sexta-feira, 17 de julho de 2020

EUA | O dia que nunca chegará

"Eu tenho um sonho" - Martin Luther King jr.
David Chan* | opinião

Desde a morte do afro-americano George Floyd nos EUA que o país assiste a uma série de protestos contra discriminação racial que não parecem abrandar. Porém, a resposta da polícia americana tem sido igualmente forte, levando à morte de um afro-americano durante os protestos, e apenas alastrando ainda mais o movimento.

Na verdade, tanto os afro-americanos como outras minorias beneficiaram com a revolução industrial. O desenvolvimento do capitalismo levou a uma melhoria nos seus direitos humanos básicos. Durante este processo de mudança histórica existiram apoiantes e opositores, no entanto, aqueles que beneficiam da mudança, os afro-americanos, nunca foram donos do seu destino. A segunda tentativa no país de mudar esta realidade aconteceu a 28 de agosto de 1963, quando Martin Luther King Jr. proferiu o seu famoso discurso “Eu tenho um sonho”, em frente ao Memorial Lincoln. Mais tarde assistimos ao seu assassinato, que iniciou o movimento de luta pelos direitos dos afro-americanos na era moderna dos EUA. Embora os manuais escolares americanos declarem que a “emancipação do Homem negro” seja um símbolo da liberdade no país, e o início dos seus direitos humanos, foi realmente este acontecimento que levou ao nascimento dos movimentos de protesto? O governo americano anteriormente nunca pareceu temer estes protestos. Caso se juntasse um grande número de pessoas, poderiam sempre recorrer ao uso das forças policiais, Guarda Nacional ou até mesmo Forças Armadas. Mas desta vez Trump foi até obrigado a usar o seu bunker como proteção durante os protestos contra a morte de George Floyd. Embora tanto autoridades nacionais como locais tenham anunciado algumas reformas policiais como resposta, o principal foco das mesmas é a redução de violência excessiva contra cidadãos negros, continuando a ser usada a força considerada necessária. O Homem negro continua a lutar pelo seu sonho de ser igual detentor da sua nação, porém, parece que continuará a viver num país inundado por uma ideologia de supremacia branca.

Tal como quando Trump se escondeu no seu bunker para se proteger dos protestantes e foi apelidado pelos media de “criança numa gruta”, podemos ver a elite americana a decidir brincar com a cobardia do seu presidente em vez de abordar todas as causas que levaram a estes protestos contra a discriminação racial. A elite americana que beneficia dos seus privilégios como brancos, escolhe assim simplesmente ignorar as vozes e indignação dos afro-americanos.

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