quarta-feira, 29 de julho de 2020

A multibilionária especulação com as vacinas

*Escrito e publicado em português do Brasil

A “Big Pharma” ganha nas pandemias. Imunizantes, que eram produtos marginais, agora geram lucros e valorizações fantásticos. EUA e Inglaterra já anunciaram: não venderão a preço de custo. E mais: as sequelas cardíacas da covid-19

Maíra Mathias e Raquel Torres* | Outras Palavras

DE VENTO EM POPA

Não sabemos quais vacinas vão se mostrar seguras e eficazes contra o coronavírus, nem quando. Mas a pandemia começou a turbinar as contas dos executivos e investidores das empresas envolvidas com a pesquisa muito cedo, bem antes que qualquer pessoa possa pensar em tomar uma dose: bastam as boas notícias sobre os resultados dos estudos, ainda que incipientes. Nos Estados Unidos, ser selecionada para a Operação Warp Speed (um programa de investimentos do governo federal para desenvolver imunizantes rapidamente) pode ser um verdadeiro passaporte para grandes lucros. E algumas companhias – muitas vezes pequenas, dependentes de apenas um medicamento – estão experimentando uma valorização inédita.

Em um grupo de 11 delas, a venda de ações já rendeu mais de US$ 1 bilhão desde março, segundo uma matéria do New York Times comentada na revista Época. Um exemplo é a Vaxart, que tem apenas 15 funcionários e jamais produziu uma vacina que tenha chegado ao mercado. Desde janeiro, quando começou a trabalhar em um imunizante contra covid-19, sua valorização foi de mais de 3.600%. No fim de junho, ela anunciou ter sido contemplada pela Operação Warp Speed. Em dois dias, as ações cresceram 300%. O valor do prêmio dos seus executivos subiu nada menos do que seis vezes, e o fundo multimercado que controla a maior parte de suas ações lucrou mais de US$ 200 milhões no ato. O mais interessante é que o investimento do governo americano nem foi tão significativo assim – a candidata a vacina da Vaxart foi apenas incluída em um ensaio clínico de uma agência federal, mas não houve apoio financeiro para produzir milhões de doses, com temos visto acontecer com empresas como Moderna e AstraZeneca. Mesmo assim, a manchete do comunicado à imprensa da companhia (“Vacina da Vaxart selecionada para a Operação Warp Speed ​​do governo dos EUA”) teve grandes efeitos. 

A história se repete com outras empresas. As ações da Moderna mais do que triplicaram desde que sua vacina começou a ter resultados na fase 1 (agora que os ensaios de fase 3 estão começando, subiram  mais 11% em um dia). A Novavax, que divulgou resultados preliminares de sua vacina e um acordo de US$ 1,6 bilhão com o governo Trump, viu o valor de suas ações pular de US$ 24 para mais de US$ 130.

 NEGÓCIO RECENTE

O desenvolvimento e a produção de vacinas nem sempre foi um negócio muito promissor para a indústria farmacêutica. Na verdade, até pouco mais de uma década atrás os grandes lucros estavam concentrados em medicamentos, e algumas reportagens antigas ajudam a entender de que maneira o interesse por produzir imunizantes começou a crescer. Em 2009, o site The Globe and Mail contava como um surto pequeno (mas muito mortal) de gripe aviária na Ásia no fim dos anos 1990 ligara o alerta de autoridades de saúde em todo o mundo para possíveis cenários tenebrosos no futuro, ao mesmo tempo em que mostrava à indústria o quanto se poderia ganhar em uma grave pandemia. Na mesma época, segundo o Der Spiegel, parte do setor enfrentava dificuldades com suas vendas de medicamentos controlados – porque o tempo avançava sobre as patentes, o que fatalmente levaria à perda de lucros.

A necessidade e a oportunidade levaram a uma “remodelagem” dos negócios. Em pouco tempo, as vacinas deixaram de ser um empreendimento marginal e se tornaram um enorme gerador de lucros: “Entre 2004 e 2007, as vendas de vacinas aumentaram em média 32% a cada ano, com a vacina contra a gripe liderando. É aproximadamente quatro vezes mais rápido que qualquer outro produto farmacêutico”, nota o Globe and Mail. 

