quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Esgoto Trump | O debate Trump-Biden na imprensa mundial

“Um nível de desprezo nunca visto”, “insultos, palavrões e poucas ideias”, “o pior de sempre”

A acrimónia entre os dois candidatos à Casa Branca no primeiro de três debates é destacada em vários pontos do globo. Alguns jornais carregam nas críticas ao Presidente em funções, enquanto outros também apontam o dedo ao candidato democrata

“Escárnio e mentiras de Trump adensam caos em primeiro debate”, escreve o jornal “The New York Times” (NYT) em grande destaque no seu site. Sobre o embate inaugural entre os candidatos à presidência dos EUA, com eleições marcadas para 3 de novembro, o diário norte-americano destaca ainda que o candidato democrata, Joe Biden, chamou “palhaço” ao republicano Donald Trump, que disputa a sua reeleição. O tom sobre o duelo verbal da madrugada desta quarta-feira é consensual na imprensa de vários pontos do globo.

A performance de Trump é descrita como “vulcânica” e “repleta de mentiras”, tendo o Presidente recorrido a “táticas ao estilo ‘bulldozer’” e recusado “condenar a supremacia branca”, acrescenta. O NYT descreve ainda que ambos protagonizaram “um nível de desprezo acre um pelo outro nunca visto na política americana moderna”.

O jornal “The Washington Post” (WP) acusa Trump de “mergulhar o debate numa quezília inflamada”. Biden disse que o Presidente tornou os EUA um país “mais dividido”, enquanto “Trump o interrompia e lançava insultos”, acrescenta. Também a recusa do Presidente em condenar os supremacistas brancos merece destaque no WP num “debate marcado por disputas sobre raça”. “A querela esmagou um debate que mostrou diferenças substantivas entre Trump e Biden sobre as crises convergentes da nação. As interjeições e a chacota do Presidente levaram o moderador Chris Wallace a pedir-lhe repetidamente que respeitasse as regras previamente acordadas”, escreve ainda o “Post”.

Os também americanos “USA Today” e “The Wall Street Journal” (WSJ) adotam um tom mais moderado na descrição do debate. O WSJ recorda que Biden classificou Trump como “o pior Presidente que a América alguma vez teve” e que Trump declarou ter feito mais em 47 meses como Presidente do que Biden em 47 anos como senador.

Em Espanha, o “El País” titula “O caos e os ataques pessoais marcam o primeiro debate entre Trump e Biden”, enquanto o “El Mundo” destaca duas frases da contenda: “Não tens nada de esperto” (disse Trump a Biden) e “Não te calas, homem?” (disse Biden a Trump).

Em França, o “Le Monde” escreve que “Trump torpedeia o seu primeiro debate com Biden” e o “Le Figaro” opta por: “Biden resiste aos ataques de Trump”.

O italiano “Corriere della Sera” não hesita em qualificar este como “o pior debate de sempre”, com “insultos, palavrões e poucas ideias”. O “La Repubblica” também refere os “repetidos insultos e interrupções”, destacando o momento em que Trump rejeita qualquer sinal de inteligência em Biden e este lhe chama “mentiroso”.

O britânico “The Guardian” fala em “cenas caóticas”, “insultos” e “ânimos exaltados”. O “Daily Mail” escreve que “Trump e Biden gritam um por cima do outro, enquanto o moderador perde o controlo” do debate.

Na China, o “Global Times” descreve o debate como o “epítome do caos e da acentuada divisão social” nos EUA. Já na Rússia, um dos países visados no primeiro encontro entre os candidatos, nem a agência oficial de notícias TASS nem o jornal “The Moscow Times” têm, para já, artigos disponíveis sobre o assunto.

“Folha de S. Paulo” titula “Em debate caótico, Biden manda Trump calar a boca e critica desmatamento no Brasil”. O jornal “O Globo” também destaca a referência ao país mas, em vez de “caótico”, usa o adjetivo “agressivo” para qualificar o debate.

Expresso

Imagem: Donald Trump e Joe Biden no primeiro debate das eleições presidenciais norte-americanas de 2020, em Cleveland, no Ohio // Jim Lo Scalzo

*Alteração do título por PG

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