quinta-feira, 18 de março de 2021

Cuidado, não emprenhem pelos ouvidos com as vacinas!

Um jornalista do Expresso tem o palpite de que hoje vamos ter um dia agitado em Portugal. Sério? Que bom. Afinal vai ser derrubada a rotina de borregar, bocejar, andar dormente e a modos que autómatos com bip-bipes que mais nos desumanizam que outra coisa. Até parece que servimos a voz do dono como carneirinhos que somos e só vamos para o pasto se esse tal dono abrir a porta do redil onde já comemos a erva toda – que até era de muito má qualidade e está toda rapada, ingerida e já cagada.

Bom dia. A seguir vão ter o vosso/nosso Expresso Curto. Oferta do tio Balsemão/Impresa. Pois.

Hoje, pela parte do PG, não lhe vamos dar nenhuma seca. Passamos a palavra ao jornalista Ricardo Marques, lá do burgo do dono do Curto. Ele abre a coluna útil com mais AstraZeneca, a vacina que mata – no pior dos casos. O que falta saber é quais são os outros ingredientes das vacinas desta e daquela marca (farmacêutica) e o que nos vai sair na rifa futuramente – isso se não nos matarem logo ou nos causarem diarreia, vómitos, ou até nos engravidarem – homens, mulheres e crianças. Boa, ficarmos todos grávidos não deve ser objetivo das vacinas, imunizarem-nos do covid-19 seria… Mas nunca se sabe. Até porque se engravidasse quem se dispuser a inocula-la era mau. O que se fala é de controle da população globalmente. Parece que só se pode viver até aos 75 anos, no máximo, e urge nascerem menos crianças. Não, as vacinas, por mais mixórdias que tiverem, não foram criadas para nos engravidar. Boa. Parece que há gente a mais neste mundo e os cérebros dos iluminados que põem e dispõem estão a ver que maroscas podem progressivamente irem pondo em prática cá para nós, os trouxas. Não lhes chegam as vítimas das guerras, dos desastres naturais e das doenças que já conhecemos e nos tramam e matam. Bolas, logo tinham de inventar o covid-19. E a seguir será o covid-20? Não sabemos. Eles é que sabem. Estudaram - ou compraram os diplomas doutorais - para quê. Hem? Pois.

Dar tempo e espaço ao Curto é o que faremos de seguida. Cuidado, não emprenhem pelos ouvidos, nem pelos olhos, nem por orifício nenhum!

Brincamos ou o quê? Pois. Passe então para algo sério: o Curto é desses. Vá ler. Vale.

Bom dia, boa tarde, boa noite. Ler isto é bom é sinal de que estamos vivos… Bem, mais mortos que vivos, mas não se pode ter tudo. Não é?

PG

Bom dia este é o seu Expresso Curto

AstraZeneca, astro e zénite

Ricardo Marques | Expresso

Algo que me diz que vai ser um daqueles dias de mar agitado.

Dentro de algumas horas, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) vai pronunciar-se sobre a segurança da vacina da AstraZeneca - que foi posta em causa depois de terem ocorrido algumas dezenas de casos de formação de vários tipos de coágulos sanguíneos e alguns casos de morte num universo de milhões de pessoas vacinadas.

Até aqui, a mensagem da agência tem sido algo como o que repetiu ontem uma responsável da EMA: os benefícios da vacina na prevenção da covid-19, com os riscos de hospitalização e morte provocados pela doença, são superiores aos riscos dos efeitos secundários.

Aliás, ontem, houve muita a gente a remar para o mesmo lado.

Disse-o a Organização Mundial da Saúde ("Neste momento, a OMS estima que o balanço risco/benefício está a inclinar-se a favor da vacina AstraZeneca e recomenda que as vacinas continuem a ser administradas”), e também a Ordem dos Médicos (“Após análise da evidência científica disponível, reafirmamos a confiança nas vacinas aprovadas e apelamos à serenidade de todos”).

Vamos a alguns dados, ainda à boleia da Ordem dos Médicos: até dia 10 de março foram reportados “30 fenómenos tromboembólicos em cerca de cinco milhões de pessoas vacinadas com a vacina de Oxford (AstraZeneca) na zona económica europeia, o que corresponde a uma incidência de 0,000006%, isto é, a 0,6 casos por cada 100 mil pessoas, quando na população em geral se registam normalmente 16 a 38 casos por 100 mil pessoas a cada ano”

Eis outro número: 24 países suspenderam, ou estão prestes a fazê-lo, o uso desta vacina. Vinte na Europa, Portugal incluido. Os outros são a Tailândia, a Indonésia, a República Democrática do Congo e a Venezuela.

Portanto, após meses e meses em que quase todos os governos do mundo - sempre invocando os dados de cientistas, especialistas, epidemiologistas, etc - aplicaram medidas duras de confinamento e severas restrições de direitos para combater a pandemia de covid-19, alguns desses governos - ignorando os dados de cientistas, especialistas, epidemiologistas, etc.- decidem suspender uma vacina para a covid-19.

