COM O DEDO NA FERIDA
Martinho Júnior, Luanda
Inspiradas na “proficuidade” das
redes “stay behind” da NATO, sensibilidades sociopolíticas
portuguesas alimentam a campanha fraccionista, pró-fraccionista e
pós-fraccionista, “perpetuando” os acontecimentos do 27 de Maio de
1977 e procurando em 2020 inibir ou sabotar a ampla iniciativa da IVª república
angolana em prol da Paz e da Reconciliação Nacional!
01- Hoje, 27 de Maio de 2020,
Leonor Figueiredo lança, no seguimento de outras suas intervenções anteriores,
em pleno jardim de Lisboa (à beira-mar plantado), mais um outro “livrinho” dessa
saga, colando a iniciativa duma tão cinzenta quão híbrida “extrema-esquerda” à
do “historiador” fascista Carlos Pacheco, tendo como alvo a figura do
Presidente António Agostinho Neto.
O que publicou na sua página do
Facebook indicia quanto Leonor, com os olhos de 2020, procura reinterpretar
hoje em função duma corrente de guerra psicológica “soft power” da
conveniência e interesse do império da hegemonia unipolar, os acontecimentos,
as figuras e as sensibilidades inerentes à formação e arranque da República
Popular de Angola na 2ª metade da década de 70 em Angola!
Esse “feito” integra
uma já longa campanha fraccionista, pró-fraccionista e pós-fraccionista, que,
sendo dirigida contra o carácter da República Popular de Angola e incidindo
sobre a figura de António Agostinho Neto, procura de algum modo afectar “suavemente” e
agora, os propósitos alargados de Paz e Reconciliação da IVª república angolana
sob a égide do Presidente João Lourenço!
Tal como na Agenda de Nito Alves,
Leonor nada diz sobre o Movimento de Libertação em África, do seu Não
Alinhamento activo, do seu papel heroico de luta contra o colonialismo e
o “apartheid” intimamente ligados conforme a exposição hoje possível
de identificar do Exercício Alcora e dos “trabalhos” sobre a PIDE/DGS
e seus interpares, continente-berço adentro antes do 25 de Abril de 1974 e
redundantemente após o 25 de Novembro de 1975 em Portugal!...
Isso não interessa porque,
tolhida a história, a campanha decide sentenciosa que o Presidente António
Agostinho Neto é um “ditador”!…
Desse modo, por tabela valoriza a
identidade fraccionista, agarrando levianamente o estafado slogan em versão
estreita de conveniência “contra a ditadura”, num momento em que por via
do Ministério da Justiça, a IVª república angolana procura de algum modo
desenvolver os esforços de Paz e Reconciliação da Comissão de Reconciliação em
Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos em Angola!
Já que tanto uso e abuso se faz
da imperial língua e textura camoniana, uma pergunta se impõe sobre esta
Leonor: não será ela a Lianor que “pela verdura, vai para a fonte, fermosa
e não segura”?!... (https://www.youtube.com/watch?v=3hJBZv3OJDk; https://www.youtube.com/watch?v=WBKc96Q8GRs).
02- Não é um facto contemporâneo
isolado, pois as entidades que nutrem essa campanha estão associadas de algum
modo a um já longo trabalho de sapa tendo como alvo Angola, o estado angolano e
algumas das suas sensibilidades sociopolíticas de forma a, conforme diz o
ditado, fazer com que “água mole em pedra dura, tanto dá até que fura”!
Entre essas entidades e seguindo
trilhas distintas em função de currículos e acontecimentos mais díspares, há
diversas que dão corpo à campanha, dando o seu próprio corpo ao manifesto,
aninhadas em potentados como o Clube Bilderberg e as suas tentaculares
capacidades de comunicação dominante, ou seja, tirando partido dos engenhos e
das artes do seu representante para Portugal (e pelos vistos, por tabela
e “transversalmente”, para a CPLP), Francisco Pinto Balsemão!
Durão Barroso, que é tido como o
sucessor de Francisco Pinto Balsemão no Clube e é um “emérito” comentador
da SIC, Durão Barroso que desde o MRPP em última análise se “refugiou” no
Goldman Sachs, até “está autorizado” a proclamar em Luanda em jeito
de “grito do Ipiranga”, aproveitando o convite da Comissão de História do
MPLA e num cenário correlacionado, que “o muro de Berlim começou a ser
derrubado em Angola, em África”!…
José Milhazes, que é
representante da SIC em Moscovo e profundamente implicado no sistema
comunicativo da “glasnost global”, até se dá ao luxo de publicamente se
interrogar e sugerir, especulando, que o Presidente José Eduardo dos Santos,
terá sido “o principal vencedor do 27 de Maio de 1977”… (https://www.operanewsapp.com/ao/pt/share/detail?news_id=34b8de04e9921dbaed5f919a299d2a58&news_entry_id=285392df200521pt_ao&open_type=transcoded&request_id=HOME_PAGE_8b9fed08-522b-407a-b828-6e0885239eb5&from=news).
