sexta-feira, 17 de julho de 2020

Solidariedade com Palestina critica “política hipócrita” do governo português


Comité de solidariedade condena o estreitamento de relações diplomáticas e económicas, num momento em que o governo israelita “se prepara para anexar grande parte do território palestiniano ocupado”. Bloco de Esquerda questiona o ministro da Ciência.

Em comunicado, o Comité de Solidariedade com a Palestina (CSP) condena a recente reunião online do ministro português da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, com o ministro da Ciência e Tecnologia de Israel. Ver notícia no esquerda.net.

O CSP sublinha que o governo português ao apelar, neste momento, a uma “cooperação renovada, efetiva e tangível” está a fomentar a impunidade de Israel. O comité lembra que “o governo de extrema-direita israelita se prepara para anexar formalmente uma grande parte do território palestiniano ocupado”, o que constitui uma grave violação do direito internacional e um ataque ao povo palestiniano e às perspetivas de paz.

Note-se que Benjamin Netanyahu anunciou que, a 1 de julho de 2020, se iniciava a anexação da Palestina, 30% da Cisjordânia, de acordo com o plano de Donald Trump.

No comunicado, aponta-se ainda que “a política hipócrita do atual governo não se limita a esta reunião”, lembrando que, em 2019, a “Força Aérea Portuguesa assinou um contrato de 50 milhões de euros (link is external) com a empresa de armamento israelita Elbit Systems”, que testa o seu material na repressão a civis palestinianos.

A Solidariedade com a Palestina pede o “fim à política de cumplicidade do governo português com o apartheid israelita”, exige o fim das colaborações coniventes e a imposição de sanções ao governo israelita.

O CSP salienta ainda que a política do governo contrasta com o crescimento do movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), nomeadamente em Portugal.


Reunião num contexto de violação do direito internacional por parte do Estado de Israel

Em pergunta ao Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, o Bloco de Esquerda salienta que a reunião do ministro com o seu homólogo israelita teve lugar “num contexto de violação do direito internacional por parte do Estado de Israel”.

No documento, os bloquistas lembram que o “plano tem sido contestado por vários países, entre os quais a França, a Alemanha, o Egito e a Jordânia” e que o atual governo de Israel “aguarda apenas a luz verde do presidente dos Estados Unidos para avançar com a anexação”.

O Bloco sublinha que “as agressões ao povo palestiniano têm sido constantes", que “o Estado de Israel tem aprofundado a via para um estado-étnico, de exclusão dos israelitas árabes, e de colonização agressiva dos territórios que são palestinianos à luz do direito internacional”.

Neste quadro, uma reunião entre ministros do Governo português e do Governo israelita “é, em última instância, uma demonstração de apoio a um Estado que está, uma vez mais, a comprometer a paz no Médio Oriente”, frisa o Bloco, considerando que é “fundamental que o Governo esclareça esta situação”. O Bloco pergunta ainda se o Ministério vai manter o projeto de cooperação “no caso de o Estado de Israel prosseguir com a anexação ilegal dos territórios da Cisjordânia”.


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