Estamos há mais de um ano presos num barco a navegar sem rumo certo. De repente, alguém grita que avistou terra a bombordo - e o capitão manda virar a estibordo.

Se a EMA mantiver o discurso, a científica gaivota pousada no convés vai mesmo tornar-se politicamente incómoda.

Como escreveu ontem Ricardo Costa, nesta newsletter, “Decidir uma suspensão de uma vacina para ganhar confiança pode ter exatamente o efeito contrário”.

Com a confusão instalada a bordo, a presidente da Comissão Europeia anunciou que vão chegar quatro vezes mais doses de vacinas no segundo trimestre, e ameaçou travar as exportações. Um recado que não caiu bem do outro lado do Canal da Mancha e levou o governo de Londres (que já vacinou 25 milhões de pessoas) a comparar a União Europeia a uma “ditadura”.

Faz cada vez menos sentido achar que não faz sentido falar de uma guerra de vacinas.

Portugal, que tem um vice-almirante a coordenar o plano de vacinação, espera quatro milhões de vacinas até junho: todas da Pfizer/BioNTech. Mas Gouveia e Melo não rejeita outras rotas., desde que sejam aprovadas pela EMA.

Sim, o mar está mexido, mas é o dia ideal para saber onde estamos realmente. Basta o astro e o zénite. Sol vamos ter e o zénite é o céu que temos mesmo por cima da cabeça.

Os antigos marinheiros portugueses, de astrolábio na mão, chamavam a isto ‘pesar o sol’.

Mas já lá vamos…

Outras notícias

Segue-se um breve resumo de outros temas e assuntos de que provavelmente vai ouvir falar hoje.

Aqui podemos retirar o provavelmente, A operação efetuada ontem pela PJ na Madeira vai ser um dos casos do dia. Em causa está a concessão da Zona Franca ao Grupo Pestana. O investigadores recolheram todas as deliberações do Governo Regional desde 1987. Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional, é o principal alvo da investigação.

Ontem houve debate parlamentar com o primeiro ministro. Siga por aqui até à crónica de uma tarde animada, com a discussão a ir das barragens da EDP às vacinas, com escala no novo aeroporto (Beja jamais)

Autárquicas: já se sabia das coligações entre CDS e PSD para as autárquicas, agora ficamos a conhecer as coligações negativas. É a mesma coisa, mas do ponto de vista do PS.

Os efeitos da pandemia no imobiliário de Lisboa: menos casas vendidas, preços mais baixos.

O primeiro estado de emergência em Portugal começou há exatamente um ano. Ainda se lembra? E a utilização de máscara na rua, "sempre que o distanciamento físico recomendado pelas autoridades de saúde se mostre impraticável", vai ser obrigatória até julho.

Os números de ontem relativos à pandemia - e que deverão ser atualizados ao inicio da tarde:15 mortes, 673 infetados e mais de 1000 recuperados em Portugal. Menos 99 internados.

Hoje há nova sessão do julgamento do caso de Tancos. Fica aqui o relato do que sucedeu ontem em tribunal, em especial a discussão sobre o que pode vir a acontecer na próxima terça-feira, dia em que está agendado o depoimento de Joana Marques Vidal. A antiga Procuradora-Geral da República quer depor por escrito.

Europa e Presidência Portuguesa

Ainda não existe e já é famoso. A Comissão Europeia adotou ontem, quarta-feira, a moldura legal que servirá de base ao futuro ‘certificado verde digital’, que se espera que possa avançar no mês de Junho. Este ‘livre trânsito’ tem sido a causa de alguma polémica, por receio de que constitua uma fonte de discriminação entre cidadãos mas Bruxelas garante que não.

O objetivo é "facilitar a livre circulação na UE” e não ser “uma condição prévia para a livre circulação”, diz a Comissão. Neste documento poderá constar informação sobre se o cidadão está ou não vacinado contra a covid-19 (certificado de vacinação), se tem um teste feito em momento anterior à viagem (certificado de teste) ou, caso já tenha tido a doença, se está recuperado e com imunidade (certificado de recuperação). Este certificado verde digital terá um ‘QR Code’, para garantir a sua autenticidade, e será emitido em formato digital (para que possa ser apresentado, por exemplo, num smartphone), ou em papel.

Um estado-membro que aceite renunciar a restrições de saúde pública, em favor de uma prova de vacinação, apenas será obrigado a reconhecer certificados de vacinas que tenham sido autorizadas para administração pela UE. Quanto a outras, cada país decidirá se, mesmo assim, aceita ou não. Acabando a pandemia, estes certificados serão também extintos.

