segunda-feira, 1 de março de 2021

A confissão assustadora do primeiro-ministro

José Goulão | AbrilAbril | opinião

O primeiro-ministro da República Portuguesa confessou numa declaração transmitida no dia 12 deste mês em jornais televisivos que o processo de vacinação contra a Covid-19 «está fora do nosso controlo». Alvo de uma barragem de ataques, quantos deles despropositados e oportunistas, não consta, ao invés, que António Costa tenha sido sequer admoestado por admitir a mais grave situação que poderia existir em pleno combate à pandemia. Em causa está a saúde pública e também a própria essência do funcionamento do país como nação independente.

A vacinação contra a Covid-19 não poderia nunca «estar fora do controlo» do governo. Um primeiro-ministro que permite tal aberração está a demitir-se de agir em defesa dos portugueses num caso de vida ou de morte enquanto pactua com a incompetência de uma Comissão Europeia transformada em central de compras ao serviço de gigantes farmacêuticos para os quais em primeiro lugar vêm os lucros. Com esta atitude, António Costa está a permitir que as normas para imposição do federalismo europeu se sobreponham aos verdadeiros interesses de Portugal e dos seus cidadãos. Há uma inversão na escala das prioridades nacionais, em detrimento dos portugueses e, neste caso, da sua saúde.

Um primeiro-ministro lamentando-se de que nada pode fazer enquanto as vacinas chegam a Portugal a conta-gotas por causa dos interesses negociais prioritários de entidades como a Pfizer, a AstraZeneca ou a Moderna e dos arranjos feitos com a incompetente presidente da Comissão Europeia é a última coisa de que os portugueses precisam. Deixar o processo de vacinação «fora do nosso controlo» por causa das vénias à Comissão Europeia e da obsessiva prestação de «bom aluno» é uma forma directa de sabotar os desesperados esforços e os sacrifícios feitos pelos trabalhadores da saúde neste já longo ano de pandemia.

Enquanto as guerrinhas de alecrim e manjerona, alimentadas pelas politiquices de uma comunicação social venal, se centram em tentar saber se as escolas fecharam tarde ou cedo, por onde começam e acabam os confinamentos e desconfinamentos, quantas festas «clandestinas» de meia dúzia de pessoas foram desmanteladas pelas forças de segurança, um escândalo como este passa incólume.

Durante meses alimentou-se nas pessoas a ideia de que sem a descoberta e a chegada das vacinas não seria possível alcançar uma vitória completa sobre a Covid-19. Entretanto produziram-se as vacinas, traçam-se planos de vacinação com perícia militar e entrega-se em exclusivo à Comissão Europeia – que falhou por omissão e incompetência, desde o início, em todos os aspectos relacionados com a pandemia – a escolha e o abastecimento dos preciosos tratamentos.

A escolha foi selectiva, a dedo, de maneira a satisfazer os mega laboratórios em situação de monopólio e transformando as pessoas em cobaias de técnicas de terapia genética nunca antes experimentadas como imunizantes em seres humanos.

Quanto à distribuição, é o que está à vista. Diz-se que os países da União Europeia contrataram a compra de 2600 milhões de vacinas, uma fartura que dá para vacinar duas vezes cada cidadão dos Estados membros e ainda sobram 500 milhões – prejudicando os países em vias de desenvolvimento, muitos dos quais não receberam ainda uma única dose. No entanto, desconhece-se onde param tantos milhões, porque as vacinas reais chegam quando chegam.

Governo fechou "olhos ao esquema que EDP montou para fugir aos impostos"

A coordenadora do BE disse este domingo que o Governo ainda está a tempo de reverter o negócio da venda de seis barragens transmontanas, que terá permitido à EDP poupar 110 milhões em imposto de selo.

"O que nós, no Bloco de Esquerda [BE], defendemos é que ainda é possível reverter o negócio e essa é a responsabilidade pública. O Governo tem de fazer uma escolha: ou apoia o desenvolvimento desta região e reverte o negócio ou é cúmplice das negociatas da EDP ", disse este domingo Catarina Martins, durante uma visita à barragens de Miranda do Douro, no distrito de Bragança.

Segundo a líder do BE, ainda houve "a esperança" de que o imposto de selo no valor de 110 milhões de euros, resultante da venda das seis barragens ficasse no território após uma alteração legislativa.

"O Governo decidiu fechar os olhos ao esquema que a EDP montou para fugir ao pagamento de impostos na venda das barragens. São 110 milhões de euros que estavam prometidos ao povo transmontano e que não estão a ser pagos", vincou a dirigente bloquista.

Portugal regista mais 394 casos de Covid-19 e 34 mortes

Já foi divulgado o boletim epidemiológico da Direção Geral de Saúde desta segunda-feira.

