domingo, 11 de outubro de 2020

Portugal com mais 13 mortos. Quarto dia consecutivo com mais de mil casos

COVID-19

As vítimas mortais são seis homens e cinco mulheres com mais de 80 anos e um homem na faixa etária dos 70-79 anos. Há, ainda, uma mulher na faixa etária dos 50-59 anos.

No boletim da DGS deste domingo há registo de mais 1090 casos de covid-19 e mais 13 mortes em 24 horas. Há mais 12 internamentos e 384 recuperados.

Portugal registou mais 1090 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, menos 556 casos do que ontem, mas acima dos mil pelo quarto dia consecutivo, tendo sido registadas 1278 novas infeções na quinta-feira e 1394 na sexta-feira e 1646 no sábado.

De acordo com o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS) deste domingo (11 de outubro) morreram ainda mais 13 pessoas por causa do novo coronavírus.

O número total de infetados desde o início da pandemia é de 86 664 e o de mortes é de 2 080. Há mais 12 internamentos nas últimas 24 horas, para um total de 843, e mais duas pessoas nos cuidados intensivos. São agora 124.

Há mais 384 recuperados, num total de 53 187, com o número de casos ativos em todo o país a ser de 31 397 (mais 693 desde o boletim de sábado). Há 48 413 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde, mais 811 do que na véspera.

O maior aumento de casos regista-se na região Norte (mais 625), seguindo-se a região de Lisboa e Vale do Tejo (mais 329). Há ainda mais 82 no Centro, 43 no Algarve e sete no Alentejo. Na Madeira há mais cinco novos casos e para os Açores não há números, com o boletim a esclarecer, em nota de rodapé que o relatório de hoje reflete uma descida do número total de casos da região dos Açores, por força da necessidade de correção da série histórica e da real atribuição dos mesmos a outra região de saúde.

Em relação às 13 mortes registadas nas últimas 24 horas, seis ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo, seis no Norte e uma no Alentejo.

Portugal | Ventura agradece a ajuda

Paulo Baldaia | Diário de Notícias | opinião

Sem ilusões, quando se aproxima uma chuva de milhões e se alteram as regras para gastar mais rapidamente o dinheiro, como já aconteceu em 2008 com a aprovação do Código dos Contratos Públicos, o mais provável é que a urgência no combate à crise seja uma boa desculpa para flexibilizar essas regras e, assim, escancarar as portas à criminalidade. O que pode vir a acontecer não é uma certeza, mas há muito conluio, muita cartelização e muita corrupção a serem investigados e julgados pelo que aconteceu nesse passado recente, e isso serve-nos de aviso quando a história começa a repetir-se.

Volta a chuva de milhões, volta a flexibilização das regras nos contratos públicos, e só não podemos afirmar, com certeza, que vão crescer o conluio, a cartelização e a corrupção. Mas os avisos de que tudo isto pode acontecer, esses também já foram repetidos. E a ideia de que quem avisa amigo é não se aplica nunca nestas histórias. Convenhamos, o país não fica obrigado a ser mais corrupto porque muda a lei e recebe milhões, mas dá para desconfiar, até porque já começaram a aparecer os políticos a apontar o dedo aos que desconfiam. Caladinhos, é assim que eles gostam dos portugueses. Como se a culpa fosse dos que desconfiam destes movimentos e nada houvesse para questionar.

Só mentes conspirativas são capazes de imaginar que em Portugal há corrupção. Os puros sabem que tudo isso é uma inexistência. Não há um juiz expulso, uma jubilada e mais dois suspensos em tribunais superiores. Nem um magistrado do Ministério Público condenado a uma pena de prisão efetiva a aguardar em liberdade que o recurso seja decidido. Nem um primeiro-ministro acusado, nem ex-ministros julgados, condenados e a cumprir prisão. Nem um grande banqueiro apontado como o manobrador-mor de uma elite que vivia dobrada com o peso dos salamaleques. E tudo isto só pode significar que a justiça funciona, mas também deixa em muitos portugueses a ideia de que o país está a saque e que quem os rouba é quem tem dinheiro e poder.

Portugal ‘covidado’ | Muitas mais mortes?

Cuidados Intensivos: "Sem recursos humanos ou voltamos a fechar tudo ou há mais mortes"

João Gouveia é médico especialista em medicina interna e medicina intensiva. Em entrevista ao DN, como presidente da Sociedade Portuguesa de Cuidados Intensivos, no dia em que o país passou a barreira dos mil casos diários de covid-19, diz que poderemos vir a viver uma crise grave. E alerta: "São precisos mais profissionais" para responder ao que aí vem.

João Gouveia é médico desde 1994. Escolheu como primeira especialidade medicina interna, mas, depois, apaixonou-se pela medicina intensiva, talvez por ser a medicina que "dá resultados imediatos da nossa atuação", talvez por ser a medicina que alia a parte clínica a uma componente técnica de que gosta muito. Exerce-a desde 1996. Ao DN, diz ser um otimista incondicional, mas que o otimismo "por si só é tonto".