Breve bloco de notícias sino-americanas

- Os analistas admitem que é o primeiro grande teste ao futuro das relações entre os EUA de Joe Biden e a China. Altos responsáveis dos dois países reúnem-se hoje em Anchorage, no Alasca. Não é o local mais indicado para um desejado ‘degelo’, mas nunca se sabe

- A Reserva Federal admite que os EUA podem crescer mais do que a China este ano

Dois dias depois de ter sido noticiada uma possível ingerência russa nas eleições de 2020 (o documento oficial desclassificado está aqui), o presidente dos EUA endureceu o discurso relativamente a Valdimir Putin. “Assassino”, foi a palavra usada por Joe Biden. Os russos não gostaram e já chamaram a Moscovo o embaixador russo nos Estados Unidos

A vida não está fácil para o governador de Nova Iorque Andrew Cuomo, acusado de criar um ambiente de trabalho tóxico para as mulheres e de vários episódios de assédio sexual. Há novas revelações todos os dias, mas deixo aqui este artigo de opinião do Editorial Board do The New York Times - é um bom resumo do que está em causa. Cuomo pode estar mesmo de saída.

Em Espanha, Sanchez e Iglesias, recém-anunciado candidato a Madrid, abriram as hostilidades e está em curso a campanha eleitoral. As eleições são a 4 de maio.

É provável que não se reforme antes de maio, mas por certo encontrará tempo até lá para ouvir o Money Money Money, o podcast de economia do Expresso. O assunto: a idade de reforma vai mesmo baixar?

Duas notícias de ciência, que têm tanto de fascinante como de assustador

Embriões de ratos criados num útero mecânico

Modelos de embriões humanos feitos em laboratório

Um Benfica-Sporting cheio de emoção até ao último minuto. No fim, as encarnadas garantiram a vitoria na Final da Taça da Liga feminina de futebol.

Frases

“As gratificações são dois terços do nosso pão”, Jacinto Valente, Sindicato dos Empregados de Banca dos Casinos, durante a manifestação que decorreu ontem à tarde junto ao Parlamento

"Uma vida dedicada à música é a melhor que posso imaginar”, James Levine, ex-maestro da Ópera Metropolitana de Nova Iorque, que morreu ontem aos 77 anos

“Historicamente a arbitragem nunca foi medida pelo que faz de bem, portanto não seria de esperar que o fosse agora, num contexto de histeria coletiva face a cada lance ou frame discutível”, Duarte Gomes, antigo árbitro, num artigo disponível na Tribuna

O que ando a ler

Tornei-me há dias o feliz proprietário de uma obra monumental e, por vezes, monumentalmente ignorada: “Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa”, em oito volumes, da autoria do comandante Saturnino Monteiro. Foi uma manhã feliz aquela em que a encomenda chegou.

A primeira vez que ouvi falar de Saturnino Monteiro foi numa conferência na Academia de Marinha em 2013, creio. Ali estava um homem que dedicara grande parte da vida ao ensino e outro tanto a documentar todas as batalhas e combates em que estiveram envolvidos navios portugueses. Não contente, decidiu, já com 86 anos, traduzir para inglês tudo o que tinha escrito e começou a enviar coleções de oito volumes, impecavelmente embrulhadas, para bibliotecas em todo o mundo, de Inglaterra ao Japão, da Austrália aos Estados Unidos.

Não uso o adjetivo monumental de ânimo leve. Em cada livro, em cada capítulo, em cada batalha há um nível de pormenor que não se encontra com frequência. No volume IV, por exemplo, depois de se descrever o bloqueio do conde de Cumberland a Lisboa (março e abril de 1598), está o seguinte parágrafo:

“…este ano foi marcado por acontecimentos políticos importantes: a Inglaterra e a Holanda assinaram um tratado de amizade e cooperação; a Espanha e a França fizeram a paz, devolvendo a primeira à segunda Blavet e Calais; a 13 de setembro morreu Filipe II. Pormenor curioso: o ataúde em que foi encerrado foi fabricado com madeira da quilha da famosa nau portuguesa Cinco Chagas, que havia sido construída na Índia em 1559-1560 e que tinha conseguido fazer dez viagens redondas entre Lisboa e Goa antes de ser abatida por volta de 1585”.

O último volume, que foi escrito em 1990, acaba em 1975, com a operação “Mar Verde”, o assalto a Conacri, na República da Guiné. O primeiro começa em dezembro de 1451, quando três naus e duas galés de piratas atacaram, perto do porto de Marselha, a armada que o rei D. Afonso V organizara para conduzir a Itália a sua irmã, D. Leonor, que havia casado com o imperador da Alemanha, Frederico III.

A imperatriz chegou bem. Desembarcou em Livorno e seguiu para Alemanha por via terrestre.

Desejo-lhe também uma boa viagem para esta quinta-feira

O Expresso aporta amanhã às bancas. Até lá, saiba tudo o que acontece em expresso.pt

Sugira o Expresso Curto a um/a amigo/a

Sem comentários:

Mais lidas da semana