PSD volta a bater no fundo (24%) e está agora a 15 pontos dos socialistas (38,9%). BE também regista perdas (8%), mas mantém o terceiro lugar, à frente do Chega (7%), de acordo com a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF.
A popularidade de António Costa está em queda, mas o desgaste do líder não afeta as intenções de voto no PS que, se houvesse hoje eleições legislativas, teria 38,9%, de acordo com a sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Os socialistas voltam a valer mais do que a soma de todos os partidos da Direita, graças a um novo tropeção do PSD, que perde dois pontos face a abril (24%). À Esquerda, as notícias também não são boas, com o BE a perder mais de um ponto (8%), apesar de manter o terceiro lugar, à frente do Chega (7%). Seguem-se a CDU (5,7%), Iniciativa Liberal (5,2%), PAN (3,7%) e CDS (1,4%).
O fosso que separa o PS do PSD alargou-se para os 15 pontos percentuais, depois de um mês em que os primeiros subiram umas décimas na projeção de resultados eleitorais, enquanto os segundos caíram um pouco mais de dois pontos. Se os sociais-democratas ficassem neste patamar em eleições, seria o seu pior resultado de sempre (ao nível dos 24,4% das eleições de 1976). Quanto aos socialistas, ficariam três pontos acima dos resultados de 2019, mas longe dos 44% de Guterres e dos 45% de Sócrates, a única vez que conseguiram uma maioria absoluta na Assembleia da República.
A resistência eleitoral do PS é ainda mais significativa quando se percebe que a popularidade de António Costa sofreu um abalo significativo. Apesar de ser o único líder com um saldo positivo, viu a margem estreitar-se, seja na avaliação como secretário-geral , seja na apreciação enquanto primeiro-ministro. A melhor explicação para o paradoxo talvez seja a desconfiança dos portugueses na alternativa. Porque Rui Rio, que já partia de um patamar negativo, se afundou de forma ainda mais abrupta do que Costa.
Direita melhor do que em 2019
Uma das consequências dos percursos divergentes dos dois principais partidos é que o fosso entre os conjuntos da Esquerda e da Direita já ultrapassa os 15 pontos percentuais. Sendo significativo, são menos três pontos do que o que se verificou nas últimas eleições legislativas. E talvez seja assim porque a relação de forças à Direita deixou de ser a mesma, como se vai comprovando de barómetro para barómetro.
O bloco político que vai do PSD ao Chega, e que se reuniu em maio sob o guarda-chuva do Movimento Europa e Liberdade, soma agora 37,6 pontos percentuais, menos um do que em abril e menos dois do que o pico alcançado em fevereiro passado (39,5%). Mas são mais três pontos do que nas últimas eleições (e mais um do que a coligação liderada por Passos Coelho e Portas em 2015). A chamada nova Direita parece ter potencial para acrescentar alguns votos e não apenas para dividi-los.
Com o PSD a perder pontos para o PS e para a sua Direita (ver mapa de transferência de votos), o Chega, apesar do ligeiro desgaste sentido este mês, continua a ser o partido com maior crescimento desde as eleições de 2019 (quase seis pontos); enquanto o Iniciativa Liberal ganha também umas décimas e está a crescer quase quatro pontos face às últimas legislativas. Os liberais, os sociais-democratas e, sobretudo, os radicais de Direita de André Ventura são os grandes responsáveis pela atual irrelevância do CDS (mesmo que os centristas ganhem um ponto percentual de abril para maio).
Esquerda continua nos 53%
O panorama à Esquerda é bastante mais estável. A soma atual dos três partidos que formaram a "geringonça" é de 53 pontos, o mesmo que conseguiram nas últimas legislativas. Se ao bloco se juntar o PAN, que tem ajudado a viabilizar os orçamentos do Governo socialista, são quase 57 pontos percentuais.
Ainda assim, a relação de forças não é exatamente a mesma, notando-se que os socialistas estão a corroer os seus parceiros. A começar pelo Bloco de Esquerda que, depois de um ciclo de três meses sempre a crescer, sofre uma quebra superior a um ponto, em nada beneficiando do facto de ter realizado a sua Convenção (o equivalente ao Congresso dos outros partidos) durante o mês de maio.
Os comunistas, apesar de uma notável estabilidade (rondam sempre os seis pontos em todos os barómetros), também não têm razões para sorrir: continuam alguns degraus abaixo dos rivais bloquistas e a perder algumas décimas em relação às últimas legislativas, em que já tinham registado o seu pior resultado de sempre.
Parceiro ocasional da Esquerda, o Pessoas-Animais-Natureza conseguiu este mês inverter uma tendência de queda e volta a ultrapassar o patamar das eleições de 2019. Um bom prenúncio nos dias em que substitui o "histórico" André Silva por Inês Sousa Real.
Jogo da confiança
A confiança em António Costa para primeiro-ministro caiu três pontos, para os 52%. Mas Rui Rio também está em queda e vale agora 15% (menos cinco que o máximo de 20% conseguido em fevereiro).
Diferenças de género
Há diferenças de género significativas nos eleitorados dos partidos: PS (mais nove pontos), PSD (mais cinco) e BE (mais três) são mais femininos; Chega (mais nove pontos) e liberais (mais seis) são marcadamente masculinos.
Mais velhos com o PS
O PS tem uma vantagem muito grande entre os eleitores mais velhos (47,8%), mesmo que este mês estes mesmos cidadãos tenham sido bastante mais críticos na avaliação a Costa.
Números
25,4%
Os dois partidos clássicos do Centro-Direita somam, este mês, 25 pontos. A última vez que PSD e CDS concorreram juntos, em 2015, somaram quase 37 pontos.
12,2%
A nova Direita formada pelo Chega e Iniciativa Liberal está um pouco acima dos 12 pontos. São quase mais 10 pontos do que nas legislativas de 2019.
13,7%
À Esquerda, BE e CDU somam quase 14 pontos, menos dois do que nas legislativas de 2019 e ainda mais longe dos 18,5 pontos que conseguiram em 2015.
Rafael Barbosa | Jornal de Notícias
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