Daí
a importância redobrada da realização da Festa do Avante! este ano,
para que não nos deixemos amedrontar por esse dito “novo normal” que aos
trabalhadores só tem trazido problemas velhos: cortes nos rendimentos,
insegurança e despedimentos.
Fernando
Teixeira | Público | opinião
Ainda
falta cerca de um mês para
que a Festa do Avante! tenha lugar, não é, contudo, extemporâneo
que dela aqui se fale porque, na verdade, da festa nunca tanto se falou. Estou
abismado com tantas notas de rodapé, com as notícias de abertura e com o
acompanhamento minucioso que a comunicação social está a dedicar à preparação
da edição deste ano. A cobertura dada à festa é uma novidade,
mas a táctica, essa já é antiga.
Durante
esta semana começaram a saltar bem gordos os números da lotação da Quinta
da Atalaia nas televisões dos portugueses, os pivôs enfatizam a
lotação do recinto fazendo sempre notar que se trata de um evento de massas.
Nunca foi essa a narrativa encontrada para descrever a festa do Partido
Comunista Português. Costumam ser as reportagens feitas a fugir, a filmar o
camarada mais velho que se encontre em cada lugar, a fechar os planos bem
fechados para que não se mostre ao resto do país as milhares de pessoas que
participam no comício de encerramento. Sempre foi assim e só o não é agora
porque interessa mostrar outra coisa, um outro lado, uma alegada
irresponsabilidade de um partido que celebra para o ano que vem 100 anos e que
nunca mostrou outra coisa senão um compromisso inabalável para com o seu país e
com o seu povo.
Todos
sabemos as calúnias que todos os anos, por esta altura, surgem numa tentativa
desgarrada de denegrir a festa comunista: os comunistas não pagam IVA na sua
festa, não pagam impostos, é uma festa de drogados, é o saco azul do PCP,
enfim, todo o tipo de pedra serve para atirar ao PCP. Não obstante, qualquer
pessoa intelectualmente honesta consegue perceber que nada do que acabei de
escrever corresponde à verdade. Contudo, este ano, para gáudio dos mais
primários anticomunistas, um vírus que pode não servir para convencer certos
sectores da vida nacional a apostar e a investir no Serviço Nacional de Saúde,
serve certamente para atacar, mais uma vez, a actividade do Partido Comunista
Português e dos trabalhadores. Primeiro foi o 25 de Abril, depois o 1.º de
Maio, agora a Festa do Avante!, em Dezembro será o Congresso do PCP,
enfim, tudo servirá para contestar a actividade política dos trabalhadores, mas
não a dos patrões e seus associados.
São
muitos os festivais a acontecer este Verão até porque, ao contrário do que é
amplamente difundido, os festivais não estão proibidos e o Avante! não
é uma excepção. São muitos os concertos e as actividades a acontecer e ainda
bem porque a cultura precisa de acontecer e o país precisa de viver mesmo com
as condicionantes que nos são impostas por uma pandemia que não escolhemos
viver. O PCP garante que vai cumprir todas as regras da DGS, tal
como o fazem os restaurantes, os centros comerciais e tantas outras actividades
que, com os devidos cuidados, estão de portas abertas para quem os visitar.
Advogado estagiário, licenciado em
Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Autor do livro
“Ponto de Fuga”. Militante do PCP
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