“Mil Ases” entre os “milhafres”,
além de jamais conhecer o significado e o peso do Não Alinhamento activo e do
seu impacto Tricontinental, em África em particular de Argel ao Cabo, nos
arquivos Soviéticos parece ainda não ter descoberto que a URSS a 27 de Maio de
1977 já tinha começado a fornecer material de guerra à República Popular de
Angola, a um nível que antes não ocorreu com a guerrilha do MPLA, quer o
material que compôs a Unidade da Guarda Presidencial, quer a 9ª Brigada.
Foram blindados de fabrico e
fornecimento soviético que partiram do quartel da 9ª Brigada, tripulados por
fraccionistas, que dispararam os primeiros tiros, (tendo como alvo a prisão de
São Paulo), acabando por tomar a prisão dando início à tentativa do golpe e
foram os blindados de fabrico e fornecimento soviético da UGP que, tripulados
pelos fiéis a António Agostinho Neto, responderam às ordens do
Comandante-em-Chefe de Angola e foram decisivos no contragolpe, tudo isso muito
antes da “glasnost global” do tempo do agente Boris Yeltsin, de que
o “milhafre” é porta-voz, chegar à “sábia” conclusão “histórica” de
que “Angola foi o princípio do fim para a URSS”!
O “milhafre” porta-voz
da “Glasnost global” só poderia procurar pistas de conveniência para
chegar a uma escabrosa concepção dessas, a concepção que esse tipo de servos
são peritos: atribuem a outros, a “terceira bandeira”, o espectro de
práticas de conspiração e provocação que detêm ou defendem, a fim de melhor
diluir ou esconder suas próprias responsabilidades implicadas na busca de
domínio do império que servem, como um contínuo procedimento de guerra
psicológica “soft power” de que a IIIª Guerra Mundial é pródiga por
parte dos sistemas do império de hegemonia unipolar!
“O princípio do fim” tem que
ver com a vida interna desde logo da União Soviética, onde aqueles que desde
antes de Ronald Reagan fizeram o trabalho de sapa que os revolucionários
cubanos (entre eles o Comandante Che Guevara) em tempo oportuno observaram e
levaram em consideração sempre com a vocação de perfilhar sobretudo lógica com
sentido de vida!
Isso é algo que foge à visão
dos “milhafres” que só existem por que é necessário perpetuar os
termos da (pós) Guerra Fria, neste caso por via do pós-fraccionismo!
À Não-Alinhada e muito activa
Revolução Cubana aliada consequente do Movimento de Libertação em África, muito
antes da “glasnost”, o império nas suas práticas de conspiração que
filtraram a URSS levando-a à implosão, não conseguiu iludir!
Depois, uma vez que o “milhafre” jamais
pôs os pés em Angola e por isso indicia achar que Angola é mesmo um corpo
inerte rendido à sua megalomania transcendental (é próprio desse tipo de aves
de rapina), é incapaz de deter um grão de sensibilidade e vivência do sul para
alguma vez avaliar os conteúdos da IIIª Guerra Mundial com outros olhos, com
outra pele e com uma geoestratégia de Argel ao Cabo da Boa Esperança que hoje
continua a luta por via da lógica com sentido de vida face aos manifestos
desafios da presente pandemia em África!
Sua demência do âmbito da trilha
conspirativa dominante (a demência que atribui a outros decerto que não é do
domínio), sustenta o equívoco de reduzir ainda hoje tudo aos pressupostos da
Guerra Fria, quando de há muito o que está em causa é a civilização ou a barbárie,
é a vida da humanidade e o respeito pelo planeta, face aos que tantas
demonstrações têm dado de práticas sangrentas de conspiração, provocação e
irracionalidade!
São os “milhafres” que
estão a esgotar os recursos da Terra pelo simples facto que desde o berço estão
inebriados pela avidez de lucro sem fim que instrumentaliza a essência de seu
domínio, o domínio que é matriz do “apartheid” a que tem conduzido
a “glasnost global” de que este “milhafre” é porta-voz!
Sobre José Milhazes, há neste
momento e a propósito, que evidenciar o seguinte (transcrição):
“O SERVO DA GLASNOST GLOBAL
PUBLICOU OUTRA ESPECULAÇÃO SOBRE OS ACONTECIMENTOS RELACIONADOS COM O 27 DE
MAIO DE 1977...
SE HOUVESSE O MÍNIMO DE FÉ SOBRE
O QUE ESCREVEU, O ESPECULADOR EM CAMPANHA DIRIA QUE NA AGENDA DE NITO ALVES NÃO
CONSTAVA NADA SOBRE A NECESSIDADE DE LUTA CONTRA O APARTHEID NA ÁFRICA AUSTRAL!
DE FACTO A URSS PASSOU A APOIAR A
RPA COM MATERIAL, APENAS POR QUE A RPA PASSOU A SER DECIDIDAMENTE A TRINCHEIRA
FIRME DA REVOLUÇÃO EM ÁFRICA E POR QUE NA NAMÍBIA, NO ZIMBABWE E NA ÁFRICA DO
SUL ESTAVA A CONTINUAÇÃO DA NOSSA LUTA!...
