Vítor Santos | Jornal de
Notícias | opinião
A pandemia não pode servir de
desculpa para tudo, muito menos para travar as peças da máquina pública,
transformando-se em porto de abrigo para a ineficácia dos serviços do Estado.
Sejamos claros: as coisas já não funcionavam bem no pré-covid. E, sim, é fundamental
manter níveis aceitáveis de normalidade, apesar de tantos constrangimentos
provocados por uma conjuntura excecional.
Todos os passos que possam ser
dados no sentido de proporcionar a retoma das atividades que dinamizam a
economia e os serviços prestados à população são bem-vindos, sendo que os
cidadãos têm toda a legitimidade para exigir condições e diretrizes que
permitam olhar o futuro com alguma confiança. Isto aplica-se a todas os
setores. É um direito.
Comparar atividades, pelo
contrário, é entrar por terrenos movediços, porque todas têm especificidades.
Nesta altura, o futebol não pode ter adeptos nas bancadas, enquanto os
promotores dos concertos obtiveram autorização para os realizar, seguindo
regras emanadas pelo Estado. Os agentes do desporto têm, em conjunto, de tomar
uma posição forte no sentido de explicar a técnicos da Direção-Geral da Saúde e
a governantes que 10 mil pessoas em estádios com capacidade para 50 ou 60 mil
nunca serão um problema, desde que sejam seguidos os cuidados básicos a que nos
vamos habituando. Esta exigência deve ser feita por clubes, federações e ligas,
mas sem olhar para o que está autorizado ou não. Pela razão e pela lógica,
nunca pela cobiça.
Mas há exigências ainda mais
importantes, e essas dizem respeito a todos. Como não ficar alarmado com o
facto de o Estado estar atrasado nas inspeções aos lares de idosos em plena
pandemia de covid-19? Sabendo-se, ainda antes do primeiro caso detetado em
Portugal, que o vírus é letal sobretudo para os mais velhos, este bloqueio da
máquina pública é inadmissível.
*Editor-executivo
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