Costa já admite acordo escrito mas chumbo do OE mantém-se
Diz ser "irracional" falar de eleições. PCP sem evolução e BE não vê "passo negocial". PAN "mais perto" de votar contra.
A ronda de audiências em Belém terminou sem sinal de entendimento para o Orçamento do Estado (OE) e com a mesma ameaça de chumbo. Após António Costa ter dito que ter eleições antecipadas seria "completamente irracional" e admitido fazer um acordo escrito, como exige novamente o Bloco, Catarina Martins disse não existir qualquer "passo negocial" do Governo. O PCP não vê evolução suficiente que permita viabilizar o OE e também o PAN diz "estar mais perto" de votar contra.
Para os "Verdes", este OE "não tem pernas para andar". E a Direita confirmou o voto contra. Rui Rio vai propor isso à direção nacional e fala em "50% de probabilidades" de haver eleições antecipadas.
Após Costa ter prometido negociar com "humildade" e acenado com a agenda para o trabalho digno, o Governo jogou alguns trunfos, como o prolongamento da suspensão da caducidade da contratação coletiva. Mas sem sucesso, porque as esquerdas exigem o fim da caducidade e o PCP até criticou o "paliativo". O dia foi ainda marcado pela aprovação da discussão na especialidade sobre trabalho suplementar e pelo anúncio da redução de dois cêntimos por litro na gasolina e de um cêntimo no gasóleo.
"Drama é suficiente"
"Se quiserem acordo escrito, esse não é o problema. Não vamos perder-nos em questões de forma", disse, entretanto, o primeiro-ministro, de "consciência tranquila", quando o BE exige acordo antes da votação na generalidade (dia 27). Mariana Mortágua recusou "cheques em branco". Mas José Luís Carneiro, secretário-geral-adjunto do PS, insiste em continuar negociações na especialidade com "equilíbrio e bom senso". A Comissão Política avalia as negociações no dia 22.
Do mesmo modo que Costa diz já haver "drama suficiente", as esquerdas criticam a discussão aberta por Marcelo Rebelo de Sousa: avisou que chumbar o OE implica antecipar eleições.
"Futurologia"
O líder do PCP recusou a "futurologia" e "substituir a questão essencial" pela "precipitação da discussão sobre se vai ou não haver eleições". Além disso, garantiu que Marcelo mostrou "compreensão" quanto à posição do PCP. E insistiu que as suas propostas "não são de instabilidade" ou "destabilização social".
Jerónimo de Sousa disse não existir "grande evolução" que permita viabilizar o OE: "por enquanto, não tem havido a resposta necessária. O que chegou até agora do Governo são coisas claramente insuficientes". Mas, "até à votação na generalidade", vai bater-se pela inclusão de propostas.
Catarina transmitiu a Marcelo que o Governo não deu qualquer "passo negocial". "Até agora, não mostrou disponibilidade para se aproximar das propostas do BE" e "nenhuma tem reflexo" no documento, afirmou.
Jornal de Notícias
Na imagem: Marcelo Rebelo de Sousa falou de Orçamento com partidos. Esquerda recusou ameaça de eleições e Rio falou em 50% de probabilidades // Manuel de Almeida/ Lusa
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