quarta-feira, 30 de setembro de 2020

O fétido e longo esgoto das eleições nos EUA

Porque a abordagem do Expresso Curto vem à cabeça no Curto de hoje, com Donald Trump e Joe Biden no primeiro debate das eleições presidenciais norte-americanas de 2020, em Cleveland, no Ohio, não vamos dar muito mais para esse esgoto de mentecaptos do império do mal em falência. 

A verdade é como o azeite, vem sempre ao cimo, por tal o que vimos é a aceleração de pretensos presidentes à Casa Branca monstruosamente néscios, aloucados, os piores da humanidade. A degradação do império já há muito que está em marcha e só uma massiva estupidificação dos eleitores e não eleitores, dos norte-americanos, explica que desde há muito venham a eleger para a presidência sujeitos medíocres, imbecis, paranóicos, carregados de evidentes sintomas de doenças mentais que compulsivamente estão a afetar todo o planeta, quase todos os países e quase todos os povos. O império EUA, além de estar a saque também está na lama, numa enorme poça de merda que progressivamente tem vindo a salpicar toda a humanidade. Urge a mudança positiva que abula aquele Estado Sargeta.

Do Curto salientamos outras prosas sobre nós por cá. Joana Pereira Bastos, do Expresso balsemista, deixa matéria. Vá ler. Não dói nada.

Bom dia e goze o sol enquanto pode. Quantos terão morrido hoje por covid-19? A morte está a ganhar balanço e os mais idosos ou vulneráveis estão a ser agarrados e levados. Dá jeito ao “sistema”. Menos despesa. Os Novos Bancos & Capangas agradecem. O corruptos também. Assim têm mais fundo de maneio para as falcatruas...

Encurtamos aqui. Siga o Curto. Bom dia.

MM | PG

Bom dia, este é o seu Expresso Curto

O pior debate da história

Joana Pereira Bastos | Expresso

Bom dia,

Terminou há poucas horas o que muitos já classificaram como o pior debate da história. Caótico, cheio de interrupções, atropelos, gritaria, insultos, ataques pessoais, mentiras e reclamações: o nível do primeiro frente-a-frente entre o presidente Donald Trump e o antigo vice-presidente Joe Biden para as Presidenciais de 3 de novembro foi tão baixo que vários jornalistas e comentadores duvidam que sequer venham a realizar-se os restantes dois debates que estavam previstos.

Há dias, numa ação de campanha, Biden mostrou que sabia os riscos que corria neste debate. "Só espero não morder o isco de entrar numa rixa com este tipo, porque é só aí que ele se sente confortável", disse o candidato democrata. Mas acabou por cair na armadilha. O que se passou esta noite em Cleveland aproximou-se mais de uma rixa do que de um confronto de ideias e pouco terá servido para esclarecer os cerca de 200 milhões de eleitores americanos, sobretudo os 10% que ainda não decidiram em quem votar.

Num registo de "bully", nada surpreendente, o presidente americano esteve na sua versão mais agressiva. Interrompeu constantemente, usou informações falsas, por exemplo sobre a pandemia ou a expulsão do filho de Biden das forças armadas, e recorreu a ataques pessoais para descontrolar o opositor. Em resumo, Trump foi igual a si mesmo.

Biden não conseguiu passar muito tempo sem cair nas provocações e por vezes perdeu a calma e a elevação que costumam caracterizá-lo e que o distinguem do adversário. Chamou-lhe palhaço, mentiroso e mandou-o calar a boca. Num debate feito de lama, também acabou por se sujar. O moderador mal conseguia terminar as perguntas e várias vezes teve mesmo de levantar a voz para acalmar os ânimos. Foi "um espetáculo de merda", resumiu Dana Bash, jornalista da CNN, pedindo desculpa por não conseguir encontrar outra palavra para descrever o que vira. O Expresso seguiu tudo, ao minuto.

A quatro semanas das eleições, o candidato democrata lidera as sondagens, com uma vantagem de 7% a nível nacional. Mas isso está longe de ser sinónimo de vitória. Em 2016 Trump também partia em desvantagem e acabou vitorioso. Nos últimos dias, a diferença entre os dois tem vindo a encurtar-se e está mesmo dentro da margem de erro em alguns dos estados mais importantes, onde habitualmente se decide a eleição.

O debate não parece ter sido decisivo. Assim que terminou, um inquérito da CNN perguntou aos eleitores se o frente-a-frente a que tinham assistido os impelia a votar em algum dos candidatos. 57% dos inquiridos responderam que não. Segundo o mesmo estudo de opinião, a maioria dos telespectadores (60%) atribuem a vitória a Biden e só 28% a Trump. Mas o resultado do primeiro debate de 2016, que opôs Trump a Hillary Clinton, foi semelhante e isso não impediu a derrota da democrata.