Pouco depois, na pandemia de H1N1, um punhado de grandes farmacêuticas – como GlaxoSmithKline, Sanofi, Novartis e Baxter – colheu os resultados desse investimento em forma de bilhões de dólares. Em 2009, as vacinas já haviam se tornado um negócio de US$ 24 bilhões. Com a pandemia de covid-19, que é muito mais avassaladora e só deve dar trégua quando houver vacinas para o mundo todo, a movimentação financeira com a venda de doses deve ser estratosférica – isso sem falar nos valores de mercado das empresas.

CONTAS E MAIS CONTAS

Quando os Estados Unidos fecharam um acordo com a Pfizer para a compra de cem milhões de doses de sua (ainda não aprovada) candidata a vacina, por quase US$ 2 bilhões, uma conta de padaria mostrava que o preço pago seria o de US$ 20 por dose; como a farmacêutica sugeria a administração em duas doses, seriam US$ 40 por pessoa vacinada. Analistas da indústria farmacêutica disseram à Reuters, na época, que isso criava uma referência de preço, estimulando outras empresas a seguirem o mesmo. 

Ainda não há nada definido, garante Seth Berkley, que CEO da GAVI (Aliança Global por Vacinas e Imunização) e membro da iniciativa Covax, que pretende garantir acesso mundial aos imunizantes. Na mesma agência, ele rebateu críticas feitas na semana passada por membros da União Europeia, segundo os quais a Covax teria estabelecido US$ 40 como base. “Foi apresentado um leque amplo de valores, e eles (as fontes da UE) divulgaram apenas o preço mais alto. Os US$ 40 eram o montante máximo para países de alta renda, e não um custo tabelado”, afirmou. A ver.

ENTRANDO NA FASE 3

Duas empresas anunciaram ontem que começaram os ensaios de fase 3 com suas candidatas a vacina: a Moderna e a Pfizer (que trabalha com a BioNTech). Ambas vão fazer testes com 30 mil voluntários – no caso da Moderna, só nos EUA; já a Pfizer vai incluir também Brasil, Argentina e Alemanha. 

SEM ALARDE

Novos estudos publicados ontem no JAMA Cardiology reforçam que a covid-19 tem efeitos sobre o coração e, mais ainda, que talvez eles sejam duradouros. Um dos trabalhos analisou exames de cem pacientes saudáveis e jovens que haviam se recuperado da doença, comparando-os com o de cem pessoas com o mesmo perfil, mas jamais infectadas pelo novo coronavírus. Cerca de terços dos pacientes de covid tinham se recuperado em casa, sem necessidade de internação. Mesmo assim, mais de dois meses depois da alta, os infectados tinham maior probabilidade de apresentar sinais cardíacos preocupantes do que os outros. E um número significativo deles: 78 pacientes apresentaram alterações estruturais no coração, 76 tinham evidências de lesão cardíaca tipicamente encontrada após um ataque cardíaco, e 60 tinham sinais de inflamação. O detalhe é que eles não tinham sintomas cardíacos – nem imaginavam que poderia ter algo errado com seus corações. No outro estudo, pesquisadores analisaram resultados de autópsias de 39 pessoas que morreram com covid-19 (eram idosos, com idade média de 85 anos) e encontraram altos níveis do vírus no coração de 24 deles. 

A grande questão, agora, é descobrir se esses efeitos são transitórios ou permanentes. Se durarem e pessoas relativamente jovens tiverem uma piora na sua saúde cardíaca, isso certamente vai trazer grandes problemas no futuro. 

DIVIDIR PARA CONQUISTAR

A votação para a presidência da Câmara está marcada para fevereiro de 2021. E a classe política já se movimenta a toda para a disputa. Uma esclarecedora reportagem do El País Brasil informa que o Centrão está dividido. O bloco composto por nove partidos e 221 deputados tem, até agora, cinco possíveis candidatos. E três dessas candidaturas são para valer: Arthur Lira (Progressistas-AL), Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB) e Marcos Pereira (Republicanos-SP).

