quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Portugal | Avante! em segurança


Paula Santos | Expresso | opinião

É já na sexta-feira que a Quinta da Atalaia abre as portas para receber todos aqueles que vão à Festa do Avante. Dadas as circunstâncias em que vivemos, a Festa do Avante está a ser preparada com a garantia de medidas de prevenção e proteção da saúde pública.

Considerando todas as medidas que foram tomadas, não será arriscado dizer que será um dos eventos mais seguros que se realizarão em Portugal.

Com antecedência iniciou-se a preparação, procurando encontrar as soluções mais adequadas para assegurar as condições de segurança e a tranquilidade de quem a visita, respeitando as recomendações sanitárias. O espaço foi alargado; reduziram-se os espaços fechados e criaram-se mais espaços amplos e ao ar livre; todos os espetáculos, concertos, teatro e cinema serão ao ar livre, com lugares sentados e com áreas de circulação; criou-se a figura do assistente de plateia para apoiar na organização do espaço da plateia; as feiras do livro e do disco serão também ao ar livre; os espaços de restauração cumprirão as orientações já definidas no resto do país; as atividades desportivas foram canceladas bem como o ato de abertura da Festa; foram definidos corredores de circulação; será disponibilizado gel desinfetante; a desinfeção dos espaços será reforçada e será obrigatório do uso de máscara no espaços definidos, como consta do plano de contingência elaborado e já tornado público.

Obviamente que a realização do Avante! este ano não será nos mesmos moldes dos anos anteriores, mas nem por isso deixará de ser a iniciativa da solidariedade e da igualdade, da amizade e da fraternidade, de resistência e luta.

Num momento em que se agravam as condições de vida dos trabalhadores e do povo, em que cresce o desemprego e aumenta a exploração e o ataque aos direitos e às remunerações, em que se agudizam as desigualdades e as injustiças, a realização da Festa do Avante assume uma maior importância para dar força e confiança na luta que é preciso travar nos próximos tempos, para afirmar os valores da democracia e da liberdade e combater o medo e a resignação.

Temos de salvaguardar a saúde pública e proteger os trabalhadores e o povo, mas isso não pode tolher a ação, a intervenção e a luta nos locais de trabalho. E é por isto que diversos setores encetaram uma operação de ataque à Festa do Avante e ao PCP, porque o que verdadeiramente incomoda os grupos económicos e os partidos da política de direita é a unidade e a capacidade de organização e luta dos trabalhadores e do seu partido, o PCP.

Há milhares de pessoas na praia, e bem! Realizaram-se inúmeros festivais e iniciativas culturais, realizaram-se cerimónias religiosas e estão a decorrer as Feiras do Livro de Lisboa e do Porto. Mas aquilo com que os representantes dos grupos económicos e do capital não se conformam é com a Festa do Avante organizada pelo PCP. Claramente que há aqui um objetivo ideológico de atacar exatamente aquela força política que é consequente e que não vacila na defesa dos direitos e remunerações dos trabalhadores e no combate aos benefícios aos grupos económicos. Porque sabem que a realização da Festa do Avante contraria a perspetiva de isolamento que andam a apregoar há meses para enfraquecer a ação e a luta dos trabalhadores nos locais de trabalho.

Também não é verdade que não se podem realizar festivais. A legislação sobre isso é bem clara, ao permitir a realização de espetáculos seja em recinto coberto ou ar livre, com lugar marcado, em respeito pelas recomendações específicas da DGS para assegurar o distanciamento físico.

Para além disso, a atividade política nunca foi proibida, nem podia ser, nem sequer durante o estado de emergência. Por isso a Festa do Avante se realiza dentro das regras, sem nenhum quadro de exceção ou de privilégio.

A realização da Festa do Avante constitui um elemento de afirmação do exercício de direitos democráticos, de defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo e um elemento de esperança para o futuro.

O apelo à participação na Festa do Avante! é um apelo ao exercício dos direitos democráticos, à luta por uma política que corresponda aos interesses dos trabalhadores e do povo e também ao convívio são de que se fazem as relações sociais.

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