É preciso trabalhar para ter razões para o ser. E porque está na linha da frente desde o início da pandemia não pode deixar de realçar a performance do país, da comunidade e da saúde, que diz ter sido uma dupla vitória. Mais de seis meses depois, teme que estejamos pior para enfrentar o que aí vem e explica porquê nesta entrevista, realizada no dia em que o país ultrapassou os mil casos diários de covid-19 e em que já há hospitais em pressão nos cuidados intensivos.

Ana Mafalda Inácio | Diário de Notícias

Leia a entrevista completa em Diário de Notícias

Covid-19: China sem novos casos há 56 dias

A Comissão de Saúde da China anunciou hoje ter detetado 21 casos de covid-19 em viajantes oriundos do exterior, quando soma 56 dias consecutivos sem infeções locais.

Os 21 casos importados foram diagnosticados em Xangai (leste, dez casos) e nas províncias de Guangdong (sul, seis), Sichuan (centro, três), Liaoning (nordeste, um) e Fujian (sudeste, um), indicou.

As autoridades disseram que, nas últimas 24 horas, nove pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infetadas ativas no país se fixou em 218. A Comissão de Saúde chinesa não anunciou novas mortes devido à doença.

Desde o início da pandemia, a China registou 85.557 infetados e 4.634 mortos devido à covid-19. Até agora, 80.705 doentes recuperaram da doença.

As autoridades chinesas referiram que 840.380 pessoas que mantiveram contacto próximo com infetados estiveram sob vigilância médica na China, das quais 7.906 permanecem sob observação.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e sessenta e nove mil mortos e perto de 37 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

Notícias ao Minuto | Lusa

Leia em Notícias ao Minuto: 

AO MINUTO: Recordes em Portugal e França. Brasil passa as 150 mil mortes

The Indo-Pacific “Quad” Alliance: Pressão para mais agressões contra a China

The Indo-Pacific “Quad” Alliance (Austrália, Japão, EUA, Índia) realiza cúpula enquanto os EUA pressionam por mais agressões contra a China

Walter Smolarek | Global Research, 09 de outubro de 2020

O secretário de Estado Mike Pompeo esteve no Japão hoje para participar de uma cúpula de alto nível dos principais diplomatas dos países envolvidos no "Quad Indo-Pacífico". O Quad é uma aliança iniciada pelos Estados Unidos composta pela Austrália, Japão, Estados Unidos e Índia.É um pilar importante da estratégia do governo Trump para intensificar o confronto com a China.

No discurso de abertura de Pompeo à cúpula, ele afirmou:

“Também estou ansioso para… renovar nossa decisão de proteger nossas preciosas liberdades e a soberania das diversas nações da região. Como parceiros neste Quad, é mais crítico agora do que nunca que colaboremos para proteger nosso pessoal e parceiros da exploração, corrupção e coerção do PCCh. ”

Como era de se esperar dos gestores da política externa dos Estados Unidos, essa declaração vira a realidade de ponta-cabeça. Pompeo pronunciou essas palavras durante uma visita a um país no qual os Estados Unidos realizaram a obliteração nuclear de duas cidades com significado militar mínimo, ao custo de mais de 200.000 vidas de civis. Em outras partes da região, os militares dos EUA travaram guerras genocidas de conquista nas Filipinas, Coréia e Vietnã. O governo dos EUA apoiou ditaduras brutais e desempenhou um papel fundamental na orquestração do genocídio indonésio de 1965.

Hipocrisia à parte, o Quad representa uma ameaça distinta à paz nos dias atuais. Embora a maioria dos estados asiáticos tenha relações extensas com ambas as potências, os Estados Unidos esperam polarizar a região em blocos concorrentes pró-EUA e pró-China. Para os estrategistas do império dos EUA, Japão, Austrália e Índia são naturalmente seus parceiros juniores mais importantes.

Plano de ação para a Internacional Progressista

#Publicado em português do Brasil

Yanis Varoufakis provoca: crise abre espaço para projeto pós-capitalista. Mas esquerda precisa assumir o combate ao sistema, que os fascistas fingem fazer. Há um leque de alternativas para tanto, desde que se retome a imaginação política

Yanis Varoufakis em seu blog | Outras Palavras | Tradução de Simone Paz

Nossa era será lembrada pela marcha triunfante do autoritarismo e seu rastro, em que a vasta maioria da humanidade passou por dificuldades desnecessárias e os ecossistemas do planeta sofreram uma destruição climática que podia ter sido evitada. Por um breve período — que o historiador britânico Eric Hobsbawm descreveu como “o curto século 20” — as forças do establishment se uniram para lidar com os desafios à sua autoridade. Foi uma fase rara, em que as elites tiveram que enfrentar um leque de movimentos progressistas, todos buscando mudar o mundo: social-democratas, comunistas, experimentos de autogestão, movimentos de libertação nacional na África e na Ásia, os primeiros ecologistas, radicais, etc.

