Martinho Júnior, Luanda
… Se repararmos à lupa, são várias as chaves que os guardiães Putin e Xi, embaixadores de vanguarda duma nova Eurásia ávida da Nova Rota da Seda, estendem à União Europeia e periféricos!...
Se a chave para a Alemanha se torna, conforme Pepe Escobar, cada vez mais evidente, as chaves para a Turquia, para a Itália, para a Grécia e, de forma ainda meio encoberta, para Israel não sionista, ganham substância, saindo pouco a pouco da penumbra onde estão escondidas!
São Putin e Xi que detêm capacidade proactiva face aos fenómenos contemporâneos, por que são eles que representam os processos produtivos mais extensivos e intensivos do globo, que não são apenas infra estruturais ou estruturais e apesar de não serem eles (ainda), que possuem a maior parte das alavancas financeiras teimosamente na mão da relutância imperial anglo-saxónica!
A actual capacidade reactiva da União Europeia, recorrendo a um qualquer pretexto alienatório e inexpressivo, pretexto típico de decadência mental, é um condicionado processo defensivo implícito desde logo na manobra militar e “inteligente” (?) duma NATO que deveria ter sido extinta quando o foi o Pacto de Varsóvia, mas que persiste por vontade da inércia do império anglo-saxónico em recessão.
O império da hegemonia unipolar aplica a dialética até à exaustão por via das práticas de conspiração que dão corpo à IIIª Guerra Mundial contra o Sul Global: sem essa dialética aplicativa, jamais seria possível a continuação do seu domínio e o garante dessa continuidade!...
Essas práticas conspirativas são todavia uma armadilha para quem as levou longe demais que se habituou a elas, se habituou à destruição e decomposição e agora está incapaz de actuar proactivamente!
Sancionar os emergentes e particularmente os que possuem a capacidade proactiva na Eurásia, ou promover reacções de carácter sociopolítico, económico, militar ou de “inteligência”, pode criar a ilusão de viabilidade a curto-médio prazo, mas jamais poderão comportar soluções, nem a curto-médio prazo, nem a prazo mais dilatado, por que as Novas Rotas da Seda, que procuram integrar e erguer os povos ao nível das possibilidades do século XXI em busca da paz global, a partir da antropologia cultural e por via dum intercâmbio cada vez mais intenso, ao diversificar e multiplicar as suas ementas, reserva para a sua essência lógica com sentido de vida, num momento em que é a vida que está já em causa no planeta Terra!...
Nenhum dos estados acima citados está em condições de atirar essa chave ao Atlântico Norte, ou ao Mediterrâneo (muito menos ao Mediterrâneo), até por que foram eles que, particularmente pela imposição da via colonial foram esgotando da forma mais desequilibrada e insustentável, em todas as longitudes e latitudes, a maior parte dos recursos da Mãe Terra!
Criaram “civilizações” que se divorciaram simultaneamente do resto maior da humanidade, da percepção aferida sobre os potenciais tão limitados próprios dum diminuto e frágil planeta e sobretudo em relação à cultura da vida, sem a qual pouco a pouco se torna impraticável a existência do próprio homem!
No Médio Oriente alargado a região que é pedra de toque estende-se sobretudo entre o Irão a Israel: Iraque e Síria, é o actual campo de batalha decisivo.
São ainda perceptíveis reflexos de degradação noutras regiões circunvizinhas, como por exemplo no Cáucaso, na Ásia Central, no Afeganistão, ou no Iémen, todavia não é mais a União Europeia, nem a NATO, que detêm poder sobre as capacidades proactivas, por causa da sua irracionalidade feudal!
Na Síria e no Iraque está-se num momento de viragem relativamente longo mas inevitável, que se evidenciará durante toda a presente década 20/30, tanto para a Eurásia, como para a União Europeia e África, enquanto na América as resistências se assumem com tarimba antropológica e histórica próprias, ciosas de autodeterminação, independência e soberania, como ciosas de elevar as práticas democráticas a uma cade vez mais extensiva participação e a um protagonismo saudável!
Se os bolcheviques tivessem consolidado no PCUS a lógica com sentido de vida que o Partido Comunista Chinês de certo modo conseguiu tirando partido das dinâmicas antropologicamente acumuladas que advêm do passado e de suas imensas lições, provavelmente não se assistiria hoje à relutância reactiva da União Europeia no seu entorno e sobre si própria!
A reactiva União Europeia está-se a autoexcluir e a autodestruir quando se remete ao pesado fardo do saudosismo colonial!
MJ -- Luanda, 20 de Fevereiro de 2021
Imagem recolhida aqui: https://super.abril.com.br/sociedade/a-nova-rota-da-seda/
O DESAFIO PERMANENTE DIVULGADO POR PEPE ESCOBAR: