Eduardo Cabrita demite-se do Governo
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anunciou esta sexta-feira, numa declaração sem direito a perguntas, a sua demissão. Saída visa proteger Governo a menos de dois meses das eleições.
A decisão surge um dia depois de o Ministério Público ter acusado de homicídio por negligência o condutor do carro do Ministério da Administração Interna que, a 18 de junho de 2021, atropelou mortalmente um trabalhador na A6, entre Estremoz e Évora.
Eduardo Cabrita seguia no banco de trás e, ao início da tarde desta sexta-feira, sublinhara já ser apenas o "passageiro", recusando "qualquer aproveitamento político de uma tragédia pessoal". Nuno Santos tinha 43 anos e deixou duas filhas menores.
"Só a lealdade, só o tempo e as circunstâncias que enfrentávamos há seis meses atrás, só a solidariedade do senhor primeiro-ministro me determinaram a prosseguir no exercício destas funções durante este verão tão difícil. É por isso que hoje, não posso permitir que este aproveitamento político absolutamente intolerável seja utilizado no atual quadro para penalizar a ação do Governo, contra o senhor primeiro-ministro ou mesmo contra o Partido Socialista", afirmou, horas depois, numa declaração sem direito a perguntas no ministério da Administração Interna, em Lisboa, Eduardo Cabrita.
A exoneração, solicitada esta sexta-feira por Eduardo Cabrita ao primeiro-ministro, António Costa, acontece a menos de dois meses das eleições legislativas, agendadas antecipadamente para 30 de janeiro de 2021.
Inês Banha | Jornal de Notícias | Imagem: António Pedro Santos/Lusa
Van Dunem substitui Cabrita e acumula pastas da Justiça e Administração Interna
A ministra Francisca Van Dunem vai substituir Eduardo Cabrita e acumular as pastas da Justiça e da Administração Interna.
"O Presidente da República aceitou hoje as propostas do Primeiro-Ministro, de exoneração do Dr. Eduardo Cabrita como Ministro da Administração Interna, bem como da sua substituição pela Dra. Francisca Van Dunem, que acumulará com as funções de Ministra da Justiça", pode ler-se numa nota divulgada na página da Presidência da República na Internet.
Segundo a mesma nota a tomada de posse vai acontecer numa cerimónia restrita no sábado 4 de dezembro, pelas 15 horas, na Sala dos Embaixadores do Palácio de Belém.
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, anunciou, esta sexta-feira, numa declaração sem direito a perguntas, a sua demissão. A saída deu-se no mesmo dia em que foi divulgado que o seu motorista foi acusado de homicídio por negligência na sequência do atropelamento e morte de um trabalhador que procedia ao atravessamento da A6.
Numa declaração aos jornalistas, o ministro disse que "mais do que ninguém" lamenta "essa trágica perda irreparável" e recusou que o Governo, o primeiro-ministro, António Costa, e o PS sejam penalizados pelo "aproveitamento político absolutamente intolerável" com o caso.
Jornal de Notícias | Imagem: Lusa
1 comentário:
Bem, falta é abordar a questão da brandura da acusação deduzida contra o motorista - e, talvez, por arrasto ao ilustre Passageiro.
A conclusão por existência de negligência, de mera culpa, parece inaceitável tratando-se de uma viatura que terrá irrompido, a mais de 160 km/h, por uma zona de obras onde, mais do que provavelmente, estariam pessoas a trabalhar, o que faz toda a diferença.
A opção por homicídio por negligência parece, assim, absolutamente desadequada, devendo ser substituída pela de homicídio simples com dolo eventual.
Deixei umas palavras sobre o tema no Mosaicos em Português, que convido a visitar.
Bom fim de semana.
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