Estão a aumentar situações de violência contra ativistas dos direitos humanos, sobretudo na zona sul da Guiné-Bissau, diz o presidente da Rede de Defensores dos Direitos Humanos. A região de Quinará é a mais crítica.
Antigo reitor da universidade Amílcar Cabral e advogado, Fodé Mané fez esta constatação após um périplo pelo interior da Guiné-Bissau, na sequência de várias denúncias de ativistas de que estão a ser ameaçados, expulsos ou transferidos dos seus locais de trabalho por defenderem os direitos humanos dos cidadãos.
Fodé Mané disse que quando confrontadas com o fenómeno de aumento de violência contra ativistas dos direitos humanos, as autoridades respondem que a população não está a respeitar as normas impostas para evitar o alastramento do novo coronavírus.
A região de Quinará, no sul da Guiné-Bissau, "é a zona mais critica", disse Fodé Mané, apontando para "situações inaceitáveis" de violência contra os defensores dos direitos humanos.
"Os professores, que são ativistas e líderes de opinião naquela região, estão a ser simplesmente amordaçados com ameaças de despedimento, transferência ou de suspensão por parte dos responsáveis da Educação na zona", notou Mané.
Quinará é também referenciada pelo ativista como a "região campeã de casamentos forçados de meninas ou justiça privada", situação que, disse, tem impedido a atração de investimentos.
Perseguição de jornalistas das rádios comunitárias
Ainda citando casos que ocorrem no interior da Guiné-Bissau, Mané denunciou perseguição aos jornalistas das rádios comunitárias, "com ameaças de detenção" e pessoas sem vínculo com o Estado, mas que se assumem como agentes da Guarda Nacional.
"Você vê uma pessoa hoje numa oficina, como mecânico, amanhã já está com a farda como agente da Guarda Nacional. Essas pessoas simplesmente passam a tentar encontrar meios de arranjar dinheiro para a sua subsistência, passando multa aos cidadãos, por exemplo", observou Fodé Mané.
O presidente da Rede Nacional dos Defensores dos Direitos Humanos na Guiné-Bissau também relatou o caso de Tite, no sul, em que o coordenador da Liga dos Direitos Humanos, Formosinho da Costa, "quase foi assassinado" por desconhecidos, por dar proteção a quatro meninas fugidas das suas comunidades, devido ao casamento forçado.
Fodé Mané exortou os jornalistas e os ativistas dos direitos humanos a "não se deixarem intimidar" e para que continuem a denunciar qualquer situação que ponha em causa a sua integridade física e dos cidadãos.
Deutsche Welle | Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário