A União Europeia manifestou-se
hoje "preocupada" com a ameaça dos EUA de aplicar novas taxas
punitivas a certos produtos europeus, no quadro do processo de subvenções às
construtoras aeronáuticas europeia Airbus e norte-americana Boeing.
Segundo um documento oficial
divulgado na noite de terça para quarta-feira, a administração do Presidente
norte-americano, Donald Trump, indicou estar a analisar a imposição de taxas
suplementares equivalentes a 3.100 milhões de dólares (2.744 milhões de euros)
a produtos europeus.
"[A ameaça] cria incerteza
às empresas e vai provocar prejuízos económicos inúteis para os dois lados do
Atlântico", numa altura em que as corporações estão a tentar ultrapassar
as dificuldades criadas pela pandemia de covid-19, explicou o porta-voz do
executivo europeu, num comunicado.
"Estamos preocupados uma vez
que [as novas taxas] vão além do que está autorizado pela OMC [Organização
Mundial do Comércio]", acrescentou.
Desde outubro de 2019, outros produtos, como o vinho e queijo, são taxados em cerca de 25%.
Em março deste ano, Washington decidiu aumentar de 10% para 15% as taxas aduaneiras impostas aos aviões Airbus importados da Europa.
Bruxelas, por seu lado, aguarda uma decisão da OMC sobre o mesmo dossiê, o que também permitiria estabelecer impostos punitivos contra os Estados Unidos.
"Esperamos que a OMC tome a decisão arbitral final do processo da Boeing no início de julho", afirmou no início deste mês o Comissário Europeu do Comércio, Phil Hogan.
"A Comissão [Europeia] calibrará cuidadosamente a sua proposta para fazer o melhor uso do nível de retaliação autorizado pela OMC, qualquer que seja, com uma seleção de produtos aos quais poderemos exercer pressão sobre os Estados Unidos sem causar problemas à nossa própria indústria", afirmou Phil Hogan.
Hoje, o porta-voz da Comissão Europeia (CE) sublinhou que "a prioridade" da UE é "encontrar uma solução negociada equilibrada" no litígio entre a Airbus e a Boeing.
"A UE partilhou com os Estados Unidos propostas concretas que permitem alcançá-la", lembrou o porta-voz da CE.
Jornal de Negócios | Lusa
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