Lira é o favorito. Líder do Centrão, avalizou as indicações do bloco para cargos no governo Bolsonaro. Segundo apurou o repórter Afonso Benites, parlamentares o veem como uma versão 2.0 de Eduardo Cunha. “É o político do baixo clero que faz de tudo para chegar ao poder”, lhe disse um deputado. 

Só que parte do Centrão quer manter certa independência do governo. Até porque cabe ao presidente da Câmara aceitar ou não um impeachment contra Bolsonaro. Mais de 40 deles dormitam na gaveta de Rodrigo Maia (DEM-RJ) que tem repetido que não há clima para a abertura do processo de afastamento. Mas em 2021 isso pode mudar, com a crise econômica e uma possível volta dos protestos de rua.

Ontem, o racha se delineou: DEM e MDB sairão formalmente do bloco. Levam consigo 63 deputados, deixando o Centrão com um saldo de 158 membros. O afastamento enfraquece a candidatura de Lira. E consolida a influência de Maia na disputa. 

E é aí que entra uma parte da reforma do SUS. Outra Saúde apurou que a escolha da novata Margarete Coelho (PP-PI) para conduzir a redação da proposta junto aos empresários anônimos é um agrado que Maia fez a um dos candidatos que do Centrão – Aguinaldo Ribeiro – e outra tentativa de dividir o bloco.

Maia está atuando em várias frentes ao mesmo tempo.Segundo o Valor, ele quer costurar uma aliança com partidos da oposição para emplacar um candidato. Já de acordo com o Estadão, a “agenda social” seria uma jogada de Maia para reunir em torno de si essa base mais ampla

UNIVERSALIDADE E GRATUIDADE

Temos mais pistas sobre a reforma do SUS. Segundo a própria Margarete Coelho, a universalidade e a gratuidade do Sistema não serão mexidos. A ideia é que sejam definidas novas regras para o teto de gastos – o que pode ser uma boa notícia se for no sentido da flexibilização. Licitações e lei de responsabilidade fiscal (que sempre prejudicou a saúde pelo limite de contratações) também seriam mudados.

“Maia me deu dez dias para montar um plano de trabalho”, disse a parlamentar ao repórter Mateus Vargas. Só depois que o presidente da Câmara aprovar esse plano é que os demais parlamentares e a sociedade conhecerão mais detalhes. “Tenho pedido paciência. O assunto é muito extenso. Há muitos interesses e militância”, caracterizou Coelho. Continuamos sem saber quem são os empresários que encaminharam a agenda.   

ABISMO E AUXÍLIO

Para 52 milhões de pessoas na América Latina a pandemia pode significar a entrada na pobreza. Mas há quem tenha enriquecido ainda mais. Um levantamento da Oxfam revela que a fortuna dos 73 bilionários latino-americanos aumentou nada menos do que US$ 48,2 bilhões no período que vai de 18 de março a 12 de julho. A maior fatia desse bolo está justamente no Brasil. Por aqui, 42 pessoas ganharam US$ 34 bilhões nesse contexto, num total que chega a US$ 157,1 bi.  

Os dados revelam a importância de se taxar a riqueza para diminuir a desigualdade. Mas o governo, é claro, vai na contramão da justiça fiscal. Ontem, Paulo Guedes anunciou que vai ‘antecipar’ o envio de duas etapas da sua atrasada proposta de reforma tributária. Até o dia 15 de agosto, a equipe econômica deve enviar uma proposta para a desoneração da folha de pagamentos e para a criação de um imposto sobre pagamentos eletrônicos (a nova CPMF).

Mas as mudanças que têm algum potencial redistributivo ficarão para depois. A lista inclui a tributação sobre dividendos, isentos no Brasil, mudanças no Imposto de Renda, como a redução de alíquotas (o que é ruim) e o fim das deduções para saúde e educação privadas. 

