quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Jerónimo: “Marcelo foi mais o Presidente dos poderosos do que dos trabalhadores”

Em entrevista à Antena 1, o líder comunista admite não votar a favor do novo Orçamento de Estado, e acusa Marcelo de “branquear o PSD” para atingir um bloco central. Revela ainda que o partido está a preparar um documento sobre toda a polémica mediática do Avante!. E não abre o jogo quanto ao futuro da liderança

S poderá não contar com o PCP para aprovar o Orçamento de Estado para 2021. A garantia é de Jerónimo de Sousa, em entrevista à Antena 1: “No momento em que esse orçamento [for] mais do mesmo - o benefício dos mesmos do costume, o prejuízo para quem trabalha ou trabalhou, para a maioria dos pequenos e médios empresários - eu pergunto: como é que podem exigir do PCP um voto a favor de um documento que reflicta opções de classe e do lado dos poderosos?”

O secretário-geral comunista ressalva que ainda não são conhecidos os conteúdos do OE e não vai fazer um “julgamento precipitado”, mas avisa: “este é um momento de opções”.

Ora, para Jerónimo as opções de Marcelo Rebelo de Sousa têm sido claras: está a “procurar branquear o PSD” com o objetivo “formal ou informal” de garantir um bloco central. “O Presidente da República tem uma visão um bocado elástica da Constituição”, acusou, dando como exemplo a legislação laboral passada no Parlamento.

“Em momento decisivos em que o PR foi chamado a pronunciar-se, muitas vezes ficou do lado de lá - do seu lado, no fundo. Tem a sua opção política, ideológica, e não foi capaz de dar corpo, substância e realização [aos princípios da Presidência da República].” E é perentório: Marcelo não foi o Presidente de todos os portugueses, “foi mais o Presidente dos poderosos do que dos trabalhadores.”

O líder comunista foi também questionado sobre a Festa do Avante!, e revelou que o partido está a pensar fazer um dossiê sobre o processo de manipulação que os comunistas consideram ter cercado o evento. “Com a festa do Avante procurou-se registar a esperança de que é possível aos portugueses não serem prisioneiros do medo. Foram-nos feitas exigências nunca pedidas a mais ninguém mas conseguimos”, concluiu o secretário-geral do PCP, que continuou sem desvendar o seu futuro no partido.

João Ferreira, o candidato presidencial, "é um quadro de grande valor" do partido, mas isso não significa que esteja na linha de sucessão, até porque "não existe um problema de gerações no PCP".

Expresso

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