O pior é que, desta vez, as eleições têm tudo para terminar francamente mal. Trump recusa comprometer-se a aceitar o resultado das eleições e admitiu chamar o Supremo Tribunal (onde tem maioria) para dirimir qualquer litígio. "Vai ser uma fraude como nunca vimos. Podemos não saber os resultados durante meses", vaticinou, a propósito dos votos por correio. A violência está à espreita. Num país a ferro e fogo, Trump recusou ainda condenar os supremacistas brancos e pediu ao grupo de extrema-direita "Proud Boys" que se "mantenha a postos".

Não há forma de isto correr bem, resume Germano Almeida, especialista em política norte-americana. Faltam 34 dias para as eleições.

OUTRAS NOTÍCIAS

Dado sim, emprestado não. Portugal vai "usar integralmente" os cerca de 13 mil milhões de euros da União Europeia que chegarão através de subvenções a fundo perdido, ou seja sem contrapartidas, mas não irá recorrer aos empréstimos disponibilizados por Bruxelas (que podem ir até aos 15,7 mil milhões) para não fazer explodir a já avultada dívida pública, garantiu ontem o primeiro-ministro. O país tem de decidir até 2023 o que quer fazer, e como, com a "bazuca" europeia para responder à profunda crise económica e social provocada pela pandemia.

Investimento na qualificação, reindustrialização, modernização da administração pública, coesão territorial e cuidados aos mais velhos estão entre as prioridades do plano que António Costa apresentará até 15 de outubro. Ontem, em Lisboa, perante a presidente da Comissão Europeia, o Governo já apresentou alguns exemplos de pequenos e grandes investimentos que serão patrocinados pelos milhões europeus. Entre eles, uma estrada de 20 quilómetros.

Ursula von der Leyen não poupou nos elogios ao país, considerando que Portugal pode até ser "um modelo para os outros". E recebeu os encómios de volta, cativando a grande maioria dos conselheiros de Estado. "Há uma líder na Europa", confia Marcelo. "E gosta de Portugal".

Um milhão de mortos. Foi este o número total de vítimas mortais provocadas pela pandemia atingido ontem em todo o mundo. A manter-se o ritmo atual, a fasquia dos dois milhões de óbitos será atingida em abril. Até agora, mais de metade das mortes foram registadas em apenas quatro países: Estados Unidos, Brasil, Índia e México. Mas, tendo em conta a população residente, o Perú é o país com a cifra mais negra, logo seguido da Bélgica. Portugal surge em 45º lugar.
Nas últimas 24 horas, o país registou 688 novas infeções e mais seis mortes. No total, contam-se agora 24.561 casos ativos, dos quais 661 estão internados e 99 em cuidados intensivos.

Rutura nos cuidados continuados. O Governo promete criar, com o dinheiro da Europa, 8000 novas camas de cuidados continuados, mas o presidente da associação que representa o sector garante que o investimento não será suficiente. José Bourdain queixa-se de subfinanciamento e de uma grave falta de enfermeiros e deixa um alerta: “Basta fecharem duas unidades de cuidados continuados por falta de pessoal para lançar o caos em hospitais do SNS”.

Apoio à retoma. Só as empresas com quebras de faturação iguais ou superiores a 75% poderão avançar para a redução total do horário de trabalho, no âmbito do programa de apoio à retoma progressiva, que deverá estender-se para o próximo ano para fazer face às dificuldades das empresas mais afetadas pela pandemia. Neste mecanismo, que se aproxima do lay-off simplificado, os trabalhadores que ficarão com "horário zero" terão assegurada uma retribuição equivalente a 88% do salário bruto, comparticipada a 70% pela Segurança Social e 30% pelo empregador. A garantia foi dada ontem pelos ministros da Economia e do Trabalho.

O regresso dos adeptos. A partida entre o Santa Clara e o Gil Vicente, que se disputará este fim de semana, vai ter uma assistência de mil pessoas, tornando-se o primeiro jogo profissional da época a ter público no estádio. O encontro funcionará como um "jogo-piloto" para o regresso dos adeptos às bancadas. O próximo teste será a 7 de outubro, no jogo da seleção frente à Espanha, que decorrerá no estádio de Alvalade. Também a partida frente à Suécia, a 14 de outubro e igualmente no recinto do Sporting, foi autorizada a receber público. Nos jogos da seleção, foi estabelecido um limite de 5% a 10% da lotação.

