O ministro da Defesa de Israel
pediu hoje ao exército para se preparar para a anexação de partes da
Cisjordânia ocupada, medida que é vista como uma aparente antecipação ao que
poderão ser as reações palestinianas.
A declaração de Benny Gantz foi
proferida depois de o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ter
analisado hoje a eventual anexação com Jared Kushner, conselheiro e genro
do Presidente norte-americano, Donald Trump, autor do plano da Casa Branca para
o Médio Oriente que favorece largamente Israel.
Na declaração, Gantz, sem
mais pormenores, pediu aos militares para acelerarem a preparação para a
anexação e ao chefe das forças armadas israelitas para que o faça "antes
dos passos políticos na agenda da questão palestiniana".
Além dos protestos palestinianos
e regionais a que qualquer passo nessa direção poderá desencadear, a
medida de Gantz poderá também vir a pôr em causa os laços de Israel
com os Estados do Golfo Árabe.
Um desses países, os Emirados Árabes Unidos
(EAU), pediu hoje a Israel para cancelar o plano para anexar partes da Cisjordânia ocupada,
adicionando uma longa lista de Estados que condenaram já a previsível
movimentação israelita.
O ministro de Estado e dos
Negócios estrangeiros dos EAU, Anwar Gargash, publicou hoje na
rede social Twitter uma mensagem em que advertiu que uma anexação dos
territórios ocupados pelos palestinianos "vai prejudicar a possibilidade
de uma paz regional".
"Qualquer movimentação
unilateral de Israel será um sério revés para o processo de paz", disse,
acrescentando que uma anexação "constituirá uma rejeição ao consenso árabe e
internacional em torno da paz e da estabilidade".
Na sequência do plano para o
Médio Oriente apresentado por Trump, o primeiro-ministro israelita disse que
iria anexar parte da Cisjordânia, incluindo o estratégico Vale do Jordão e
dezenas de colonatos judeus, movimentação que, segundo Netanyahu,
começará em julho.
O plano norte-americano prevê
deixar cerca de um terço da Cisjordânia, de que Israel se apoderou em
1967, sob permanente controlo israelita, garantindo aos palestinianos a
expansão da autonomia no restante território.
Os palestinianos, que pretendem
manter toda a Cisjordânia como parte de um Estado independente,
rejeitaram o plano de Trump, considerando que beneficia
"injustamente" Israel.
O plano de anexação provocou uma
onda de críticas da comunidade internacional, mesmo de alguns dos mais próximos
aliados de Israel, que defendem que qualquer alteração ao mapa no Médio Oriente
destruirá as já poucas esperanças de criação de um Estado palestiniano e de um
acordo de paz.
Os EAU estão entre os
países do Golfo Árabe que não têm relações diplomáticas oficiais com
Israel, funcionando, porém, nos bastidores com grande atividade.
Aguarda-se que este grupo de
países possa desempenhar um papel fundamental numa potencial iniciativa de paz
de Trump para a região.
A Arábia Saudita, outro país árabe influente,
anunciou recentemente a "rejeição" ao plano de anexação israelita. A Jordânia e
o Egito, os dois únicos países com acordos de paz formais com Israel,
também condenaram o plano.
Os palestinianos afirmaram
recentemente que já não se sentem obrigados a honrar os acordos assinados no
passado com Israel e suspenderam a cooperação securitária como forma
de protesto contra a anexação.
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: Reuters
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