Cresci na Grécia de meados da década de 1960, governada por uma ditadura de direita estimulada pelos Estados Unidos, sob o comando de Lyndon Johnson (cujo governo foi um dos mais progressistas internamente, mas que não hesitou em apoiar fascistas na Grécia ou em bombardear o Vietnam). O medo e a aversão ao populismo de direita que encontramos hoje estampado nas páginas do New York Times, simplesmente não existiam naquela época.

As coisas mudaram depois de 2008, o ano em que o sistema financeiro ocidental implodiu. Após 25 anos de financeirização sob o manto ideológico do neoliberalismo (entenda mais no artigo de Ann Pettifor sobre o sistema financeiro global), o capitalismo global teve um espasmo semelhante ao de 1929, que quase o deixou de joelhos. A reação imediata dos governos a esta crise, para apoiar as instituições financeiras e os mercados, foi ligar as impressoras dos bancos centrais e transferir as perdas bancárias para as classes trabalhadoras e médias, por meio dos chamados “resgates”.

Essa combinação de um socialismo para poucos e uma rígida austeridade para as massas, desencadeou duas coisas. Em primeiro lugar, deprimiu o investimento real global, pois as empresas sabiam que as massas tinham pouco para gastar em novos bens e serviços. Isso gerou descontentamento entre muitos, enquanto poucos recebiam grandes doses de “liquidez”.

Em segundo lugar, eclodiram inicialmente levantes progressistas — dos Indignados na Espanha e os Aganaktismeni na Grécia, ao Occupy Wall Street e a várias forças de esquerda na América Latina. Esses movimentos, no entanto, tiveram vida relativamente curta e foram tratados de modo eficiente pelo establishment, tanto de forma direta, com o esmagamento da primavera grega em 2015, por exemplo; como indireta, como no enfraquecimento de governos esquerdistas latino-americanos quando caiu a demanda chinesa por suas exportações.

À medida em que as causas progressistas foram sendo eliminadas uma a uma, o descontentamento das massas teve que encontrar uma expressão política. Imitando a ascensão de Mussolini na Itália, que prometeu cuidar dos mais fracos e fazer com que eles se sentissem orgulhosos de serem italianos novamente, testemunhamos a ascensão do que podemos chamar de Internacional Nacionalista, mais claramente expressa nos argumentos de direita alimentando a saída da Grã-Bretanha da União Europeia e nas vitórias eleitorais de nacionalistas de direita: Donald Trump nos Estados Unidos; Jair Bolsonaro no Brasil; Narendra Modi na Índia; Marine Le Pen na França; Matteo Salvini na Itália e Viktor Orban na Hungria.

E assim, pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial, o grande confronto político deixou de ser entre o establishment e os diversos progressismos, para se tornar um conflito entre diferentes partes do establishment. Uma parte aparece como os baluartes da democracia liberal; a outra, como os representantes do movimento anti-liberal.

Evidentemente, esse choque entre o establishment liberal e a Internacional Nacionalista é totalmente ilusório. Na França, o centrista Macron precisou da ameaça do nacionalismo de extrema-direita de Le Pen, sem o qual ele nunca seria presidente. E Le Pen precisou de Macron e das políticas de austeridade do establishment liberal, que geraram o descontentamento que alimentou suas campanhas. Da mesma forma nos Estados Unidos, onde as políticas dos Clinton e dos Obama, que resgataram Wall Street, alimentaram o descontentamento que criou Donald Trump — cuja ascensão reforça, em um círculo sem fim, as defesas de Clinton e Biden contra alguém como Bernie Sanders. Foi um mecanismo de reforço entre o establishment e os chamados populistas, replicado em todo o mundo.

No entanto, o fato do establishment liberal e a Internacional Nacionalista serem co-dependentes, não significa que o choque cultural e pessoal entre eles não seja autêntico. A autenticidade de seu confronto, apesar da falta de qualquer diferença política real entre eles, tornou quase impossível para os progressistas serem ouvidos, devido à cacofonia causada pelas muitas variantes conflitantes do autoritarismo.

É exatamente por isso que precisamos de uma Internacional Progressista — um movimento internacional de progressistas para conter a falsa oposição entre duas variedades do autoritarismo globalizado (o establishment liberal e a Internacional Nacionalista) que nos prendem em uma típica agenda de negócios que destrói as perspectivas de vida e desperdiça as oportunidades de frear a catástrofe climática.

A questão, então, é: o que uma Internacional Progressista faria? Com que propósito? E por quais meios?

Se a nossa Internacional Progressista simplesmente criar espaço para a discussão aberta nas praças das cidades (como fez o Occupy Wall Street há uma década) ou apenas buscar emular esforços como o Fórum Social Mundial, ela acabará novamente fracassando. Para ter sucesso, precisaremos de um plano de ação comum e de uma estratégia de campanha incomum, que incentivem os progressistas ao redor do mundo a implementar esse plano. Por último, mas não menos importante, precisaremos da vontade compartilhada para visualizar uma realidade pós-capitalista.

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