Rui
Sá* | Jornal de Notícias | opinião
Foi
notícia, recentemente, o facto de o rei Juan Carlos, de Espanha, ter recebido
100 milhões de euros de um membro da Casa Real saudita a título de comissão
pelo facto de um grupo espanhol ter ganho a empreitada de construção de uma
linha ferroviária de alta velocidade na Arábia Saudita.
A
abordagem da maior parte das notícias passa pelo facto de Juan Carlos ter
transferido 65 milhões de euros desta comissão para a conta de uma sua (ex?)
amante. Sinceramente, penso que é uma abordagem errada. Se Juan Carlos tem ou
teve amantes, tanto me faz. Se essa transferência foi por amor ou por
interesse, é-me indiferente, embora me pareça estarmos perante um padrão
ibérico: José Sócrates, um aristocrata nacional, também recebeu umas
transferências "por amizade" do seu amigo Carlos Silva......
O
problema não é esse. Nem tão-pouco o facto - sem dúvida relevante! - de um rei,
que devia ser um símbolo da soberania e do interesse nacional, fazer passar o
seu dinheiro por paraísos fiscais, subtraindo-os à Fazenda do seu país (mais ou
menos como uns empresários portugueses que, colocando a sede das suas empresas
em paraísos fiscais, se fartam de debitar umas postas sobre a estratégia para
Portugal e a "imperiosa necessidade" de todos (?) pormos o interesse
do país à frente dos nossos interesses pessoais, nomeadamente em matéria de
sacrifícios laborais e salariais dos trabalhadores!...)
Não!
O problema é que foi possível pagar "luvas" de 100 milhões de euros
pela intermediação na adjudicação de uma empreitada! Que, por maior que fosse a
sua dimensão, mostra que sobraram 100 milhões de euros que poderiam ter sido
poupados ao erário público. O que nos elucida sobre como são inflacionados os
custos de diversas obras públicas! À custa de todos nós.
*Engenheiro
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