Manuel Molinos* | Jornal de Notícias | opinião
Expulso. O juiz negacionista que ordenou a um agente da PSP para se colocar no seu lugar foi colocado no lugar que merece. Na rua.
A decisão unânime do Conselho Superior da Magistratura não podia ser outra, sob pena de aumentar ainda mais o "grande desconforto social" a que a ministra da Justiça se referiu a propósito da fuga do ex-banqueiro do Banco Privado Português ao estilo do filme de Steven Spielberg "Apanha-me se puderes". Se o país ainda está para perceber como é que João Rendeiro foge de Portugal e ainda avisa que não volta, não entenderia como é que a Justiça poderia conviver com um magistrado......bizarro. O impacto negativo na imagem da Justiça seria aterrador.
Quem promove a violação da lei, quem se acha melhor do que os outros por ser juiz, quem insulta várias pessoas, incluindo o presidente da Assembleia da República, não é apenas negacionista. Não pode ser juiz.
Com a decisão do Conselho Superior da Magistratura talvez se tenha colocado uma pedra sobre o assunto, como defende o presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses. Apenas talvez. Porque já percebemos que o movimento negacionista não é apenas baseado em teses ou teorias da conspiração. Tem agenda e objetivos políticos. E é perigoso quando organizado, como bem explica a professora brasileira de física Elika Takimoto no livro "Como dialogar com um negacionista?".
A expulsão do juiz Rui Fonseca e Castro poderá ditar o fim da sua atividade profissional, mas dificilmente o deterá na procura da viralidade dos seus discursos. Felizmente, não usará um palco que não é seu para o fazer.
O Conselho Superior da Magistratura colocou-o no seu lugar. O lugar onde qualquer cidadão que promove informações falsas e teorias descabidas deve estar. Na rua. Caso esteja doente, o lugar será aquele que todos conhecemos.
*Diretor-adjunto
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