Três crimes de ofensas à integridade física, três de sequestro e um de abuso de poder. São estes os crimes que o Ministério Público (MP) imputa ao agente da PSP, Carlos Canha, de 46 anos, por ter agredido Cláudia Simões, em janeiro do ano passado, numa paragem de autocarro, na Amadora, onde o caso foi filmado por transeuntes. Outros dois agentes irão responder por abuso de poder.
De acordo com a acusação, Canha estava fora de serviço, junto de um café, quando foi abordado pelo motorista do autocarro da Vimeca. Este alegou ter sido ameaçado por uma passageira e o PSP foi ter com a mulher. Era Cláudia Simões, acompanhada de um sobrinho e da filha que se tinha esquecido do título de transporte.
"É a senhora que anda a fazer distúrbios na camioneta a mandar agredir o motorista?", questionou o polícia. Cláudia respondeu que nada tinha feito, até porque estava ao telefone com um familiar. Também disse ao PSP que este "não podia estar a falar com ela naqueles termos porque ele não se encontrava de serviço e ainda que não tinha feito nada que justificasse a sua identificação", diz a acusação.
O polícia retorquiu que a mulher tinha que o acompanhar e Cláudia recusou. Nisto, Canha retirou o casaco à civil que vestia, mostrando uma camisa que o identificava como agente. Segundo o MP, disse à mulher que, "a partir de agora", já estava de serviço e que levaria Cláudia para a esquadra. Mandou-a encostar-se no abrigo da paragem de autocarro.
A mulher voltou a recusar e foi logo agarrada pelo polícia, que a imobilizou com técnicas policiais. Ambos caíram ao chão. Enquanto tentava algemá-la, o PSP também puxou o cabelo da mulher, arrancando-lhe cabelos. Para se libertar, Cláudia mordia o arguido.
"PRETA, MACACA"
Entretanto, chegaram dois outros polícias e a mulher foi colocada no carro de patrulha. É aí que, garante o MP, foi agredida a soco e a pontapé por Canha. "No trajeto de cerca de três quilómetros" o arguido terá dito: "Agora é que te vou mostrar, sua puta, sua preta do caralho, seu caralho, sua macaca". Enquanto, agredia-a. Por nada terem feito para impedir a agressão, os dois outros polícias foram acusados de abuso de poder.
Na esquadra, duas outras pessoas, testemunhas dos acontecimentos, também terão sido agredidas pelo PSP. Cláudia acabaria por ter de receber tratamento hospitalar.
Alexandre Panda | Jornal de Notícias
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