sexta-feira, 16 de abril de 2021

China | Hong Kong: Penas de prisão para ativistas pró-democracia

Incluindo o magnata dos média Jimmy Lai e o histórico Martin Lee

Nove destacados membros do movimento pró-democracia de Hong Kong foram condenados a penas até 18 meses de prisão. O seu crime? O envolvimento nos protestos de 2019 que tomaram as ruas daquela região administrativa especial da China durante meses

Os protestos de 2019 em Hong Kong, que indispuseram as autoridades da China, continuam a produzir consequências nefastas para o movimento pró-democracia. Esta sexta-feira, nove destacados ativistas foram condenados a penas de prisão por organização ou participação em “assembleias não autorizadas”.

Entre os sentenciados está Lee Cheuk Yan, de 64 anos, antigo líder do Partido Trabalhista, que terá de cumprir um ano de prisão. A mesma pena foi atribuída ao magnata do sector dos media, o multimilionário Jimmy Lai, de 72 anos, fundador do jornal “Apple Daily”, publicação crítica das autoridades chinesas.

A sentença mais pesada foi atribuída ao antigo deputado Leung Kwok-hung, conhecido como “Cabelo comprido”, que ficará preso durante 18 meses.

Sete dos nove condenados são antigos membros do Conselho Legislativo (Parlamento) de Hong Kong.

Uma voz histórica que será momentaneamente silenciada é a de Martin Lee, um antigo deputado de 82 anos, que recebeu 11 meses de prisão. Lee é muitas vezes designado de ‘pai da democracia’ de Hong Kong já que foi ele o redator da Lei Básica do território, prevista para vigorar 50 anos após a transferência da antiga colónia britânica para a China, em 1997.

Tanto a pena de Martin Lee como a da advogada e ex-deputada Margaret Ng, de 73 anos, outra ativista histórica, ficam suspensas durante dois anos. Margaret foi sentenciada a 12 meses de prisão.

No total, foram proferidas penas de prisão entre os oito e os 18 meses: cinco são efetivas e quatro suspensas.

Este foi um caso rodeado de grande significado político. Segundo vários órgãos de informação presentes no local, à entrada do Tribunal de Kowloon Ocidental, para assistirem à sessão, estavam diplomatas estrangeiros e antigos deputados.

“Sentenciar Martin Lee, Margaret Ng, Jimmy Lai e outros ativistas é sentenciar a democracia, a liberdade de expressão, e o estado de direito. Eles permanecerão a consciência de Hong Kong independentemente de quaisquer acusações falsas que as autoridades chineses e de Hong Kong apresentem contra eles”, disse  Sophie Richardson, diretora da Human Rights Watch para a China

Os protestos pró-democracia de 2019 foram estimulados pelo crescente cerco por parte do regime chinês às amplas liberdades no território garantidas pelo seu estatuto especial.

No ano passado, Pequim consolidou o seu controlo autoritário sobre Hong Kong ao impor uma nova Lei de Segurança Nacional que criminaliza o que considere ser secessão, subversão, terrorismo ou conluio com forças estrangeiras até prisão perpétua.

Margarida Mota | Expresso

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