David Chan* | Plataforma | opinião
Na semana passada, o líder
chinês, Xi Jinping, deu ordens claras direcionadas à indústria da alimentação,
especialmente sobre o tratamento de resíduos alimentares, como forma de alertar
a população sobre a necessidade de não desperdiçar alimentos. No contexto
da pandemia atual, alguns exportadores de alimentos anunciaram restrições à
exportação.
Dados revelam que cerca de 13
países impuseram restrições repentinas sobre a exportação de alimentos ao
longos dos últimos meses. Países como a Rússia, Vietname, Tailândia, Camboja e
Cazaquistão.
Todos sabíamos que um
acontecimento extraordinário neste século como esta pandemia iria afetar a
produção, recolha, processamento, armazenamento, comércio e transporte de
alimentos em todo o mundo, todavia, este impacto, juntamente com as pragas de
insetos e cheias deste ano, leva a que os preços da alimentação em 2020 possam
vir a disparar, segundo um relatório do Programa Alimentar Mundial.
Este mesmo relatório estima que o
número de pessoas a passar fome aumente em 2020 de 130 milhões para cerca de
820 milhões. A Ásia é o continente com o maior número de pessoas com
necessidade de alimentos, e a propagação do vírus continua a acelerar. O número
total mundial de casos já ultrapassou os 20 milhões, com países como os Estados
Unidos, Brasil e Índia ainda numa situação grave.
Os dados não mentem, a propagação
do vírus ainda não abrandou, e é por isso possível prever que, com o
desenvolver da pandemia, a produção de cereais diminua largamente, aumentando a
falta de alimentos global e agravando toda a situação.
Todos estamos conscientes de que
na eventualidade de um grande desastre, além de medicamentos e produtos de
proteção pessoal, as pessoas irão iniciar uma luta por duas comodidades: moedas
fortes e cereais. A primeira, com o objetivo de preservar o valor monetário, a
segunda para combater a fome. Este fenómeno foi comprovado com a recente
corrida ao ouro. Agora que vários países restringiram as exportações de
alimentos, com a evolução da pandemia podemos presumir que se aproxima uma
crise alimentar global.
Muitos de nós não vivemos nenhuma
crise alimentar ou fome, mas os mais velhos com certeza conhecem bem este
problema, e sabem o quão assustador será. Vários residentes de Macau ainda se
lembram do período de crise de há cerca de 70 anos. A terra das flores de lótus
estava cheia de corpos esfomeados, miseráveis, e toda a população vivia com
medo.
Hoje é oficialmente lançada na
China a campanha de proteção dos cereais, e embora esta luta ainda não tenha
entrado numa fase mais severa, é nossa responsabilidade como cidadãos de Macau
reduzir o desperdício de comida. “Todos os grãos são fruto de trabalho árduo”,
tudo começa connosco, nós somos o nosso maior inimigo.
*Editor Senior do Plataforma - na imagem
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