O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) pediu hoje mais apoio internacional para a resposta humanitária em Moçambique, que necessita de 254 milhões de dólares para ultrapassar uma “tripla crise” iniciada há dois anos pelo ciclone Idai.
Num vídeo de dois minutos publicado hoje, no segundo aniversário da passagem do ciclone no país, António Guterres lançou um apelo à comunidade internacional “para que intensifique os seus esforços e apoie o plano de resposta humanitária para Moçambique”.
“O povo de Moçambique precisa da
nossa ajuda urgente para enfrentar a tripla ameaça resultante da violência, das
crises climáticas e da pandemia covid-
Segundo o secretário-geral da ONU, Moçambique precisa de 212,5 milhões de euros ou 18,7 mil milhões de meticais “para responder às crescentes necessidades humanitárias provocadas por esta tripla crise”.
Guterres recordou que “dois anos após o Ciclone Idai, muitas famílias ainda lutam para reconstruir as suas vidas”, mas foram ainda atingidas pela tempestade tropical Chalane em dezembro de 2020 e pelo ciclone Eloise em janeiro de 2021.
O antigo Alto Comissário da ONU para os Refugiados (entre 2005 e 2015) disse que ficou “profundamente comovido” e “jamais” esquecerá o que viu na visita a Moçambique, logo após a passagem dos ciclones Idai e Kenneth, em 2019.
“Fiquei profundamente comovido com a força e a resiliência de todos aqueles que foram afetados e também inspirado pelo heroísmo das equipas de ajuda de emergência”, declarou Guterres.
O antigo primeiro-ministro português (1995 – 2002) alertou que a força dos ciclones, a intensidade e frequência das tempestades tropicais são provas de que “o tempo está a esgotar-se no combate às alterações climáticas”.
“Há regiões em África que estão a aquecer a um ritmo duas vezes superior face à média global do planeta. Na verdade, o continente africano, sendo dos que tem menores responsabilidades na crise climática, é dos que mais sofre as suas consequências”, lamentou o secretário-geral da ONU.
Guterres destacou que “é urgente adotar medidas imediatas destinadas a mitigar o aquecimento global e, ao mesmo tempo, apoiar as nações que estão na linha da frente das alterações climáticas para que vejam reforçada a sua resiliência e capacidade de adaptação”.
O ciclone Idai, que atingiu Moçambique a 14 de março de 2019, e o ciclone Kenneth causaram a morte de cerca de 700 pessoas.
Outras tempestades atingiram o país, incluindo o ciclone Eloise, em janeiro último, provocando, pelo menos, 12 mortos e 314.000 pessoas afetadas, entre as quais, mais de 20.000 deslocados.
Moçambique regista também 719 mortes causadas pela pandemia de covid-19 e mais de 64 mil casos de infeção, segundo o Ministério da Saúde do país.
A violência armada
A violência surgiu em 2017, algumas das incursões foram reivindicadas pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico entre junho de 2019 e novembro de 2020, mas a origem dos ataques continua sob debate.
Plataforma | Lusa
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