O presidente marcou presença,
esta segunda-feira, numa manifestação de trabalhadores e admitiu partilhar
poder e mudar a Constituição, mas reforçou não se repetirão eleições. "Até
me matarem, não vão haver outras eleições".
Alexander Lukashenko disse
esta segunda-feira, aos trabalhadores que se reuniram frente a uma fábrica
de veículos pesados (MZKT), em protesto, estar disponível para
partilhar poder e para mudar a Constituição, mas que não o faria sob pressão de
manifestações, segundo indicou a agência de notícias bielorussa Belta, citada pela Reuters.
O presidente, reeleito no dia 9
de agosto, disse que já estão em movimento mecanismos para alterar a
Constituição por forma a redistribuir o poder, mas não especificou
quais.
Ainda assim, sublinhou
que não permitirá realização de novas eleições. "Já tivemos eleições.
Até me matarem, não vão haver outras eleições", disse, segundo o portal bielorrusso Tut.by.
Esta ideia já tinha sido passada
pelo governante no domingo, quando disse que "nem morto" permitirá a entrega do
país, na primeira manifestação de apoio à sua reeleição desde que tiveram
início as ondas de protesto popular.
Sublinhe-se que centenas de
manifestantes reuniram-se hoje junto a fábricas e à sede da televisão pública,
em Minsk, capital da Bielorrússia. Esta é a segunda vez que Lukashenko se
reúne com trabalhadores, numa tentativa de mitigar a onda de protestos, que
ameaçam com greve geral.
"Assim como vocês, ainda não
consigo perceber qual é o problema", tentava dizer Lukashenko à
multidão de trabalhadores, que não parava de gritar "vai-te embora".
O presidente cala-se e termina dizendo "obrigado", conforme pode ver
no vídeo abaixo.
"Não vamos esquecer, não
vamos perdoar", gritaram os manifestantes reunidos na fábrica, enquanto
centenas de trabalhadores de outras fábricas caminhavam para a MZKT para
se juntarem aos protestos. Alguns funcionários de uma outra empresa garantiram
à AFP que milhares de trabalhadores pararam o serviço da fábrica de tratores de
Minsk (MTZ).
Recorde-se que Lukashenko foi
reeleito no dia 9 de agosto com pouco mais de 80% dos votos. A
principal candidata da oposição, Sviatlana Tsikhanouskaya, terá
conseguido apenas 10% dos votos, sendo obrigada a sair do país.
O presidente, sublinhe-se, está
no poder, na Bielorrússia, desde 1994 e é considerado o “último ditador da
Europa”. Esta onda de protestos, que denuncia fraudes e uma violenta repressão,
é o maior movimento de protesto desde que está no poder, há 26 anos.
Anabela Sousa Dantas | Notícias
ao Minuto | Imagem: © Misha Friedman/Getty Images
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