A propósito: um estudo do Ibre/FGV reforçou o potencial do auxílio emergencial. Segundo os pesquisadores, o número de pessoas vivendo abaixo da linha da extrema pobreza caiu de 8,8 milhões para 6,9 milhões entre maio e junho – ou 3,3% da população. Até então, o melhor resultado da série histórica antes da pandemia tinha sido verificado em 2014, quando 4,2% dos brasileiros estavam nessa situação. 

AS PRIORIDADES

O risco de “burocratizar o atendimento das farmácias” é a justificativa da Secretaria-Geral da Presidência para impedir que amigos e familiares comprem medicamentos para pessoas que pertencem aos grupos de risco para a covid-19, evitando que elas se exponham a riscos desnecessários indo a esses estabelecimentos. A permissão tinha sido aprovada no Congresso, mas foi vetada por Jair Bolsonaro. O resto do projeto de lei que prorroga a validade de receitas médicas e odontológicas durante a pandemia foi sancionado.

O presidente voltou à rotina normal ontem. Depois de 20 dias de isolamento, Bolsonaro planeja um tour pelo país para inaugurar obras. Ele também definiu as pautas prioritárias do governo no Congresso neste momento. Não há nada relacionado ao enfrentamento do novo coronavírus (e olha que projetos assim não faltam).  A aprovação do homeschooling – ou “educação familiar” –, pauta cara à base bolsonarista, integra a lista.

Segundo a colunista Carla Araújo, a acusação de genocídio  apresentada ao Tribunal de Haia pelo sindicato de trabalhadores da saúde que representa mais de um milhão de profissionais não foi levada a sério por Bolsonaro. Como explicamos ontem, há um longo processo até a iniciativa virar denúncia. Por isso, um ministro palaciano avalia que, por enquanto, não há com o que se preocupar, já que ‘toda hora denunciam’ o presidente.

De fato. A última das denúncias foi protocolada ontem junto ao Ministério Público Federal e ao Tribunal de Contas da União. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e outras seis organizações da sociedade civil acusam o governo federal de inércia no combate à pandemia.

O MÉRITO E A EMERGÊNCIA

No ano passado, repercutiu muito a notícia de que a força-tarefa da Lava-Jato no Paraná queria decidir para onde iria o dinheiro arrecadado junto a Petrobras. Os procuradores queriam que R$ 1,25 milhão fossem aplicados em um fundo patrimonial gerido por uma fundação que distribuiria os rendimentos para projetos de combate à corrupção e ‘promoção da cidadania’. A tentativa foi barrada por uma liminar do ministro Alexandre de Moraes que decidiu que cabia à União, e não aos investigadores, a atribuição de gerir o dinheiro público. 

Pois bem. Agora, o assunto volta à baila de uma maneira diferente. Isso porque o governo federal preferiu questionar o direcionamento de R$ 508 milhões arrecadados pela Lava-Jato para aquisição de materiais necessários ao combate à covid-19 do que sacar o dinheiro e usá-lo imediatamente. A destinação seguiu uma recomendação do Conselho Nacional de Justiça e o repasse dos recursos foi costurado entre Ministério Público Federal, Controladoria e Advocacia-Geral da União. 

A autorização foi dada em 21 de maio por Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba. De lá para cá, notou a juíza, o número de casos aumentou em 2,1 milhões e o de mortes em 64 mil. Na sexta, a juíza suspendeu o repasse. Nas suas palavras, “em razão da celeuma gerada” e até que o Supremo decida. O governo aproveitou uma ação movida na Corte pelo PT e pelo PDT antes da pandemia para argumentar que o judiciário não poderia escolher onde as verbas seriam aplicadas.   

