Este mês, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC na sigla inglesa) publicou um relatório sobre as alterações climáticas, contando com a participação de mais de 230 especialistas e 14 mil documentos científicos, concluindo que as consequências causadas pelas alterações climáticas são piores do que se pensava. O PLATAFORMA entrevistou Fong Chi Kong, meteorologista e diretor da Weather Underground Hong Kong. O especialista afirmou que, mesmo se o mundo inteiro fizesse uma transformação imediata, o manto de gelo da Gronelândia continuaria a derreter e os níveis do mar a subir. Chegámos ao “ponto de não retorno”.
Tufões e tempestades cada vez mais fortes
Este ano, as regiões de Macau e
China continental, juntamente com a Europa, foram atingidas por chuvas
intensas. Na RAEM já foram emitidos três sinais pretos de chuva intensa, um
teve lugar no dia 1 de junho, quando foram registados
Questionado sobre o aumento do número de dias com chuvas intensas em Macau, Fong explica que os dados dos últimos 20 anos não revelam um padrão claro no número de dias com precipitação: “Alguns anos mais, outros menos, não existe nenhuma tendência, é aleatório.” O mesmo afirma ser extremamente difícil prever estes fenómenos. “A chuva intensa é imprevisível, apenas é possível prever a sua chegada uma hora antes e, mesmo assim, essa previsão pode revelar-se errada na hora seguinte. É praticamente impossível antecipar cientificamente as próximas três horas de chuva intensa.”
Ultrapassando a previsão da subida de 1,5 graus Celcius
Segundo o relatório acima mencionado, a não ser que os gases de efeito de estufa sejam drasticamente reduzidos ao longo das próximas décadas, o aquecimento global irá exceder os 1,5 graus Celcius até 2040, ultrapassando o período da revolução industrial, e atingir os 2 graus Celcius em 2050, caso as atuais emissões de carbono continuem. Antes do ano de 2050, o gelo da região do ártico deverá derreter por completo, levando a que os níveis do mar subam em dois metros até ao fim do século. Fong menciona que Macau está a sentir cada vez mais esta subida dos níveis do mar. “Quando vivia em Macau há 30 anos atrás, o Porto Interior apenas sofria cheias quando o vento era forte. Mas agora fica sempre inundado no primeiro e 15º dias do ano (segundo o calendário lunar).”
Fong explica que existem duas razões para estas cheias: chuvas intensas e marés de tempestade. Para cheias causadas por precipitação intensa, Macau poderá seguir o exemplo de Hong Kong e construir reservatórios subterrâneos para minimizar as consequências. Mas as cheias devido às tempestades causadas por tufões são mais difíceis de controlar, surgindo através de uma subida repentina dos níveis do mar. No entanto, Fong acredita que “portões marítimos” poderão ser a solução: “Macau, para construir uma barreira deste género, poderá ter de dialogar primeiro com Zhuhai, pois não é algo fácil de implementar”. Atualmente, locais como o rio Tamisa, em Londres, Holanda, e Veneza, em Itália, já possuem instalações deste género em funcionamento.
O relatório do IPCC revela que fenómenos anteriormente vistos apenas uma vez por década, como altas temperaturas, chuvas intensas ou secas, são agora muito mais comuns, especialmente as subidas de temperatura. Segundo Fong, durante o planeamento urbano futuro, os líderes responsáveis devem ter em consideração as consequências de fenómenos meteorológicos extremos, implementar instalações de prevenção de catástrofes e infraestruturas urbanas capazes de lidar com estes acontecimentos.
Johnson Chão | Plataforma
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