Na Conferência Nacional do PS,
António Costa fez o diagnóstico dos problemas do País, mas passou ao lado
das medidas para os ultrapassar.
AbrilAbril | editorial
Formas de combater a pandemia e
recuperação económica foram os eixos da iniciativa realizada pelo PS, na segunda-feira.
Na condição de secretário-geral do partido, António Costa abordou aspectos como
a produção nacional, o emprego e a coesão, mas escamoteou
responsabilidades.
Sendo certo que o novo
coronavírus destapou desigualdades, como ontem reconheceu o primeiro-ministro,
é também verdade que estas resultam de décadas de políticas de direita, e as
medidas implementadas só serviram para as agravar. Veja-se o caso do lay-off,
que além de não ter impedido despedimentos, cavou fundo no orçamento da
Segurança Social e retirou a milhares de famílias uma parcela importante dos
seus rendimentos.
Disse António Costa que o Governo
tentou mitigar os efeitos da pandemia e combater o desemprego, esquecendo que
se opôs ao que efectivamente o impedia, que era a proibição dos despedimentos.
Já no que toca à coesão, o
primeiro-ministro tenta fazer a quadratura do círculo. Reconhece que o Interior
do País não é menos desenvolvido que o Litoral «por mero acaso» (e tem razão,
faltam serviços públicos, saúde, transportes, ...), mas porque «tem menos
condições de competitividade e isso traduz-se em menos coesão».
Refere-se ao desequilíbrio
territorial gritante como uma «vulnerabilidade» a enfrentar, mas recusa falar
da regionalização – prevista na Constituição da República
– e insiste na chamada «democratização» das Comissões de Coordenação e
Desenvolvimento Regional (CCDR), que não são mais do que
estruturas desconcentradas do Estado.
Sem identificar responsáveis,
nem as políticas (muitas delas impostas pela União Europeia) que nos
trouxeram até aqui, António Costa afirma que Portugal tem um «potencial
produtivo fraco» e diz querer uma «agricultura pujante», quando a opção do seu
Governo tem sido desmantelar o Ministério da
Agricultura, designadamente com a entrega das florestas ao Ministério do
Ambiente e Acção Climática.
Rendido aos ditames de uma União
Europeia umbilicalmente ligada aos interesses do grande capital, António Costa
falha na apresentação de soluções para o presente e o futuro do País, na
valorização do trabalho e dos trabalhadores e na implementação de medidas
que afirmem a soberania nacional. Neste sentido, faz recordar a célebre frase:
«Falam, falam, falam, mas eu não os vejo a fazer nada.»
Imagem: Manuel de Almeida / Lusa
Imagem: Manuel de Almeida / Lusa
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