Palavras
são de um deputado do MADEM-G15, na véspera de um debate no Parlamento sobre a
situação política e o apelo do Conselho de Segurança à formação de um novo
Executivo. PAIGC pondera impugnar a sessão parlamentar.
O
Parlamento da Guiné-Bissau vai debater esta terça-feira (07.07) a situação da
tensão política que se vive no país, após aprovação do programa do Governo de
Nuno Gomes Nabiam e o pronunciamento do Conselho de Segurança da ONU, que pede
a formação de um novo Executivo com base nos resultados eleitorais, tal como
recomendou a Comunidade Económica dos Estados de África Ocidental (CEDEAO), em abril. O debate foi
requerido pela bancada parlamentar do PAIGC, durante a sessão desta
segunda-feira (06.07).
"Estamos
num momento muito difícil, no que concerne aos direitos humanos com raptos,
sequestros, espancamentos e temos muitos outros exemplos do terror que
ocorreram e que continuam a acontecer. Por isso, já fizemos a nossa declaração
neste sentido para um debate", disse à DW África o líder da bancada
parlamentar do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC),
Califa Seidi.
Na
semana passada, a bancada parlamentar do PAIGC escreveu
ao presidente do Parlamento, Cipriano Cassamá, alegando que não havia
condições de segurança para o início da sessão parlamentar. Pediu que fosse
protelada para uma outra data, devido a ameaças de que são alvo e aquilo a que
descreve como "estado de terror" em curso no país. Cassamá
indeferiu o pedido do seu partido.
"Indeferi
o pedido do PAIGC, porque não tinha a condição moral para tal e a minha visão
política não me orienta assim", disse o presidente do Assembleia Nacional
Popular ao responder à pergunta da bancada do partido de que Cassamá é também
segundo vice-presidente.
O
líder do Parlamento disse que não podia fazer nada para impedir o agendamento,
discussão e consequente aprovação do programa de Governo liderado por Nuno
Gomes Nabiam. Governo esse não reconhecido pelo PAIGC e a comunidade
internacional.
À
DW África, Califa Seide, líder da bancada do PAIGC, confirma que o partido vai
recorrer a outras vias para impugnar judicialmente a sessão parlamentar do dia
29, em que se aprovou
o programa do Governo, com os votos de cinco deputados do PAIGC, que
compareceram na sessão contrariando as ordens dada pela comissão permanente do
partido. "Estamos a trabalhar nisso e na devida altura iremos entregar o
pedido [de impugnação]".
"O
PAIGC continua a não reconhecer o atual Governo, porque resulta da subversão da
ordem constitucional", disse Califa Seidi, reafirmando que o partido
retomou o seu lugar no parlamento para "enfrentar com firmeza atos que
colocam em causa o Estado de direito democrático" na Guiné-Bissau.
Sobre
a posição do Conselho
de Segurança da ONU para a formação de um novo Governo, Nelson
Moreira, deputado do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15),
partido no poder atualmente, disse que a comunidade internacional estaria a
criar instabilidade política se colocasse o PAIGC novamente na governação.
"É
um desperdício e uma perda de tempo estar agora a pensar num Governo liderado
pelo PAIGC, uma vez que o PAIGC já perdeu a maioria parlamentar. A maioria
deslocou-se de lado na Assembleia Nacional Popular e é esse lado que tem agora
a maioria é que deve formar o Governo, o que acontece", disse o jurista
que é um dos advogados do partido liderado por Braima Camará.
O
também deputado e dirigente do MADEM-G15 criticou ainda a mediação
da comunidade internacional, tendo afirmado que a Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental (CEDEAO) podia ter resolvido o problema da
Guiné-Bissau como fez na Gâmbia:
"O
que aconteceu em Gambia? Yaya Djemé perdeu as eleições, felicitou Adama Baró,
mais tarde recusou os resultados e queria recorrer ao Supremo Tribunal da
Gambia, a CEDEAO diz-lhe não, pois já tinhas reconhecido o vencedor, agora não
podes voltar atras. É exatamente o que está a acontecer na Guiné-Bissau, mas
com a CEDEAO a ponderar muito".
A
CEDEAO tinha pedido a formação de um Governo que respeitasse os resultados das
legislativas até 22 de maio, mas o prazo não foi cumprido, porque os partidos
com assento parlamentar, divididos em dois blocos, reivindicavam ambos ter a
maioria para formar Governo.
Braima
Darame | Deutsche Welle
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