Milhares de manifestantes em
vários pontos dos Estados Unidos ajoelharam-se durante protestos, acompanhados
por polícias, num gesto simbólico desde que George Floyd morreu, deitado no
chão, com o joelho de um polícia sobre o pescoço.
Apesar de poder ter sido o motivo
da morte do cidadão afro-americano George Floyd em Minneapolis (Minnesota) há
uma semana, o movimento de ajoelhar-se tornou-se símbolo de protesto contra o
racismo e a violência policial contra cidadãos afro-americanos desde um jogo de
futebol americano há quatro anos.
A 26 de agosto de 2016, o jogador
e ativista Colin Kaepernick ficou ajoelhado durante o hino nacional, gesto que
foi considerado por alguns setores altamente ofensivo e desadequado para a
cerimónia que antecedeu um jogo.
"Não me vou levantar para
mostrar orgulho por uma bandeira de um país que oprime negros e pessoas de
cor", disse Kaepernick, que na altura integrava a equipa San Francisco
49ers.
"Para mim, isto é mais do
que futebol e seria egoísta da minha parte olhar para o lado",
acrescentou, em declarações à imprensa.
Em protesto contra a brutalidade
dos polícias norte-americanos e contra o racismo, o jogador repetiu o movimento
durante o hino nacional nos restantes jogos daquela época desportiva, até sair
dos 49ers e não ser contratado por nenhuma outra equipa, o que levou a supor
que estaria a ser excluído de propósito e que estava a ser forçado a terminar a
carreira desportiva.
Nos últimos dias, têm sido
milhares os manifestantes que param e ajoelham-se durante os protestos,
enquanto gritam nomes de afro-americanos desarmados mortos por polícias ou
levantam cartazes com a frase repetida por George Floyd, quase sem voz:
"Não consigo respirar".
Os protestantes chegam a estar
nove minutos com um joelho no chão, sabendo que foi exatamente durante oito
minutos e 46 segundos que a vítima foi asfixiada.
O gesto de solidariedade também
já foi realizado por polícias em todo o país, de Nova Iorque a Los Angeles,
imagens que chegaram às primeiras páginas dos jornais norte-americanos.
Em alguns casos, os polícias
ajoelhados e com máscaras nos rostos rezam.
Outros polícias optaram por
juntar-se à marcha dos manifestantes e esclarecer que estão presentes para
defender a população e não para ameaçar a sua segurança.
Imagens divulgadas nas redes
sociais mostram um xerife do Michigan a colocar de lado as armas, e a
manifestar o seu apoio a todos aqueles que protestam pelos direitos dos
afro-americanos.
George Floyd, um afro-americano
de 46 anos, morreu a 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um
polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de
oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia
respirar.
Desde a divulgação das imagens
nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o
racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco
de atos de pilhagem.
Pelo menos quatro mil pessoas
foram detidas e o recolher obrigatório foi imposto em várias cidades, incluindo
Washington e Nova Iorque, mas diversos comentários do Presidente norte-americano,
Donald Trump, contra os manifestantes têm intensificado os protestos.
Os quatro polícias envolvidos no
incidente foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no
pescoço de Floyd, foi detido, acusado de assassínio em terceiro grau e de
homicídio involuntário.
A morte de Floyd ocorreu durante
a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18
euros) numa loja.
TSF | Lusa
Imagens: 1 – Twitter; 2 -
© Thearon W. Henderson/Getty Images/AFP
Colin Kaepernick e os colegas de
equipa Eric Reid e Eli Harold ajoelham-se, em protesto, durante o hino nacional
num jogo da NFL - © Thearon W. Henderson/Getty
Images/AFP
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