sábado, 25 de dezembro de 2021

O GLOBAL GATEWAY EUROPEU

Octávio Serrano* | opinião

Cito! “A Comissão Europeia divulgou, esta quarta-feira, um plano para investir 300 mil milhões de euros a nível mundial até 2027 em projectos de infra-estruturas, digitais e climáticos como uma melhor alternativa à "Belt and Road Initiative", da China. O plano, denominado Global Gateway, visa reforçar as cadeias de abastecimento da Europa, impulsionar o comércio da UE e ajudar a combater as alterações climáticas, centrando-se nos sectores da digitalização, saúde, clima, energia e transportes, bem como na educação e investigação.”

Realmente só peca, por ser muito tardio;os burocratas de Bruxelas embalados no neoliberalismo globalista prevalecente até ao começo à crise do Covid 19, parece estarem agora a acordar; a Europa deixou-se embalar no mito de um euro forte que compra tudo; logo havia muito produto que não valia a pena produzir; só começaram, dolorosamente, a abrir os olhos, quando as rupturas do abastecimento aconteceram com a crise epidemica do Covid 19; lembre-mo-nos dos tristes episódios acontecidos na Europa no inicio da pandemia; nomeadamente com a falta de máscaras; ao ponto de ter acontecido, que países europeus, membros da mesma comunidade, terem agido como piratas, desviando em seu proveito, as referidas mascaras; até ai, se revelou o real egoísmo, de cada um; e que a CE, não é mais do que um conjunto de vontades, que às duas por três, perante uma grave crise, se poderá desmembrar em virtude de cada um querer “puxar a brasa à sua sardinha”!

E à longo tempo que se percebeu a estratégia chinesa; a China carece de muito género de matérias primas; para se conseguirem alçar ao invejável patamar de fábrica do mundo, tiveram forçosamente de assegurar a firme aquisição de matérias primas; para isso seria forçoso, controlarem a produção e o transporte destas; devido à necessidade de assegurar o controle politico dos paises onde as obtinham, trataram de os enredar, numa rede de endividamento e dependência; devidamente acompanhada da corrupção desbragada das suas classes dirigentes; deste modo, instituiu-se o saque generalizado de muito país do terceiro mundo; e um neocolonialismo chinês!

Claro, que só lhes interessam aqueles países, que possuem algo que a China necessite! Começaram por fazer empréstimos condicionados a determinados investimentos e com determinadas condições; esses empréstimos destinavam-se normalmente à construção de infraestruturas que permitem à China o embarque das matérias-primas de que necessita; portos, aeroportos, linhas férreas, instalações mineiras ou agrícolas; mas desde logo, os empréstimos serviam para pagar à China, a execução das empreitadas, feitas com mão-de-obra chinesa; e o dinheiro dos empréstimos voltava à China; ou nem chegava a sair de lá; os países ficaram com a divida, e uma infraestrutura hipotecada a quem a construiu; é nesta dependência que tem caído muito país, de que dou exemplo, por ser um caso extremo, a Zâmbia! Um país cheio de riquezas minerais, com uma divida chinesa impagável!

E quando o ladrão já está instalado em casa, e já é dono dela, como se expulsa? Será muito difícil, correr com os chineses! Logo, este pacote de “ajuda” europeu chega desfasado ai uns vinte anos; mas não será só pela idade, que ele não está em harmonia com a realidade; o que o terceiro mundo necessita é de autonomia produtiva, que conduza as suas populações a um progresso inclusivo; a digitalização, a saúde, o combate às alterações climáticas, bem como a educação e investigação, virão associadas a esta; se os países do terceiro mundo, não forem proprietários dos seus recursos e infraestruturas, então serão sempre servos de um neocolonialismo qualquer! Chinês, europeu ou americano!

Mas suponha-se que este pacote financeiro europeu, é realmente altruísta; que irá contribuir para o eternamente prometido progresso do terceiro mundo; o que se poderá fazer, para travar a corrupção dentro das elites governantes de muito país do terceiro mundo e ajudar as suas dependentes economias? Que actualmente comem nas mãos dos poderes financeiros neocolonialistas chineses! Muito pouco!

Logo este pacote financeiro europeu, poderá eventualmente contribuir para o “progresso” dos restantes países, que ainda estejam fora da pata de Pequim! Ajudará a travar e limitar o continuo expansionismo económico e neocolonial chinês! Mais nada! A Europa há muito que foi ultrapassada! Nem precisa de matérias primas, pois compra tudo feito!

*Octavio Serrano-Pagina de Analise Politica | Facebook 

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