Este ano com muito menos trabalhadores presentes na jornada de luta de 2020, por via do vírus |
Nestes 130 anos, com mais ou
menos liberdade, com mais ou menos força e intensidade, o 1.º de Maio tem sido
um marco na história da luta organizada dos trabalhadores.
Filipe Marques | AbrilAbril | opinião
Dia Internacional do Trabalhador,
dia de luta e de solidariedade, é um acontecimento inapagável da luta da classe
operária e de todos os trabalhadores, a nível mundial.
Com profundas raízes históricas,
assentes na luta do operariado americano, pela redução do horário de trabalho
para oito horas/dia (48 semanais), iniciada em 1 de Maio de 1886, violentamente
reprimida pelas forças ao serviço do capital, o 1.º de Maio é o dia em que
trabalhadores de todo o mundo se unem na defesa das suas reivindicações concretas
e na exigência do respeito pelos direitos sindicais, sociais e laborais pelos
governos e pelo patronato.
O impacto da luta junto dos
trabalhadores em todo o mundo, levou os Congressos Socialistas de 1889, em
Paris, em homenagem aos mártires de Chicago, a declararem o 1.º de Maio como
Dia Internacional do Trabalhador, decidindo que todos os anos e para sempre, a
partir de 1890, a classe operária apresentaria ao poder público e ao patronato
as suas reivindicações.
O operariado português pertence
ao grupo daqueles que, pelo mundo fora, assinalaram o primeiro 1.º de Maio
como Dia Internacional do Trabalhador, em 1890.
Nestes 130 anos, com mais ou
menos liberdade, com mais ou menos força e intensidade, o 1.º de Maio tem sido
um marco na história da luta organizada dos trabalhadores. As reivindicações de
então, assim como a essência da luta de classes, que opõe o trabalho ao
capital/patronato, continuam actuais.
Este ano, é no contexto do surto
pandémico de Covid-19 que a CGTP-IN, em todos os distritos, assinalará
o 1.º de Maio. Naturalmente não o podemos fazer nos moldes habituais, mas
estaremos na rua, garantindo a protecção e o distanciamento sanitário de todos
os participantes, afirmando o nosso protesto contra a violação dos direitos, as
nossas reivindicações e a nossa luta por melhores condições de vida e de
trabalho.
São os trabalhadores que estão na
linha da frente do combate à pandemia, assegurando os serviços de saúde, os
serviços públicos e sociais, a produção, a logística e distribuição de bens e os
serviços essenciais, prova inequívoca de que sem os trabalhadores nada
funciona, inclusive a economia. Apesar disso, são eles os mais afectados por
medidas políticas, económicas e sociais desequilibradas a favor do grande
capital, que não garantem o emprego, os salários e os direitos.
Algumas consequências dessas
medidas são já visíveis, com mais de um milhão e duzentos mil trabalhadores em lay-off e
a perda de um terço da sua retribuição, muitos milhares com salários em atraso
e outros sem qualquer remuneração.
Muitas empresas têm aproveitado
este cenário para atropelar os direitos dos trabalhadores, através de
despedimentos ilegais, da precariedade, da constante tentativa de desregulação
dos horários de trabalho, da imposição de férias forçadas, cortes de subsídio
de refeição e horários alagados, como é o caso dos que estão em teletrabalho,
entre tantos outros exemplos.
Após anos sucessivos marcados por
opções políticas de governos do PS, PSD e CDS, traduzidas num enorme
desinvestimento nos serviços públicos, no aprofundar do modelo de
desenvolvimento assente na matriz de baixos salários, na precariedade e no
ataque aos direitos dos trabalhadores, as condições de resposta ao problema
sanitário, assim como à situação económica do País, são mais fracas.
Neste quadro, as reivindicações
da CGTP-IN assumem particular importância para os trabalhadores e para o País,
designadamente: investimento nos serviços públicos e funções sociais do Estado;
revitalização do aparelho produtivo; aumento geral dos salários; manutenção dos
postos de trabalho, independentemente do vínculo laboral; condições de
segurança e saúde, que efectivamente protejam os trabalhadores.
Somam-se as reivindicações
específicas de cada local de trabalho e sector, que terão expressão pública
neste 1.º de Maio, tal como a denúncia dos abusos verificados em várias
empresas.
Este 1.º de Maio, apesar do
contexto, não é uma simples comemoração, mas uma acção de luta em que aqueles
que estarão na rua representarão todos os trabalhadores e reformados, que, não
podendo participar, estarão solidários a partir das suas residências e locais
de trabalho, afirmando com toda a força os direitos e as conquistas de Abril!
Apesar do momento que
atravessamos, há razões para ter confiança. Como já aconteceu com outras
pandemias e com outras curvas apertadas da nossa história, com a força organizada
dos trabalhadores, vamos vencer as dificuldades e prosseguir a luta pela defesa
do emprego, dos salários e dos direitos.
Prova disso é que, numa altura em
que são atacados os direitos sociais, laborais e sindicais, os trabalhadores
continuam a sindicalizar-se nos sindicatos da CGTP-IN, facto que dá mais força
à luta necessária na defesa dos seus interesses de classe, por melhores
condições de vida e de trabalho.
Para isso, como sempre, os
trabalhadores podem continuar a contar com a CGTP-IN, que este ano comemora 50
anos de acção e luta, por um Portugal com futuro.
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