terça-feira, 27 de julho de 2021

China acusa EUA de criarem "inimigo imaginário"

# Publicado em português do Brasil

Chineses afirmam que Washington não está em posição de criticar Pequim por direitos humanos durante reunião com número dois da diplomacia americana. Wendy Sherman é a mais alta funcionária da gestão Biden a ir à China.

A China acusou os Estados Unidos de transformarem Pequim em um "inimigo imaginário" durante uma reunião de cúpula na cidade portuária de Tianjin, no nordeste do país, realizada nesta segunda-feira (26/07).

O encontro entre a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, e seu homólogo chinês ocorre em meio à deterioração das relações entre as duas maiores economias do mundo.

O vice-ministro do Exterior da China, Xie Feng, afirmou durante a reunião que os EUA "querem reacender o senso de propósito nacional estabelecendo a China como um 'inimigo imaginário'".

"A esperança pode ser que, ao demonizar a China, os EUA possam de alguma forma culpar a [...] China por seus próprios problemas estruturais", disse Xie a Sherman, de acordo com um registro da reunião divulgado por Pequim.

Xie também disse que os EUA são responsáveis ​​por um "impasse" nas relações bilaterais e pediu uma mudança em "sua mentalidade altamente equivocada e política perigosa". Ele acrescentou que Washington não está qualificado para fazer críticas em relação aos direitos humanos.

"Reunião saudável e profissional"

Já as autoridades americanas descreveram a reunião como "saudável" e "profissional", mas disseram que as negociações não resultaram em nenhum acordo concreto. Em nota, os EUA informaram que não buscam conflito com a China.

“Há algumas coisas que vão além das diferenças específicas que são responsabilidade global das grandes potências”, disse Sherman por telefone à agência de notícias AP após o término das negociações.

Sherman compartilhou suas preocupações sobre a falta de cooperação da China a respeito de uma segunda fase da investigação que a OMS está conduzindo sobre as origens da covid-19, conforme o comunicado. Ela também mencionou os casos de vários cidadãos americanos e canadenses que a China deteve.

Mais alto funcionário na China

Sherman é a autoridade americana de mais alto escalão a visitar a China desde que o presidente dos EUA, Joe Biden, assumiu o cargo em janeiro. Ela está participando de negociações com Xie, responsável pelas relações EUA-China, e com o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi. Ela não vai a Pequim.

Antes da visita, as autoridades americanas deram uma visão geral da posição esperada do vice-secretário de Estado na reunião. Os EUA disseram que recebem bem a competição com a China, mas insistem em condições de concorrência equitativas e "barreiras de proteção" para evitar quaisquer conflitos em potencial.

Os EUA têm criticado a maneira como a China lida com Hong Kong e levantado preocupações sobre o tratamento dado aos muçulmanos uigures em Xinjiang. O Senado dos EUA aprovou um projeto de lei para proibir as importações da região do extremo oeste da China por causa de questões de trabalho forçado.

Possível visita de Biden

A ida de Sherman ocorre após uma reunião altamente contenciosa em Anchorage, Alasca, no início deste ano, onde Wang e o veterano diplomata chinês Yang Jiechi se encontraram com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan.

As negociações terminaram com as autoridades chinesas protestando contra o estado da democracia nos EUA e os EUA acusando a China de retardar o andamento da reunião.

As relações entre Washington e Pequim continuaram a se deteriorar desde então, com sanções retaliatórias e golpes diplomáticos de ambos os lados.

A visita de Sherman está sendo vista como um passo em direção a um eventual encontro entre Biden e o presidente chinês, Xi Jinping, embora autoridades americanas tenham dito que tal encontro não foi discutido em Tianjin nesta segunda-feira

Pravda.ru

Imagem: Relações entre os dois países vêm se deteriorando desde encontro em Anchorage

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