terça-feira, 17 de agosto de 2021

Portugal | Moedas a um passo da liderança do PSD

Simões Ilharco | Diário de Notícias | opinião

Por muito que diga que não é esse o seu objetivo, Carlos Moedas está a um passo da liderança do PSD. Os 31 por cento, que a recente sondagem do Expresso lhe dá na corrida a Lisboa, são, sem dúvida, um ótimo resultado que o poderá fazer suceder a Rui Rio.

Teresa Leal Coelho, também do PSD, teve apenas 12 por cento e sabe-se como é difícil derrotar Fernando Medina em Lisboa, com ou sem divulgação de dados à Rússia. A fazer fé na sondagem, não terá, porém, maioria absoluta, o que é mérito de Carlos Moedas.

O PSD precisa de mudar de líder, porque Rui Rio não descola dos vinte e poucos por cento, muito aquém dos 31 do seu candidato a Lisboa, que é, sem dúvida, melhor do que ele.

A oposição que Moedas faz a Medina é bastante superior, em todos os aspetos, à que Rio faz, ou melhor não faz, a Costa. Além disso o atual líder do partido é uma figura muito pouco consensual e as divisões internas impedem o crescimento eleitoral do PSD.

Carlos Moedas poderá pacificar o partido e projetá-lo para resultados acima dos 30 por cento. Os sociais-democratas terão encontrado o líder de que precisam. E não creio, sinceramente, que Moedas se fará rogado, não resistindo a provável vaga de fundo, que surgirá ao redor do seu nome.

A confirmarem-se os 31 por cento em Lisboa, ou mais, os sociais-democratas poderão sonhar com voos mais altos. Mas não com Rangel, que seria péssima solução. Conotado com a direita radical, oferecia numa bandeja o eleitorado moderado, que é maioritário, ao PS.

Passos foi a austeridade, Rio a pandemia, Moedas é a esperança. O PSD, que queria a remodelação do Governo, acabará, sim, por ser remodelado. São as ironias do destino.

Em entrevista ao DN, David Justino, vice-presidente do partido, disse que as autárquicas serão decisivas para o PSD. Mas tenho dúvidas de que Rui Rio se aguente. Li, em estudo recente, que só 39 câmaras vão mudar de cor, o que exclui, desde logo, qualquer "terramoto político" favorável ao líder do PSD.

Sem vitória clara e retumbante, Rio deverá sair. Se calhar até pelo seu próprio pé.

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