Paulo Baldaia | TSF | opinião (27.11.20)
Infelizmente, esta crónica tem de começar com um ponto prévio, muito por causa do nível a que chegou o debate político no espaço público em Portugal, com claques organizadas e a ideia firme de que quem não está do nosso lado, está contra nós. O ponto prévio é muito simples: eu não sou simpatizante e, menos ainda, militante do Partido Comunista Português.
Mas acho muito bem que o PCP organize o XXI congresso, em Loures, este fim-de-semana. A Democracia não está suspensa, Portugal não vive num regime de partido único e importa, por isso, que se mantenha viva a pluralidade de opiniões. Até para evitar que se instale a ideia de que, sendo todos iguais, uns são mais iguais que outros. Tipo: enchente no santuário de Fátima no 13 de Setembro, sem que Cristo tivesse de descer à terra para repor o bom senso. Ou então, a Convenção do Chega em que até foi necessário chamar a GNR, tal era a frequência com que os delegados circulavam de um lado para o outro sem a obrigatória máscara. Sempre que o PCP se predispõe a mostrar que Portugal está vivo, uma parte desse Portugal insurge-se, exigindo que o PCP faça de morto.
Se o problema é a percepção que
se cria por causa da Covid-19, então o que deveríamos valorizar é a capacidade
dos comunistas portugueses levarem a vida para a frente com uma organização que
diminui em muito o risco de contágio. Arrisco a dizer, aliás, que este
fim-de-semana será muito mais perigoso fazer compras numa grande superfície que
participar no congresso do PCP
Há urgência em ouvir os dirigentes comunistas explicarem aos portugueses por que é que viabilizaram este Orçamento do Estado. De preferência, dando espaço de debate aos comunistas que são contra esta estratégia do comité central, para que digam de sua justiça.
O PCP está a fazer um favor à Democracia, demonstrando que ela funciona, permitindo que a actividade política aconteça cumprindo as regras sanitárias que se aplicam a todas a todas as actividades. Nos momentos difíceis não se recua. Faço votos que os comunistas portugueses tenham um bom congresso.
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