Portugal somou, nas últimas 24 horas, mais 394 novos casos e 34 mortes relacionados com a Covid-19, indica o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde desta segunda-feira. Trata-se de um aumento de 0,05% nas novas infeções e de 0,21% no óbitos.

Desde o dia 8 de setembro de 2020 que o nosso país não registava um número tão baixo de contágios diários, sendo que deve ser salientado o facto de hoje ser segunda-feira e de o total de casos registados nas últimas 24 horas ser influenciado por um possível atraso no reporte durante o fim de semana.

No total, Portugal regista 804.956 infetados e 16.351 óbitos. O relatório desta segunda-feira dá ainda conta de mais 1.258 recuperados nas últimas 24 horas (total é de 720.235) e de menos 898 casos ativos, ou seja, neste momento, Portugal tem 68.370 pessoas com Covid-19.

O número de internamentos é agora de 2.167, mais dois que ontem. Já nos Cuidados Intensivos estão 469 pessoas internadas, menos 15 que domingo, e o número mais baixo desde 19 de novembro.

Por regiões, Lisboa e Vale do Tejo (LVT) reportou, nas últimas 24 horas, 238 novas infeções e 15 mortes, o Norte notificou 74 casos e nove óbitos e o Centro 27 infetados e dez mortes.

Já o Alentejo registou 15 novos contágios, o Algarve e os Açores 12 e a Madeira 16. Em nenhuma destas regiões se registaram óbitos relacionados com a Covid-19.

Notícias ao Minuto | Imagem: © Reuters

Portugal | Um ano depois: 27 mil profissionais de saúde infetados e 19 morreram

Perto de 28 mil profissionais de saúde ficaram infetados com o vírus SARS-CoV-2 desde o início da pandemia de covid-19 em Portugal, dos quais 19 morreram e mais de 16 mil recuperaram, segundo dados hoje divulgados da DGS.

Omaior número de mortes de Covid-19 foi registado no passado mês de fevereiro (nove), seguido do mês de janeiro, com seis óbitos de profissionais de saúde, precisam os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) numa reposta á agência Lusa.

Os meses de abril, junho, julho e dezembro registaram uma morte cada um, adianta a DGS, adiantando que estes dados são obtidos através do cruzamento da notificação médica no SINAVE (quando apenas se registou que eram profissionais de saúde) e no Trace Covid-19, com a base de dados do SICO (Sistema de Informação dos Certificados de Óbito).

Neste sentido, não se consegue precisar se estas mortes ocorreram em contexto laboral ou noutra situação, ressalvou uma fonte da DGS à Lusa.

Relativamente ao número de profissionais infetados, os dados apontam que, desde o início da pandemia até 26 de fevereiro, totalizaram 27.973, a maioria assistentes operacionais (8.732), seguidos dos enfermeiros (7.357).

Porque o Mundo deve quebrar a patente das vacinas

#Publicado em português do Brasil

Celso Japiassu | Carta Maior

Há séculos governos e sociedades não se defrontavam com tão grande ameaça à própria sobrevivência da Humanidade como esta representada pela Covid-19. É uma pandemia que espelha as cenas dos filmes catástrofes de Hollywood e que ainda não tem data para ser vencida. Cinquenta e três por cento de toda a produção de vacinas foram reservados pelos países ricos, que já fizeram compras em número suficiente para imunizar três vezes a sua população. Apenas o Canadá já garantiu doses suficientes para vacinar cinco vezes cada cidadão. Os países pobres só serão capazes de vacinar uma em cada dez pessoas.

A falta de vacinas e remédios específicos no começo, o açambarcamento que hoje fazem os países ricos em detrimento dos países pobres e o enriquecimento obsceno dos laboratórios pertencentes ao grande capital trazem à luz uma verdade definitiva: a vacina e as terapias existentes precisam ter suas patentes quebradas em benefício de todas as populações do mundo. Como se fosse um dogma neoliberal, a União Europeia se recusa a sequer debater o assunto. Esta é, portanto, uma verdade inconveniente.

Há séculos governos e sociedades não se defrontavam com tão grande ameaça à própria sobrevivência da Humanidade como esta representada pela Covid-19. É uma pandemia que espelha as cenas dos filmes catástrofes de Hollywood e que ainda não tem data para ser vencida. Os mortos contam-se aos milhões. Três milhões, até agora. Oitenta por cento concentrados no continente americano e na Europa, onde existem as estatísticas mais confiáveis.

Estima-se que precisam ser vacinados pelo menos setenta por cento da população mundial de quase oito bilhões de humanos que vivem atualmente sobre o planeta. E nunca os fabricantes de remédio ganharam tanto dinheiro. Suas ações dispararam nas bolsas e não param de subir desde antes da real existência de suas vacinas . Seus executivos estouram garrafas de champanhe: https://tinyurl.com/70j5ilm0 .

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