QUER DIZER: O SERVO DA GLASNOST
GLOBAL DÁ SEQUÊNCIA HOJE À AGENDA DE NITO ALVES, PROLONGANDO AS LINHAS DO
FRACCIONISMO TENDO COMO SEU OBJECTIVO PRINCIPAL A MOLDAGEM DO MPLA!”… (https://www.facebook.com/martinho.junior.9066; https://club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=40677%3Ajose-eduardo-dos-santos-o-principal-vencedor-do-27-de-maio-de-1977-jose-milhazes&catid=17%3Aopiniao&lang=pt&Itemid=1067&fbclid=IwAR0rv4BUwaYxUm0foMeVGRroCGjxuevKk0rj0z4wHFJBj1_zwnIB6Rka3_0).
03- A 26 de Maio de 2020, pelas
21 horas, a financeiramente malparada televisão privada que em Luanda dá pelo
nome de TV Zimbo, no preciso momento em que na 9ª Brigada os fraccinistas há 43
anos preparavam os blindados BRDM-2 que iriam atacar a tiro de armas de calibre
14,5mm, de surpresa e pela surra da madrugada, a cadeia de São Paulo em Luanda,
(subvertendo no mesmo local, o simbolismo do 4 de Fevereiro de 1961), promoveu
uma “mesa redonda” cujos participantes não abordaram a corrente
campanha de ingerência e manipulação, dos seus vocacionados promotores e das
entidade-de-mão que a alimentam a partir de Portugal, num serviço de tão dócil,
tão “suave”, quão cinicamente velada e persistente
manipulação!... (https://angola-online.net/tag/TV%20Zimbo).
A “privada” TV Zimbo,
de “tão prestimosos ofícios”, não pretende desse modo tentar “privar” algumas
sensibilidades sociopolíticas angolanas contemporâneas, tentando moldar algumas
conveniências psicológicas?
Apesar desse risco que
aparentemente se vai desvanecendo, há sinais que reforçam os programas e
esforços de Paz e Reconciliação da Comissão de Reconciliação em Memória das
Vítimas dos Conflitos Políticos em Angola, levando em conta as pernas que esse
programa já vai tendo para andar!... (https://club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=40760:27-de-maio-o-que-se-ganha-em-saber-quem-e-como-assassinou-o-nosso-ente-querido-eduardo-lisboa&catid=17:opiniao&lang=pt&Itemid=1067).
Não houve “privatização
mental” no debate transmitido pelas 21 horas de 26 de Maio de 1977, que
evitou fazer referência à longa campanha pos-fraccionista induzida de fora para
dentro de Angola tirando partido dos acontecimentos do 27 de Maio de 1977 e das
mensagens de conveniência da guerra psicológica “soft power” do
império da hegemonia unipolar por via da tão servil quão disponível “plataforma
luso-angolana” com base em Lisboa (jamais em Moscovo)!
De assimilação em assimilação,
indicia-se começar a barrar mais uma adequação de velhos processos de
ingerência e manipulação da NATO, alguns deles aproveitando a estafada visão de
apologia do império de quinhentos, segundo os parâmetros socioculturais e
sociopolíticos camonianos.
Os indígenas (e não os
assimilados) angolanos, os indígenas que não se podem em consciência privatizar
por que não sendo mercenários, continuam a ser ainda hoje patriotas com os
olhos e toda a sensibilidade do sul e não ao nível arrogante dum qualquer “milhafre”,
não podem deixar de apontar o dedo a mais um acto de tentativa de sub-reptícia
assimilação, sem deixar de estar em sintonia com o estado angolano!
Se escapa o facto desses
sobreviventes terem, sob o ponto de vista de legitimidade histórica, o direito
a um contraditório que jamais a eles foi até hoje estendido, (também por que
esse contraditório tem sido banido por todo o tipo de campanhas), há vocações,
capacidades e instituições capazes de levar por diante o trabalho de
investigação histórica, o que é outro sucesso que os “milhafres” não
vão em Angola ter acesso!
04- O silêncio e o fogo da
ingerência e da manipulação luso-angolana de determinadas elites mentalmente
formatadas enquanto “milhafres”, não vão nem apagar nem subverter a
história, como não conseguirão empolar ou manipular os amplos esforços de Paz e
Reconciliação da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos
Políticos em Angola!
Esquecem-se que antes como hoje,
é a lógica com sentido de vida que é a essência vocacional do rumo de Angola e
de todos os seus mais convictos patriotas, em especial os que colocam suas
próprias pernas titubeantes no futuro, também na esteira de ampla Paz e
Reconciliação em curso!
Martinho Júnior -- Luanda, 27 de Maio de 2020
5 Fotos de Agostinho Neto, cuja
vida foi de “Renúncia Impossível”
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