Rafael Barbosa* | Jornal de Notícias | opinião
1. Não era difícil adivinhar que,
no que diz respeito às vacinas contra a covid-
A campanha avançou a toda a velocidade no bloco europeu, no Reino Unido ou nos Estados Unidos, para citar os mais ricos e poderosos, ou seja, os que açambarcaram a fatia de leão. Já se sabia que o resto do Mundo teria de esperar (com a exceção da China e da Rússia, que têm capacidade científica e recursos para se desembaraçarem sozinhas).
Mas o desequilíbrio vai acentuar-se. Faz caminho a ideia de que é necessário avançar já com uma terceira dose. A Pfizer está em campanha entre os que têm dinheiro para pagar mais caro. E há países, como o Reino Unido, a poucas semanas de a começar a aplicar. Segundo o alerta mais recente, quatro países vão gastar 800 milhões de vacinas com uma população já vacinada.
É "ganância", diz o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde. Não querem só uma fatia do bolo, querem o bolo todo, acrescenta outro responsável da OMS. É tudo isso, mas é também miséria moral e desumanidade. E nenhum de nós, os que vivemos no mundo rico, pode fazer de conta que nada tem a ver com isso. Somos nós que escolhemos estes líderes políticos de baixo calibre.
2. Já não há retórica ideológica em que se possam abrigar. O regime cubano é profundamente reacionário, como prova a linguagem e a violência usada contra os milhares de cidadãos que se têm manifestado pacificamente nas ruas, durante os últimos dias. Nuns casos, será gente que protesta porque a sobrevivência diária é um martírio, noutros, gente que decidiu rebelar-se contra a repressão política. São estes os novos revolucionários.
Quando a revolta estava a nascer, o presidente cubano ainda admitia que entre a multidão havia "revolucionários equivocados". Nos dias seguintes, já só sobravam "mercenários" a soldo dos americanos, "delinquentes" e "indecentes".
O problema é que nem a linguagem dura nem a força bruta serão, a prazo, suficientes para manter Miguel Díaz-Canel e a elite reacionária que o suporta. O novo lema "Pátria e vida" tem mais atualidade e força do que o decrépito "Pátria ou morte".
*Diretor-adjunto
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