Hell’s Angels, E-toupeira, Tancos, comandos e GPS: o que nos traz o novo ano judicial
“Entre os julgamentos previstos para se iniciarem depois de setembro está o que envolve o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, no caso 'Selminho', em que o autarca, que responde por um crime de prevaricação, é acusado de favorecer a imobiliária da família, da qual era sócio”
Depois de um mês e meio de férias judiciais, durante as quais os tribunais estiveram encerrados e apenas foram efetuadas citações, notificações, registos de penhora e atos que visassem evitar dano irreparável, o primeiro grande processo a conhecer a leitura do acórdão é o que diz respeito ao caso dos comandos, no qual está em causa a morte dos jovens Hugo Abreu e Dylan da Silva neste curso de formação militar, em Alcochete, em setembro de 2016.
Com quase três anos de
julgamento, a decisão do coletivo de juízes presidido pela magistrada Helena
Pinto está marcada para 06 de setembro, no tribunal de Monsanto,
Cerca de um mês depois, em 11 de outubro, é a vez do processo relativo ao furto - em junho de 2017 - e à alegada encenação na recuperação -- em outubro desse ano - de armamento dos paióis de Tancos, chegar à fase de sentença. Neste julgamento, a acusação decidiu pedir a absolvição de 11 dos 23 arguidos, entre os quais o ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes.
Se estes julgamentos atingem muito em breve o seu último capítulo, outros começam no próximo mês a fazerem o seu caminho na sala do tribunal. Entre os julgamentos mais mediáticos prestes a arrancar, o primeiro é dos 88 membros do grupo de 'motards' Hells Angels, por crimes como associação criminosa, tentativa de homicído, roubo e extorsão, em 13 de setembro.
Os 88 arguidos, supostamente, atacaram um grupo rival ligado ao ex-líder de extrema-direita Mário Machado num restaurante, em Loures, em março de 2018. Ainda está por definir o tribunal que vai acolher o processo, tendo em consideração a dimensão do número de arguidos e as regras sanitárias ditadas pela pandemia de covid-19, já que o processo está afeto ao Juiz 3 do Tribunal Central Criminal de Loures, mas que não tem condições para receber o julgamento.
Dois dias depois, em 15 de setembro, é a vez de começar o julgamento do processo E-toupeira, no qual o antigo assessor jurídico da SAD do Benfica Paulo Gonçalves vai ser julgado pelos crimes de corrupção, violação do segredo de justiça, violação do segredo de sigilo e acesso indevido, enquanto o funcionário judicial José Silva vai responder exatamente pelos mesmos crimes, a que se junta ainda o crime de peculato.
No dia seguinte, em 16 de setembro, arranca o julgamento do processo dos colégios GPS, onde cinco gestores -- Manuel Madama, António Calvete, Fernando Catarino, Agostinho dos Santos Ribeiro e António Marques Madama -- estão acusados por peculato, burla qualificada e falsificação de documentos, uma vez que o MP acredita que este quinteto se terá apropriado indevidamente de 30 dos cerca de 300 milhões recebidos do Estado entre 2005 e 2013.
Paralelamente, o regresso da
atividade judicial significa também o recomeço de diversos julgamentos
mediáticos, como o que envolve Rui Pinto, mais conhecido por processo 'Football
Leaks'. Com 45 sessões realizadas até ao momento, o julgamento deve ser
retomado no final de setembro, com o criador da plataforma eletrónica que
abalou o futebol internacional em
Numa fase mais precoce encontra-se ainda o julgamento no qual o antigo presidente do grupo BES Ricardo Salgado está acusado de três crimes de abuso de confiança, devido a transferências de mais de 10 milhões de euros, em processo conexo à Operação Marquês. Efetuaram-se três sessões no Juízo Central Criminal de Lisboa e para 06 de setembro está agendada a primeira sessão pós-férias judiciais.
Já o julgamento do processo Operação Cavaleiro, no qual o ex-diretor do Museu da Presidência da República, Diogo Gaspar, responde por 42 crimes -- que incluem peculato, abuso de poder, branqueamento de capitais, tráfico de influência, participação económica em negócio e falsificação de documentos, volta a tribunal a partir de 10 de setembro, num caso em que existem ainda mais três arguidos.
Mais atrasado está o julgamento
de 28 arguidos nas alegadas irregularidades na reconstrução das casas
Finalmente, entre os julgamentos previstos para se iniciarem depois de setembro está o que envolve o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, no caso 'Selminho', em que o autarca, que responde por um crime de prevaricação, é acusado de favorecer a imobiliária da família, da qual era sócio. A primeira sessão deve ser realizada somente no dia 16 de novembro.
Expresso | Lusa | Imagem: Kacper Pempel
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