Acidente no metro de Lisboa. O colapso de parte do túnel do metro na estação da Praça de Espanha causou ontem à tarde quatro feridos ligeiros e obrigou a interromper a circulação entre as Laranjeiras e o Marquês de Pombal, que deverá permanecer suspensa pelo menos até amanhã. O desabamento atingiu um comboio, com cerca de 300 pessoas a bordo, e obrigou o motorista a uma travagem de emergência. Três dos quatro feridos foram assistidos por ataque de ansiedade. O Metropolitano já abriu um inquérito para averiguar as causas do acidente.

"A escola é no Espaço". Neste que é, provavelmente, o mais singular de todos os arranques de ano letivo, o Expresso pediu a 20 crianças e jovens dos 4 aos 18 anos para desenharem o regresso às aulas com o que encontraram de diferente. Os mais pequenos põem o coronavírus no lugar do sol, desenham-no enorme ou põem-no a voar e acham que os professores são astronautas quando agora os veem de máscara. A distância das mesas, a separação dos irmãos nos recreios, as setas no chão, os frascos de álcool-gel e até as notícias televisivas com os números da covid-19 aparecem retratados nos desenhos. Vale a pena espreitar aqui.

FRASES - especial debate às presidenciais norte-americanas

“O facto é que tudo quanto ele disse até agora é simplesmente mentira. Não estou aqui para denunciar as mentiras dele. Toda a gente sabe que é um mentiroso”,
Joe Biden, antigo vice-presidente dos EUA e candidato democrata

“É difícil conseguir dizer uma palavra com este palhaço”,
idem

“Calas-te, homem?”,
idem

“Tu não és nada esperto”,
Donald Trump, presidente dos EUA e candidato republicano à reeleição

“A China comeu-te o almoço”,
idem

“Foi o pior debate presidencial que vi em toda a minha vida”,
George Stephanopoulos, antigo porta-voz de Bill Clinton e atual pivô na ABC News

“O povo americano sofreu esta noite, isto foi horrível”,
Jake Tapper, jornalista da CNN

O QUE ANDO A LER

Estou no início de Cinco Travessias do Inferno, o livro que compila o relato das "melhores viagens horrorosas" da jornalista norte-americana Martha Gellhorn, uma das mais importantes repórteres de guerra do século XX, testemunha privilegiada da maioria dos grandes conflitos do seu tempo, desde a Guerra Civil Espanhola, nos anos 30, até à invasão do Panamá pelos EUA, no final da década de 1980, passando pela Segunda Guerra Mundial - assistiu in loco ao desembarque das tropas aliadas na Normandia - e pela Guerra do Vietname.

A primeira das cinco travessias infernais leva-nos até à China, em 1941, em plena segunda guerra sino-japonesa. Então com 33 anos, Gellhorn acompanhou o exército chinês, no meio de trincheiras enlameadas e imundas, entre soldados descalços "com ar de órfãos tristes".

Nessa "viagem horrível ", a jornalista teve sempre a seu lado um companheiro que no livro identifica apenas como C.R. (iniciais de Companheiro Relutante). Na verdade, o companheiro era o marido, Ernest Hemingway, com quem casara meses antes. Foi, aliás, a Martha que Hemingway dedicou Por Quem os Sinos Dobram, uma das suas melhores obras.

Na China, Gellhorn e Hemingway enfrentaram pragas de percevejos, dormiram em camas de tábuas, adoeceram, passaram fome e tremeram de frio. Embarcaram num avião que se descontrolou e entrou em queda livre "como uma borboleta no meio de um furacão" e tantas vezes viram a morte de perto que passaram os dias "agarrados a resquícios de sanidade".

Num desses dias, para fazer uma entrevista, a jornalista viu-se atirada para dentro de um riquexó, de olhos vendados, e acabou numa cela de paredes caiadas que tinha por mobília apenas uma mesa e três cadeiras. Do outro lado da mesa estava Chou En-lai, na altura comunista na clandestinidade, "um homem fascinante" que a cativou e que viria a ser o primeiro primeiro-ministro da República Popular da China.

Dezasseis anos depois dessa entrevista, em 1957, uma outra mulher, portuguesa, também jornalista, seguiria os passos de Martha Gellhorn ao fazer uma extensa viagem pela China, ao lado do mesmo Chou En-Lai. Chamava-se Maria Lamas, era minha bisavó e fonte maior de inspiração. Foi por ela que quis ser jornalista. Na próxima terça-feira passam 127 anos do seu nascimento.

Por hoje é tudo. Tenha um dia bom e acompanhe toda a atualidade em expresso.pt.

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