SATISFAÇÃO

Na última sexta, o Ministério Público Federal pediu informações sobre as medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para evitar o desabastecimento de medicamentos usados na intubação de doentes. A pasta tem 15 dias para responder

VAI FICANDO

Lembram que, na esteira da crítica de Gilmar Mendes ao Exército, o general Eduardo Pazuello havia apontado dois momentos ideais para ser substituído no Ministério? Pois a primeira janela se fecha na próxima sexta-feira. Mas parece que o Planalto resolveu deixar quieto. De acordo com uma fonte ouvida pela Reuters, de lá para cá não houve mais sinais nesse sentido.

E a filha do general solicitou um benefício direcionado a pessoas de baixa renda no ano passado. Stephanie dos Santos Pazuello afirmou não ter condições de pagar os custos da defesa em um processo contra a antiga escola dos dois filhos. Ela tentava negociar uma dívida de R$ 12,4 mil com a instituição. O pedido foi negado pela juíza. Stephanie virou personagem da notícia na semana passada, depois de ser indicada por Marcelo Crivella (Republicanos) para um cargo na estatal que administra unidades de saúde da Prefeitura do Rio.

O CENÁRIO BRASILEIRO

De domingo para segunda, foram registradas 685 mortes e 26,4 mil casos. Já são 87.737 óbitos no total, e falta pouco para o país chegar aos 2,5 milhões de infecções.

A média móvel de mortes (que considera os sete últimos dias) está acelerada em uma grande faixa que se estende de Norte a Sul do país, pegando dez estados e o Distrito Federal. O número segue estável no Sudeste e em parte do Nordeste, e só poucos estados apresentam desaceleração: Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Perambuco, Alagoas, Acre e Amazonas.

A região Norte, como um todo, tem registrado queda nos novos casos, e um dos mais importantes epidemiologistas brasileiros tem uma hipótese para isso. Cesar Victora, da Universidade Federal de Pelotas, acredita que a forte presença de indústrias chinesas na Zona Franca de Manaus fez, ao mesmo tempo, com que a capital fosse o primeiro epicentro da doença, mas também com que a população já tivesse tido contato anterior com algum dos subtipos de coronavírus. Isso poderia explicar por que, após atingir 25% de prevalência de infecção pelo SARS-CoV-2, algumas cidades começaram a registrar queda no número de casos. “Os últimos estudos têm mostrado que já ter tido algum contato com algum coronavírus confere proteção ao SARS-CoV-2, que é uma mutação extremamente letal em comparação com outros coronavírus mais comuns”, disse Victora, referindo-se aos trabalhos que discutimos aqui.

Não são poucas as autoridades que o SARS-CoV-2 contamina mundo afora e, nas cidades brasileiras, pelo menos nove prefeitos já morreram por covid-19. Isso cria algumas situações bastante precárias, como a de Araguanã, no Tocantins, onde o Executivo era tocado pelo vice-prefeito Hernandes da Areia (DEM). Tanto ele quanto o presidente da Câmara morreram. Hoje, a cidade é governada pelo vice do legislativo.

UMA EXPLICAÇÃO POSSÍVEL

Thiago Firmino, líder comunitário do Morro Santa Marta, no Rio, conhece casos de moradores que não saíam de casa e se contaminaram assim mesmo. Ouviu falar do ‘coronatracking‘, um mecanismo inventado por Heitor Evangelista, do Departamento de Biofísica da UERJ, que permite detectar o coronavírus no ar. Então entrou em contato com o professor e, agora, um projeto da universidade com voluntários da comunidade vai tentar descobrir se há na favela um risco bastante complicado de contaminação: pelo ar, em função da sua presença dos esgotos a céu aberto.

“A grande questão é que nas favelas há a particularidade de as áreas serem muito íngremes, em encostas de montanhas e sem saneamento básico, então quando o esgoto é lançado a céu aberto ele faz como se fosse uma cachoeira e essa turbulência gera um borrifo, como se fosse um spray. Nosso objetivo é saber se esse processo pode ser uma via de transmissão ou não. Se for, é algo que pode estar sendo muito crítico, já que a pessoa pode estar em casa, onde naturalmente ela anda sem máscara, e se contaminar”, explica Evangelista, no Globo. 

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*Maíra Mathias e Raquel Torres são editoras do Outra Saúde

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