É o que diz o ministro do
Interior moçambicano, que acrescenta: os atacantes que atuam em Cabo Delgado recorrem
também a "drones". Amade Miquidade garantiu, porém, que esses grupos
estão a “perder terreno”.
O ministro fez as declarações no
Parlamento, em Maputo, esta quarta-feira (27.05), quando respondia a perguntas
dos deputados sobre estratégias para o fim da violência naquela
província do norte de Moçambique.
Na sua ação, os insurgentes usam
a população civil como "escudos humanos", descreveu o ministro. Amade
Miquidade avançou que os grupos adotam táticas de guerrilha, organizando-se em
pequenas formações para protagonizarem ataques a alvos das populações e das Forças
de Defesa e Segurança (FDS).
"Ainda como 'modus operandi'
aliciam algumas lideranças locais e religiosas, usam locais de culto para
concentração e perpetração de ataques e inserem-se na comunidade constituindo
famílias que lhes dão guarida social, sob coação", acrescentou.
Amade Miquidade assegurou que as
FDS estão a ganhar terreno na luta contra os grupos armados em Cabo Delgado ,
colocando-os em fuga para zonas mais distantes das comunidades.
"O inimigo está em fuga, em
permanente movimento, em busca de refúgios seguros, mas nós estamos no seu
encalço, principalmente em zonas remotas dos distritos de Quissanga e Mocímboa
da Praia", sublinhou Amade Miquidade.
As FDS, prosseguiu o ministro,
apostam no corte das linhas de abastecimento logístico e militar dos grupos
armados, para impedir o fornecimento de armas, alimentos, transporte e
comunicações.
Por outro lado, o Governo está
empenhado em barrar o recrutamento de jovens pelos referidos grupos, assegurou
o ministro do Interior.
Miquidade frisou que a violência
no norte do país tem impacto na África Austral, sendo por isso que o órgão de
política, defesa e segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral
(SADC) manifestou este mês solidariedade com o direito de defesa de Moçambique
contra as ações de grupos armados.
O ministro do Interior não
indicou a origem do uniforme militar usado pelos grupos armados nem dos
"drones".
Desenvolvimento
Entretanto, Amade Miquidade
assinalou que a violência armada em Cabo Delgado não deve impedir o prosseguimento de
ações de desenvolvimento económico e social na província.
Cabo Delgado, região onde avançam
megaprojetos para a extração de gás natural, vê-se a braços com ataques de
grupos armados classificados como uma ameaça terrorista desde outubro de 2017.
As autoridades moçambicanas
contabilizam um total de 162 mil pessoas afetadas pela violência armada. Pelo
menos 550 pessoas já morreram vítimas da violência, desde 2017.
Violência no centro
Em relação à violência armada no
centro do país, Amade Miquidade voltou a acusar a autointitulada "Junta
Militar" da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido
da oposição, pelos ataques na região, garantido que as FDS estão empenhadas no
combate ao grupo.
No centro do país, desde agosto
de 2019, incursões armadas atribuídas a uma dissidência da guerrilha da RENAMO,
principal partido da oposição, têm visado forças de segurança e civis em
aldeias e nalguns troços de estrada da região, tendo causado mais de 20 mortos
e vários feridos, além da destruição de veículos e outras infraestruturas.
Deutsche Welle | Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário