O principal partido da oposição
na Guiné Equatorial, a Convergência Para a Democracia Social (CPDS), defendeu
hoje a criação de um governo de emergência, no seguimento do executivo liderado
por Francisco Pascual Obama Asue.
"A CPDS recomenda
ao chefe de Estado e de Governo a formação de um executivo de emergência,
composto por representantes de todos os partidos políticos, tanto internos como
exilados, capaz de empreender as reformas políticas e legislativas, assim como
a gestão económica e administrativa, necessárias para a construção de um Estado
de Direito na Guiné Equatorial", lê-se numa nota de imprensa divulgada
pelo partido.
O Governo da Guiné Equatorial,
liderado pelo primeiro-ministro Francisco Pascual Obama Asue,
apresentou a sua demissão em bloco na semana passada, segundo o porta-voz do
executivo, o ministro da Comunicação e porta-voz do Governo em funções, Eugenio Nze Obiang,
que explicou que durante a reunião, o primeiro-ministro informou o Presidente,
Teodoro Obiang, que os membros do Governo punham os cargos à disposição
para que o chefe de Estado e presidente do Conselho de Ministros "tenha
liberdade para dirigir melhor a próxima fase" do desenvolvimento no país.
O Presidente da República
lamentou que o Governo demissionário não tenha cumprido os objetivos programáticos,
o que "provocou uma situação de crise que exige medidas urgentes",
segundo disse então o porta-voz.
"Para além de um governo
composto por vários partidos, a CPDS defende ainda o "início,
com caráter de urgência, de um processo de diálogo político entre o
regime e todas as forças políticas e sociais do país, sem qualquer
discriminação e com mediação internacional, que conduza a uma verdadeira
transição política para a democracia sem traumas".
Na nota, a CPDS salienta
a "situação económica, política e social desastrosa caracterizada por uma
aguda crise económica causada pela corrupção generalizada" e repete as
críticas de nepotismo e favorecimento "do regime a uma elite de
familiares e partidários [do partido no poder]", acusando o Presidente de
"empobrecer a esmagadora maioria da população".
O governo demissionário tinha
sido nomeado em fevereiro de 2018 e contava com 25 ministros.
O primeiro-ministro cessante,
responsável pela coordenação administrativa, exercia o cargo desde junho de
2016, quando foi nomeado por Obiang, depois de anteriormente ter sido
ministro das pastas do Desporto e Juventude, da Economia, e do Progresso Social
e Saúde.
O Presidente da Guiné Equatorial,
de 78 anos, deverá agora nomear um novo governo.
Desde a sua independência de
Espanha, em 1968, a
Guiné Equatorial tem sido considerada pelos grupos de direitos humanos como um
dos países mais repressivos do mundo, devido a alegações de detenção e tortura
de dissidentes e de fraude eleitoral.
Obiang, que tem liderado o país
desde 1979, quando derrubou o seu tio Francisco Macias num golpe de Estado, é o
Presidente em funções há mais tempo em todo o mundo.
A Guiné Equatorial integra a
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.
Notícias ao Minuto | Lusa |
Imagem: © Lusa
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