituto
Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), sobre a situação humanitária da
província, "a maior parte dos afetados está localizada nos distritos de
Macomia [29 mil], Mocímboa da Praia [26 mil] e Quissanga [15 mil]",
estando os restantes distribuídos entre 14 outros distritos.
O governo está a desenhar
"um plano amplo de intervenção, enquanto as Forças de Defesa e Segurança
procuram restabelecer a ordem e tranquilidade nas aldeias de origem dos
afetados para posterior retorno", disse o governador de Cabo Delgado à Lusa.
O governador falou sobre a
situação durante uma visita na terça-feira (12.05) ao bairro de Paquitequete,
situado na zona costeira de Pemba e que alberga muitos deslocados dos distritos
de Quissanga, Macomia, Mocímboa da Praia e Ibo, entre os mais afetados pelas incursões
de grupos armados na província.
No bairro de Paquitequete, as
vítimas da violência armada têm sido acolhidas pelos respetivos familiares e
amigos, estando as autoridades a registar casos de agregados familiares com
mais de 20 pessoas na mesma residência. Como é o caso de Eurico Manuel, que
fugiu do distrito de Mocímboa da Praia, onde trabalhava como funcionário da
administração marítima, para procurar abrigo na casa da sua sogra.
Fome e mortes
O Programa Mundial de Alimentação
(PMA) prevê assistir mais de 84 mil pessoas nos distritos do Ibo, Macomia,
Mocímboa da Praia, Nangade, Palma, Quissanga, Mueda e Metuge.
De acordo com o INGC, é
necessário assegurar a assistência humanitária para um período mínimo de seis
meses na região e "mobilizar recursos adicionais para a estabilização da
vida dos deslocados internos".
Cabo Delgado vê-se a braços
com ataques de grupos armados classificados como uma ameaça terrorista, que
desde outubro de 2017 já matou pelo menos 500 pessoas.
No final de março, as vilas de
Mocímboa da Praia e Quissanga foram invadidas por um grupo, que destruiu várias
infraestruturas e içou a sua bandeira num quartel das Forças de Defesa e
Segurança.
Na ocasião, num vídeo
partilhado na internet, um alegado militante 'jihadista' justificou os
ataques de grupos armados com o objetivo de impor uma lei islâmica na
região.
Deutsche Welle | Lusa
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